Presbiopia (vista cansada): o que é, sintomas e tratamento

Presbiopia é a perda gradual da capacidade de focar em objetos próximos (dificuldade de enxergar de perto), comum após os 40 anos. Resulta do envelhecimento natural do olho e pode ser corrigida com óculos, lentes de contato ou cirurgia.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro & Dr. Renato Oliveira

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Presbiopia

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O que é presbiopia?

A palavra “presbiopia” tem origem no grego. Ela é formada pela junção de dois termos: “presbys”, que significa “velho” ou “idoso”, e “ops”, que significa “olho” ou “visão”. Portanto, “presbiopia” literalmente significa “visão de velho” ou “visão envelhecida”.

A presbiopia é uma condição ocular que afeta a capacidade de foco em objetos próximos, tornando tarefas como ler um livro ou enxergar letras miúdas mais desafiadoras. Popularmente conhecida como “vista cansada”, a presbiopia é uma parte natural do processo de envelhecimento e afeta praticamente todas as pessoas a partir dos 40 anos de idade.

Como funciona a visão normal?

Para compreender a presbiopia, é importante saber como nossos olhos focam em objetos a diferentes distâncias:

Córnea e cristalino: a córnea é a parte transparente na frente do olho, e o cristalino é uma lente interna. Juntos, eles direcionam a luz para a retina, que fica no fundo do olho.

Formação do foco em olho saudável
Formação do foco em olho saudável

Formação do foco em objetos distantes e próximos:

  • Objetos distantes: quando olhamos para algo longe, o músculo ao redor do cristalino relaxa, deixando-o mais fino.
  • Objetos próximos: quando olhamos para algo perto, esse músculo se contrai, tornando o cristalino mais espesso e curvado, ajudando a focar a luz corretamente.

A retina captura a luz e envia sinais elétricos pelo nervo óptico até o cérebro, que interpreta essas informações como imagens. Quando o olho consegue direcionar o ponto focal exatamente na retina, o cérebro recebe a luz corretamente e cria imagens em foco.

Quando o ponto focal não “cai” corretamente na retina, dizemos que o paciente tem um distúrbio de refração e o cérebro não é capaz de gerar imagens focadas.

Como surge a presbiopia?

Durante as primeiras décadas de vida, o cristalino é macio e flexível, mudando facilmente de formato quando precisamos de foco para algo distante ou próximo.

Localizado na parte interna do olho, o músculo ciliar é responsável por controlar a forma do cristalino, permitindo que o olho foque em objetos a diferentes distâncias, um processo conhecido como acomodação visual.

O cristalino continua a crescer à medida que o olho envelhece. Novas camadas de células se formam (imagine o cristalino como uma cebola). Esse processo engrossa o cristalino e o torna menos flexível. Como resultado, a luz não consegue incidir adequadamente dentro do olho, formando o ponto focal após a retina, o que ocasiona uma dificuldade para enxergar de perto.

Presbiopia
Presbiopia

Com o passar dos anos, o músculo ciliar também pode perder capacidade de contração, contribuindo também para o surgimento da presbiopia.

A presbiopia é uma parte natural do envelhecimento ocular. Costuma surgir a partir dos 40 anos e atinge o seu ápice por volta dos 50-55 anos. Assim como nossos cabelos podem ficar grisalhos e nossa pele pode perder elasticidade, nossos olhos também passam por mudanças naturais ao longo do tempo.

Portanto, a presbiopia é um distúrbio refrativo caracterizado pela diminuição gradual da capacidade de focar objetos próximos. Diferente de outros erros refrativos, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, que são resultantes de alterações na forma do globo ocular ou da córnea, a presbiopia é causada pela perda de flexibilidade do cristalino, a lente natural do olho.

A ilustração abaixo resume as diferenças do ponto focal nos principais tipos de distúrbio de refração.

Distúrbios de refração
Distúrbios de refração

Explicamos a miopia e o astigmatismo em detalhes nos artigos:

Fatores de risco

Embora o envelhecimento seja o principal fator de risco para o desenvolvimento da presbiopia, existem outros fatores que podem influenciar o seu início e progressão. Alguns exemplos são:

Sintomas

Os sintomas da presbiopia geralmente começam a se manifestar entre os 40 e 50 anos de idade e podem incluir:

  • Dificuldade para ler letras pequenas: necessidade de afastar objetos para enxergar com clareza.
  • Fadiga ocular: sensação de cansaço nos olhos após atividades que exigem foco próximo.
  • Cefaleias: dores de cabeça frequentes devido ao esforço ocular.
  • Visão embaçada em distâncias próximas: especialmente em condições de baixa luminosidade.
  • Necessidade de iluminação mais forte: para realizar tarefas como leitura ou costura.
  • Dificuldade de ler com óculos de miopia: quem é míope, começa a ter que tirar os óculos para conseguir ler de perto.

Diagnóstico

O diagnóstico da presbiopia é feito por um oftalmologista durante exame ocular. O médico avalia os sintomas, testa a acuidade visual de perto, realiza refração para determinar a prescrição de lentes corretivas e examina a saúde ocular para descartar outras condições. É um processo simples e essencial para corrigir a visão próxima.

Tratamento

Embora a presbiopia seja um processo natural e inevitável, existem várias opções de tratamento para melhorar a visão próxima:

Óculos de leitura

  • Lentes monofocais: óculos específicos para visão próxima, usados apenas durante tarefas como leitura.
  • Lentes bifocais e trifocais: óculos com diferentes zonas de correção para visão próxima, intermediária e distante.
  • Lentes progressivas: óculos que oferecem uma transição suave entre múltiplas distâncias focais sem linhas visíveis nas lentes.

Lentes de contato

  • Lentes monovisão: uma lente para visão à distância em um olho e outra para visão próxima no outro. Essa diferença de foco pode levar à perda de percepção de profundidade, afetando a capacidade de julgar distâncias com precisão, o que é problemático em atividades como dirigir ou praticar esportes. Muitos indivíduos têm dificuldade em se adaptar à monovisão, experimentando desconforto visual, visão dupla, fadiga ocular, dores de cabeça ou tonturas.
  • Lentes multifocais: projetadas para fornecer correção para múltiplas distâncias em cada lente. Usuários podem levar tempo para se adaptar às diferentes zonas de foco, enfrentando visão turva, distorções ou sensação de movimento das imagens. Aberrações visuais, como reflexos e halos ao redor das luzes, podem ocorrer, especialmente à noite, dificultando atividades como dirigir em ambientes com pouca iluminação.

Colírio para presbiopia

A presbiopia é normalmente corrigida com óculos ou lentes de contato, mas recentemente surgiram colírios medicamentosos como alternativa.

  • Pilocarpina (Vuity®): primeiro colírio aprovado para tratar presbiopia. Contrai a pupila, aumentando a profundidade de foco e melhorando a visão de perto por até 6 horas. Aplica-se uma gota em cada olho, uma vez ao dia.

É importante considerar que os efeitos dos colírios para presbiopia são temporários, oferecendo uma melhora passageira que não substitui correções permanentes como óculos ou lentes de contato. Além disso, podem ocorrer efeitos colaterais, incluindo cefaleias, irritação ocular e redução da visão noturna.

Há também um pequeno aumento no risco de descolamento de retina, especialmente em pacientes com doença retiniana preexistente, e o exame da retina antes do início do tratamento deve ser considerado.

Os pacientes devem ser orientados a evitar dirigir à noite ou realizar outras tarefas perigosas em locais com pouca iluminação enquanto o medicamento estiver ativo.

Cirurgias refrativas

Existem várias opções cirúrgicas para corrigir a presbiopia, com o objetivo de reduzir a dependência de óculos de leitura ou lentes de contato.

  • LASIK para monovisão: procedimento que corrige um olho para visão à distância e outro para visão próxima.
  • Ceratoplastia Condutiva (CK): utiliza energia de radiofrequência para alterar a curvatura da córnea, melhorando a visão próxima. Contudo, seus efeitos podem diminuir com o tempo.

Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

O Dr. Renato Oliveira é medico oftalmologista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização em Córnea e Doenças Externas Oculares pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Faz parte do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa

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