O que é o prepúcio?
O prepúcio é aquela camada de pele retrátil que fica na ponta do pênis. Ele é uma espécie de capa de proteção da glande, conhecida popularmente como cabeça do pênis.
O prepúcio começa a ser formado já nas primeiras semanas de desenvolvimento do feto. Desde o nascimento até os primeiros anos de vida do homem, o prepúcio encontra-se aderido à glande, um processo chamado de fimose fisiológica.
Com o crescimento do pênis, a região interna do prepúcio vai se desprendendo gradualmente da glande, até ela se tornar totalmente retrátil.
Não é necessário forçar o descolamento do prepúcio nas crianças, pois o mesmo ocorre naturalmente com o passar dos anos. A fimose fisiológica desaparece espontaneamente em 90% dos casos até os 3 anos de idade e em 99% até a adolescência.
Portanto, nas crianças mais velhas e nos adultos, o esperado é que o prepúcio encubra todo o pênis quando ele está flácido, mas se retraia, expondo a glande quando o mesmo está ereto.
O que é a fimose?
A fimose ocorre quando não é possível retrair o prepúcio e expor completamente a glande. Mesmo com o pênis ereto, a glande não fica exposta, como exemplificado na ilustração abaixo.
A fimose pode surgir de três formas:
Fimose fisiológica
Como já referido, é normal nascer com o prepúcio aderido à glande. Como o passar dos anos, porém, essas aderências vão se rompendo e a retração do prepúcio torna-se fácil e indolor.
Nos primeiros anos de vida, a fimose infantil não é um problema, exceto nos casos em que a pouca retração do prepúcio condiciona uma má higiene da glande e repetidas infecções locais, chamadas de balanopostites (infecção da glande + prepúcio).
Cerca de 1% dos homens chega à adolescência sem nunca ter conseguido retrair completamente o prepúcio, mantendo sua fimose infantil. Esses casos normalmente têm origem nas fimoses patológicas.
Fimose patológica
A perpetuação da fimose infantil costuma ocorrer por dois motivos:
- Infecções ou inflamações da glande e do prepúcio durante a infância que provocaram cicatrizes e novas aderências no prepúcio.
- Pais que tentaram retrair à força a pele do pênis e acabaram por provocar pequenas roturas e esgarçamentos no prepúcio, gerando novas cicatrizes e aderências.
Para se evitar a fimose patológica é importante manter o pênis sempre bem limpo — principalmente na região que fica escondida pela capa de pele — e evitar a retração forçada do prepúcio. Lembre-se, a fimose infantil resolve-se naturalmente em 99% dos casos.
Fimose do idoso
Idosos também podem desenvolver fimose devido à perda de elasticidade da pele que recobre o pênis e pela ausência ou baixa frequência de ereções.
Sintomas
A fimose é por definição um prepúcio que não se retrai adequadamente. Existem graus variados de fimose, que vão desde aquelas com retração parcial até obstruções completas, nas quais nem sequer é possível ver o meato uretral, orifício na ponta do pênis por onde sai a urina.
A dificuldade de retrair o prepúcio pode ser classificada em 5 graus:
- Retração total do prepúcio, porém com compressão abaixo da glande (situação de risco para parafimose).
- Exposição apenas parcial de glande por aderência patológica do prepúcio.
- Recuo pequeno do prepúcio, permitindo exposição apenas do meato uretral.
- Retração mínima, sem haver exposição da glande ou do meato.
- Absolutamente nenhuma retração do prepúcio.
Quanto mais intenso for o grau da fimose, maiores são os riscos de complicações. Entre as mais comuns podemos citar:
- Ereções dolorosas.
- Balanopostites.
- Infecção urinária.
- Disúria (dor para urinar).
- Hematúria (sangue na urina).
- Jato urinário fraco.
- Expansão do prepúcio em forma de balão durante a micção.
Parafimose
A parafimose ocorre quando o prepúcio consegue ser retraído até depois da glande, mas não consegue retornar ao seu ponto de origem, causando estrangulamento e obstrução do fluxo sanguíneo.
Ao contrário da fimose, a parafimose é uma emergência médica que, se não for tratada a tempo, pode causar necrose da pele ou gangrena do próprio pênis nos casos mais graves.
Entre os fatores de risco para a parafimose os principais são:
- Fimose, principalmente de grau 1.
- Balanopostite.
- Traumas do pênis.
- Implantação de piercings que atrapalhem a movimentação do prepúcio.
Ocasionalmente, a parafimose pode surgir após uma relação sexual, principalmente quando o homem não limpa o pênis e não retorna o prepúcio ao local correto após o mesmo ficar flácido. Há casos em que o paciente dorme imediatamente após uma relação sexual e acorda com uma parafimose.
A parafimose também pode surgir em crianças com fimose fisiológica nas quais os pais impacientes tentaram reduzir a fimose de modo equivocado, causando uma retração permanente do prepúcio e compressão dos vasos sanguíneos e linfáticos do pênis.
Sintomas da parafimose
Edema da glande e intensa dor peniana são os dois sintomas mais comuns da parafimose.
Um intenso inchaço no sulco coronal, região logo abaixo da glande, é outro sinal bastante comum, como exemplificado na ilustração abaixo.
Se o atendimento não for rápido, a glande pode começar a ficar arroxeada devido à isquemia do tecido peniano. Obstrução urinária também é comum nos casos mais graves.
Tratamento
Todos os casos de fimose após os 3 anos de idade devem ser avaliado por um médico urologista. Se não houver complicações, geralmente o médico sugere aguardar até os 7 anos.
A redução manual do prepúcio é suficiente para corrigir a fimose na imensa maioria dos casos, mas ela deve ser feita preferencialmente após a orientação de um profissional para minimizar o risco de lacerações e transformação da fimose fisiológica em patológica.
A forma mais habitual de redução manual é feita por meio de exercícios específicos de retração do prepúcio e aplicação local de pomadas à base de corticoides. Betametasona (0,05%), triancinolona (0,01 a 0,5%) ou fluticasona (0,05%) são as pomadas mais utilizadas.
Cirurgia
Nos pacientes com mais de 7 anos ou que apresentem infecções de repetição, a cirurgia para correção da fimose pode ser uma alternativa, caso o tratamento com exercícios e pomadas de corticoides não tenha sido eficaz após 6 semanas.
A cirurgia mais utilizada é a circuncisão, pois ela ao mesmo tempo corrige o problema e ainda impede a sua recidiva. Explicamos a circuncisão com detalhes no artigo: Circuncisão – Riscos e benefícios.
Tratamento da parafimose
Como já referido, a parafimose é uma urgência e deve ser reduzida o mais rápido possível.
Se não houver sinais de necrose, a redução do prepúcio pode ser feita manualmente, geralmente sob algum grau de anestesia.
Por outro lado, se já existirem sinais de isquemia, ou se a redução manual não for efetiva, o paciente deve ser encaminhado de forma urgente para cirurgia.
Resumo
- O que são fimose e parafimose: a fimose surge quando não é possível retrair a pele que recobre a ponta do pênis, chamada de prepúcio. A parafimose, por sua vez, manifesta-se quando o prepúcio consegue ser retraído, mas ele está tão apertado que não retorna ao ponto de origem, provocando estrangulamento da glande (cabeça do pênis).
- Como surge: os homens nascem com um estreitamento natural do prepúcio que costuma desaparecer a partir dos 2 ou 3 anos de idade. A fimose também pode ser adquirida ao longo da vida, devido a traumas ou infecções que criam cicatrizes e aderências na pele do pênis.
- Sintomas: além da impossibilidade de expor a glande, a fimose também pode provocar dor no momento da ereção, sangue na urina, infecção urinária e infecções da glande (balanite) ou do prepúcio (postite). Já a parafimose provoca edema e intensa dor peniana. Nos casos mais graves, pode haver necrose do pênis.
- Tratamento: a retração total do prepúcio pode ser feita manualmente, com a orientação de um urologista e a ajuda de pomadas à base de corticoides. Quando não for possível expor a glande de forma manual, ou quando houver complicações, o tratamento cirúrgico faz-se necessário.
Referências
- Phimosis – University of California San Francisco.
- Phimosis in Children – ISRN urology.
- Phimosis and Paraphimosis – Medscape.
- Care of the uncircumcised penis in infants and children – UpToDate.
- Paraphimosis: Clinical manifestations, diagnosis, and treatment – UpToDate.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.
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