Cloridrato de fluoxetina: para que serve, dose e efeitos

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Fluoxetina

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O que é a fluoxetina?

O cloridrato de fluoxetina, também conhecido pelo seu nome comercial mais famoso, Prozac, é um medicamento antidepressivo que pertence à classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS).

A fluoxetina é o mais antigo e o mais estudado antidepressivo do grupo dos ISRS, tendo sido lançada no mercado em 1987.

Apesar de ser classificada como antidepressivo, a fluoxetina pode também ser usada para vários outros distúrbios, tais como transtorno obsessivo-compulsivo, bulimia nervosa e síndrome do pânico.

Esse texto não aspira ser uma bula completa da fluoxetina. Nosso objetivo é ser menos técnico que uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações objetivas e em linguagem adequada ao público leigo.

Se você procura informações não só da fluoxetina, mas também de toda a classe do inibidores seletivos da recaptação da serotonina, acesse o seguinte link: Antidepressivos – Inibidores seletivos da recaptação da serotonina.

Mecanismo de ação

O mecanismo de ação da fluoxetina é o mesmo de todos os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina.

A serotonina é um neurotransmissor, ou seja, é uma substância envolvida na comunicação entre os neurônios. A serotonina age sobre a regulação do humor, das emoções, do sono e do apetite. Níveis reduzidos no sistema nervoso central podem causar depressão do humor, alterações de comportamento e ainda provocam distúrbios no sono e no apetite.

A quantidade de serotonina disponível para os neurônios depende do quanto é produzido e do quanto é removido (recaptado) no cérebro.

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina agem diminuindo a taxa de remoção da serotonina da fenda sináptica, local onde este neurotransmissor exerce suas ações. Deste modo, os ISRS fazem com que a serotonina permaneça disponível por mais tempo para os neurônios, levando a uma melhora do humor dos pacientes.

Para que serve

Sendo um antidepressivo, é mais que óbvio que a principal indicação da fluoxetina é para o tratamento da depressão. Contudo, esta não é única. A fluoxetina também é eficaz no tratamento de outros distúrbios de origem psiquiátrica, como, por exemplo:

Nomes comerciais

O cloridrato de fluoxetina é um medicamento que já possui uma versão genérica, tanto no Brasil quanto em Portugal. Além da forma genérica, ela também pode ser encontrada sob os seguintes nomes comerciais:

  • Daforin.
  • Depress.
  • Digassim.
  • Fluxene.
  • Prozac.
  • Prozen.
  • Psipax.
  • Psiquial.
  • Verotina S.

No Brasil, a fluoxetina pode ser encontrada em comprimidos de 10 ou 20 mg e em solução oral na concentração de 20 mg/ml. Em Portugal, as apresentações disponíveis são comprimidos de 20 mg ou solução oral na concentração de 4 mg/ml.

Posologia – Como tomar

A fluoxetina pode ser tomada em qualquer horário e a sua absorção não é influenciada pela alimentação. O medicamento costuma ser tomado em dose única diária, mas doses acima de 20 mg podem ser divididas em duas tomadas ao longo do dia.

A dose efetiva costuma ser de 20 mg por dia, porém, para minimizar os efeitos colaterais, o seu médico pode iniciar o tratamento com uma dose de apenas 10 mg diários, autorizando o aumento para 20 mg após uma semana. Essa prática costuma ser comum quando o paciente é idoso.

A dose da fluoxetina pode ser progressivamente elevada em 10 a 20 mg a cada 4 semanas até que o efeito desejado seja alcançado.

Os efeitos clínicos demoram cerca de 15 a 20 dias para se tornarem evidentes, por isso, não indicamos elevações da dose com menos de um mês de tratamento.

A dose máxima recomendada é 80 mg por dia. Na maioria dos casos, o paciente consegue controle dos seus sintomas com doses entre 20 e 40 mg por dia.

A fluoxetina faz emagrecer?

Apesar de ser uma pergunta pertinente e frequentemente feita pelos pacientes, ela não tem uma resposta única. A fluoxetina emagrece? Depende, às vezes, sim, às vezes não.

Essa mesma pergunta fica mais fácil de ser respondida se for feita de formas diferentes. Por exemplo:

A fluoxetina provoca alterações no peso?

Sim, a fluoxetina pode provocar alterações no peso, seja para mais ou para menos. Ambos casos costumam estar ligados ao controle da depressão e da ansiedade.

A maioria dos pacientes depressivos ou com pânico perdem o apetite e emagrecem. Conforme o medicamento exerce seus efeitos, a depressão e a ansiedade vão sendo controladas e o apetite retorna. Por isso, o paciente ganha peso.

O oposto também pode ser real. O consumo exagerado de alimentos pode ser um sintoma de doença psiquiátrica, que passa a ser controlado assim que a fluoxetina começa a exercer seus efeitos.

Em alguns pacientes, a fluoxetina pode provocar perda de apetite como efeito colateral. Nestes casos, ela pode levar à perda de peso.

A fluoxetina pode ser usada como remédio para emagrecer?

A fluoxetina não é um medicamento indicado exclusivamente para o tratamento da obesidade. Além dela não provocar perda de peso em todos os pacientes, a sua eficácia é muito menor do que a de outras drogas disponíveis no mercado (leia: Remédios para emagrecer). A redução do apetite descrita acima é um efeito que ocorre em apenas 1/5 dos pacientes.

Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais frequentes da fluoxetina são:

  • Náuseas (12% a 29%).
  • Insônia (10% a 33%).
  • Redução da libido (1% a 11%).
  • Diarreia (8% a 18%).
  • Retardo na ejaculação (7%).
  • Impotência sexual (7%).
  • Tremores (3% a 13%).
  • Redução do apetite (4% a 17%).
  • Sonolência (5% a 17%).
  • Ansiedade (6% a 15%).

Em geral, os efeitos adversos surgem no início do tratamento e desaparecem com o tempo.

A fluoxetina parece ser o antidepressivo ISRS que menos provoca efeitos colaterais na área sexual.

Contraindicações e precauções

A principal contraindicação da fluoxetina é o seu uso em pacientes que estejam tomando, ou que tenham tomado nos últimos 14 dias, medicamentos que pertençam à classe dos inibidores da monoamina oxidase (IMAO) (ex: Isocarboxazida, Fenelzina ou Tranilcipromina).

A fluoxetina deve ser utilizada com cuidado nos pacientes com diabetes, pois há um maior risco de hipoglicemia, e em pacientes com doenças hepáticas. Esse antidepressivo também deve ser evitado em pacientes em fase maníaca do distúrbio bipolar, pois pode agravar os sintomas.

Apesar de não ser contraindicada, a fluoxetina costuma ser evitada na gravidez, já que existem outros antidepressivos mais seguros, como a Sertralina. O mesmo raciocínio vale para as mulheres que estão amamentando.

Os pacientes que tomam fluoxetina devem ser aconselhados a evitar o álcool, pois pode aumentar o efeito tóxico dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Em particular, pode aumentar o risco de dano psicomotor.

Interações medicamentosas

Alguns medicamentos e substâncias não devem ser usados em associação com a fluoxetina devido ao aumento do risco de efeitos adversos. Os principais são:

A fluoxetina não interfere no efeito das pílulas anticoncepcionais.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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