Eritema infeccioso: sintomas, transmissão e tratamento

O eritema infeccioso é provocado por um vírus chamado Parvovírus B19, motivo pelo qual ele também pode ser chamado de parvovirose. A doença também é conhecida por outros nomes, sendo os mais comuns, quinta moléstia ou síndrome da face esbofetada.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Eritrema infeccioso

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O que é o eritema infeccioso (quinta moléstia)?

O eritema infeccioso é uma infecção contagiosa de origem viral capaz de provocar febre e erupções pelo corpo.

O eritema infeccioso é provocado por um vírus chamado parvovírus B19, motivo pelo qual ele também pode ser chamado de parvovirose. A doença também é conhecida por outros nomes, sendo os mais comuns, quinta moléstia ou síndrome da face esbofetada.

A população mais acometida são as crianças entre 5 e 15 anos. Cerca de 70% dos indivíduos chegam à idade adulta já possuindo anticorpos contra o parvovírus B19, motivo pelo qual a virose é bem menos comum nesta faixa etária. Todavia, quem conseguiu passar toda infância e adolescência sem se infectar com o vírus, pode desenvolver o eritema infeccioso em qualquer ponto da vida adulta.

O eritema infeccioso é a forma de apresentação clínica mais comum da infecção pelo Parvovírus B19, mas, conforme veremos mais adiante, não é a única.

A infecção pelo parvovírus B19 costuma ser benigna e assintomática na maioria dos casos, mas pode provocar graves quadros de anemia e aplasia da medula óssea em pacientes imunossuprimidos, grávidas (grave para o feto) e portadores de anemia falciforme.

Transmissão do parvovírus B19

O parvovírus B19 é um vírus que só consegue infectar os humanos. Ele é diferente do parvovírus canino, que é capaz de provocar grave infecção nos cães, mas é completamente inofensivo para os seres humanos. Portanto, o parvovírus humano não passa para os cães, da mesma forma que o parvovírus canino não é contagioso para os humanos.

A forma de transmissão mais comum do parvovírus B19 é através do contato com secreções das vias aéreas. Esse fato é interessante porque muitos dos pacientes com eritema infeccioso podem não apresentar sintomas respiratórios. Mesmo na ausência de espirros, tosse, coriza ou qualquer outro sintoma respiratório, é possível encontrar o parvovírus B19 em grandes quantidades na saliva dos pacientes doentes.

A existência do vírus nas secreções orais faz com a transmissão possa ocorrer através do beijo, de gotículas de saliva durante uma conversa (perdigotos), de mãos contaminadas, de copos e talheres contaminados, da roupa de cama, etc.

Como o vírus consegue sobreviver muitas horas no ambiente, a transmissão através de objetos inanimados recentemente manuseados por pessoas contaminadas é uma forma muito comum de contágio.

O paciente torna-se contagioso de 5 a 10 dias após ter sido contaminado, e assim permanece por cerca de 5 dias. Como o período de incubação pode durar entre 4 a 14 dias, em muitos casos, no momento em que o paciente está mais contagioso, ele ainda se encontra assintomático.

O surgimento dos sintomas coincide com o aparecimento dos anticorpos, que são os responsáveis por acabar com a fase contagiosa da doença. Portanto, em geral, o paciente quando apresenta as clássicas erupções de pele já não se encontra mais contagioso.

Outra forma de transmissão do parvovírus B19 é a chamada transmissão vertical, que é aquela que ocorre da mãe para o feto. Uma mulher que nunca tenha tido eritema infeccioso e que se infecta durante a gravidez pode transmitir o vírus para o feto. Se essa transmissão ocorrer nas primeiras 20 semanas de gestação, há um risco aumentado de abortamento.

Gestantes que já tiveram contato com o parvovírus durante a infância, mesmo que não tenham desenvolvido sintomas, estão imunes ao vírus e não correm risco de terem problemas na gravidez.

O parvovírus B19 também pode ser transmitido através da transfusão de sangue.

Sintomas

A maioria dos pacientes que tem contato com o parvovírus B19 pela primeira vez não desenvolve nenhum tipo de sintoma. Outros apresentam um quadro muito brando, parecido com qualquer resfriado comum. Como resultado, apesar de 70% dos adultos já terem tido algum tipo de contato com o vírus, apenas uma minoria acaba tendo conhecimento disso.

Nos pacientes que desenvolvem sintomas do eritema infeccioso, o quadro costuma começar como uma virose inespecífica, com sintomas comuns, tipo coriza, febre baixa, dor de garganta, espirros, dor de cabeça, tosse, mal-estar, coceira pelo corpo e dor nas articulações. Esse quadro inicial, chamado de pródromo, dura de 2 a 3 dias e depois desaparece.

Dois a sete dias após a fase prodrômica, os sintomas voltam, desta vez sob a forma de erupção da pele, chamado de exantema ou rash. O rash do eritema infeccioso comporta-se tipicamente em 3 fases.

Fase 1 do rash

O exantema inicia-se pela face, dando ao paciente uma aparência de “face esbofetada”. Esse rash é caracteristicamente bem avermelhado, acometendo ambas as bochechas e com discreto relevo. Em geral, as áreas ao redor do nariz, boca e olhos são poupadas.

Eritema-infeccioso

“Face esbofetada” – Eritema infeccioso

Esse rash facial é mais comum nas crianças que nos adultos e costuma durar de 2 a 4 dias. Ele não é doloroso, mas pode causar alguma coceira.

Fase 2 do rash

Um a quatro dias após o exantema facial, o rash espalha-se pelo corpo. Nesta fase, as lesões de pele adquirem uma aparência muito característica, chamada de rash reticular ou rash em forma de renda, como pode ser visto abaixo. O rash reticular é mais comum nas crianças do que nos adultos.

Rash do eritema infeccioso
Rash do eritema infeccioso

Nos adultos, os sintomas do eritema infeccioso podem ser diferentes. Além do rash frequentemente não ter a típica aparência reticular, podendo ser facilmente confundido com a erupção da rubéola, da escarlatina ou de alergias de pele, alguns adultos podem até não desenvolver rash algum.

Rash do eritema infeccioso
Rash reticular do eritema infeccioso (mais comum em crianças)

Enquanto mais de 75% das crianças apresentam exantemas, menos 50% dos adultos o fazem.

Em algumas pessoas, principalmente nas mulheres adultas, o sintoma mais importante e, às vezes, único, da infecção pelo parvovírus B19 é uma intensa dor articular, habitualmente com sinais de artrite (dor, calor e inchaço nas articulações). Mãos, punhos, joelhos, tornozelos e pés são os locais mais acometidos.

O acometimento articular costuma durar de 1 a 2 semanas, mas, em alguns casos, pode demorar meses para sumir completamente.

Para ver mais fotos do rash do eritema infeccioso, acesse: Fotos de eritema infeccioso.

Fase 3 do rash

Após a fase aguda do exantema, que dura de 1 a 3 semanas, o paciente pode ainda passar semanas, ou até meses, experimentando recorrências do rash, principalmente após contato com água quente, exposição solar excessiva, dias muito quentes, estresse psicológico ou exercício físico intenso.

Após a cura, o paciente torna-se imune à doença.

Diagnóstico

Quando o quadro clínico é muito característico, com o rash facial tipo esbofetada e o exantema reticular no corpo, o diagnóstico pode ser feito apenas de forma clínica, através dos sintomas.

Nos casos no quais há dúvidas, o médico pode solicitar uma sorologia para parvovírus B19, que é um exame de sangue que pesquisa a presença de anticorpos contra o vírus. Quando o paciente apresenta as lesões de pele e/ou as dores articulares, já costumam haver anticorpos específicos contra o parvovírus B19 circulando no sangue.

Tratamento

Na imensa maioria dos casos, o eritema infeccioso é uma doença benigna e autolimitada, que se cura sozinha sem a necessidade de nenhum tipo de tratamento.

Se o paciente queixa-se de coceira ou dor articular, medicamentos sintomáticos, como um anti-histamínico ou analgésicos podem ser prescritos para aliviar os sintomas.

Portanto, não existe nenhum medicamento específico para o eritema infeccioso, o tratamento todo é baseado em medicação sintomática.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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