Hordéolo (terçol): o que é, causas e tratamento

O terçol é uma inflamação das glândulas das pálpebras, causada por infecção bacteriana. Aparece como um inchaço vermelho e dolorido na borda da pálpebra, podendo conter pus. Geralmente desaparece sozinho, mas compressas quentes ajudam a aliviar os sintomas.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro & Dr. Renato Oliveira

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Terçol - hordéolo

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O que é o terçol?

O hordéolo, chamado popularmente de terçol, treçol, terçolho, treçolho, viúva no olho ou bonitinho no olho, é uma infecção de origem bacteriana que surge nas glândulas presentes nas pálpebras superiores ou inferiores.

Dependendo da glândula acometida, o terçol pode surgir na parte interna da pálpebra, sendo chamado neste caso de hordéolo interno, ou na parte externa, quando recebe o nome de hordéolo externo.

O terçol manifesta-se como um nódulo vermelho e doloroso, que fica localizado próximo à borda da pálpebra. Em muitos casos, ele pode se parecer com uma espinha, pois frequentemente apresenta um ponto de drenagem do pus interior, como na imagem abaixo.

Terçol - hordéolo
Terçol: bolinha no olho, que costuma estar inflamada, com pálpebra inchada e ponto de pus no centro.

Causas

Todos possuímos glândulas sebáceas na pele, cuja ação é secretar uma substância oleosa, chamada sebo, cujo objetivo é evitar o ressecamento da pele.

Nas pálpebras essas glândulas sebáceas ficam próximas aos cílios e recebem o nome de glândulas de Zeiss e glândulas meibomianas, como ilustrado abaixo.

O terçol ocorre quando há obstrução e contaminação destas glândulas, geralmente pela bactéria Staphylococcus aureus. O processo é muito semelhante ao que ocorre na formação da acne comum (espinhas) na pele, com obstrução de uma glândula sebácea e contaminação da mesma por uma bactéria.

Terçol no olho - como surge
Glândulas de Zeiss e glândulas meibomianas

Quando a infecção se dá na glândula de meibômio, o paciente desenvolve um hordéolo interno. Quando a infecção ocorre na glândula de Zeiss, o que surge é um hordéolo externo.

Um dos principais fatores de risco para o surgimento do terçol é a blefarite, uma condição na qual há inflamação na margem das pálpebras e aumento da secreção gordurosa, o que resulta em uma aparência de caspa nos cílios. Essa inflamação associada à grande produção de gordura facilita a obstrução das glândulas e a proliferação de bactérias no seu interior.

Além da blefarite, outros fatores de risco para o aparecimento do terçol incluem:

  • Esfregar os olhos com as mãos sujas.
  • Inserir lentes de contato sem lavar as mãos antes.
  • Não lavar o rosto à noite para retirar a maquiagem antes de dormir.
  • Use produtos cosméticos na face com validade expirada.
  • Rosácea.
  • Estresse.
  • Flutuações hormonais.

O terçol não é contagioso, não havendo, portanto, necessidade de isolamento do paciente nem do uso de óculos escuros, como é o caso da conjuntivite, por exemplo.

Sintomas do terçol

O terçol é uma coleção de pus que surge dentro das glândulas sebáceas do olho. Clinicamente ele se caracteriza por um pequeno nódulo doloroso e avermelhado que surge na parte interior ou exterior das pálpebras.

Hordéolo interno e externo
Tipos de terçol

Frequentemente há um ponto branco no meio da inflamação, o que dá ao terçol a aparência de uma espinha. Em muitos casos, pode ocorrer rotura e drenagem espontânea do pus nessa região.

Além da dor, outros sintomas comuns são: pálpebra inchada, coceira, secreção (remelas), lacrimejamento, inchaço do olho, sensação de corpo estranho, visão borrada e fotofobia (aumento da sensibilidade dos olhos à luz).

É possível haver mais de um hordéolo em cada pálpebra e mais de uma pálpebra acometida ao mesmo tempo.

Sinais de gravidade

Na imensa maioria dos casos, o terçol é uma infecção branda, que se resolve espontaneamente ou com alguns cuidados simples, explicamos mais abaixo, na parte do tratamento.

No entanto, a infecção do terçol pode ser tonar mais agressiva, necessitando de apoio de um médico oftalmologista. Os sinais e sintomas que podem indicar o surgimento de complicações do hordéolo são:

  • Febre.
  • Exuberante inchaço da pálpebra, provocando fechamento do olho.
  • Extensão da área ruborizada para além das pálpebras.
  • Queda dos cílios.
  • Intensa vermelhidão da conjuntiva (parte branca dos olhos).
  • Visão dupla.
  • Terçol que não melhora após 3 semanas.
  • Intensa dor nos olhos.

Diferenças entre calázio e terçol

O calázio também surge devido a uma obstrução das glândulas sebáceas das pálpebras. A diferença mais importante para o terçol é a ausência de infecção bacteriana.

O calázio forma um nódulo endurecido nas pálpebras, que não costuma ser doloroso nem tão inflamado quanto o terçol. A lesão evolui lentamente e costuma drenar ou ser reabsorvida entre 2 e 8 semanas.

Calázio
Calázio

A tabela abaixo resume as principais diferenças entre o calázio e o terçol.

CaracterísticasTerçol (Hordéolo)Calázio
Localização e CausaInflamação aguda das glândulas de Zeiss ou meibomianas, geralmente causada por infecção bacteriana.Inflamação crônica das glândulas meibomianas, causando bloqueio e inchaço, mas sem infecção bacteriana.
SintomasDoloroso, avermelhado, inchado, sensibilidade ao toque, desconforto ao piscar.Menos doloroso, inchaço firme e arredondado, desconforto leve ou irritação.
DuraçãoResolve-se em uma a duas semanas.Desenvolve-se lentamente, podendo levar semanas a meses para resolver.
TratamentoCompressas quentes, higiene palpebral, antibióticos em alguns casos.Compressas quentes, massagem da pálpebra, procedimentos médicos para drenagem em alguns casos.

Tratamento do terçol

A maioria dos terçóis desaparece sozinho após 5 ou 7 dias. Alguns cuidados aceleram esse processo, entre eles:

  • Higiene adequada dos olho e da pele ao seu redor.
  • Aplicação de calor local, que pode ser feito com compressas umedecidas de gaze ou algodão por 15 minutos, quatro vezes por dia. O calor ajuda a drenar o terçol e reduz o inchaço.
  • Massagens leves do nódulo com as mãos limpas para ajudar na drenagem do pus.
  • Não espremer o terçol.
  • Evitar o uso de lentes de contato durante a infecção.
  • Evitar o uso de maquiagem.

Medicação para terçol

Há poucas evidências de que o tratamento com antibióticos tópicos (pomadas ou colírios) ou sistêmicos (comprimidos) ou corticoides promova a cicatrização. No entanto, pacientes que apresentam terçóis frequentes em contexto de blefarite associada à rosácea ou que não obtenham melhora adequada com compressas quentes podem responder a uma combinação de pomada antibiótica/corticosteroide tópica.

Tais pacientes devem ser acompanhados por um oftalmologista devido às potenciais complicações oculares associadas ao uso de glucocorticoides tópicos.

Para aliviar a dor e o desconforto, podem ser utilizados medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno.

É importante lembrar que a automedicação, especialmente com antibióticos e corticosteroides, não é recomendada. O tratamento adequado deve ser orientado por um profissional de saúde, que pode avaliar cada caso individualmente e prescrever a medicação mais apropriada.

Nos casos mais complicados, quando há inflamação crônica ou grande coleção de pus, uma pequena incisão na pálpebra para drenagem do abscesso pode ser necessária.

Medidas de autocuidado para prevenção

Algumas medidas que ajudam a prevenir a recorrência de terçóis são:

  1. Higiene das mãos: lave as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente antes de tocar nos olhos ou no rosto.
  2. Limpeza das pálpebras: limpe as pálpebras diariamente com água morna e um sabão suave ou com soluções específicas de limpeza palpebral, para remover resíduos e bactérias.
  3. Evitar esfregar os olhos: tente não esfregar os olhos, especialmente com as mãos sujas, pois isso pode transferir bactérias para as pálpebras.
  4. Remoção de maquiagem: remova completamente a maquiagem dos olhos antes de dormir, para evitar o bloqueio das glândulas palpebrais.
  5. Evite maquiagem pesada nos olhos: se você tem terçol frequentemente, evite maquiagem pesada nas pálpebras
  6. Cuidado com produtos cosméticos: troque regularmente os produtos de maquiagem para os olhos e evite compartilhá-los, pois podem ser fontes de contaminação bacteriana.
  7. Cuidados com lentes de contato: se você usa lentes de contato, siga as orientações de higiene e manutenção recomendadas, incluindo lavar as mãos antes de manuseá-las e usar soluções de limpeza apropriadas.
  8. Controle das doenças associadas: se você tem condições que podem aumentar o risco de terçol, como blefarite ou rosácea, é importante controlar essas condições com a ajuda de um profissional de saúde.
  9. Evitar uso de produtos irritantes: evite o uso de produtos irritantes perto dos olhos, como spray de cabelo ou certos tipos de colírios sem prescrição médica.

Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

O Dr. Renato Oliveira é medico oftalmologista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização em Córnea e Doenças Externas Oculares pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Faz parte do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa

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