Varicocele: sintomas, causas e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Cirurgia de varicocele

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O que é varicocele?

A varicocele é causada por uma dilatação anormal das veias que drenam o sangue dos testículos. Podemos dizer que são varizes das veias testiculares.

A varicocele é um problema tão comum que acomete até 15% da população adulta jovem, sendo o seu pico de incidência entre os 15 e 25 anos.

Na maioria dos casos, o problema surge no lado esquerdo da bolsa escrotal, acometendo o testículo esquerdo. Existe uma explicação bem simples para tal fato.

Reparem na figura abaixo como há diferenças entre as veias testiculares esquerda e direita. Enquanto a veia direita desemboca na calibrosa veia cava em um ângulo de 45º, a veia testicular esquerda drena para a veia renal esquerda, de menor calibre e com uma angulação de 90º, o que dificulta o escoamento do sangue.

Lembrando que as artérias são os vasos que levam o sangue para os órgãos e as veias os que o trazem de volta ao coração. Quando a drenagem venosa não é feita corretamente, o sangue acaba ficando represado.

Varicocele

Portanto, a varicocele é uma insuficiência na drenagem de sangue do testículo, que leva ao represamento sanguíneo e ao aumento do volume das veias. Como já foi dito, é nada mais do que uma variz.

Existe uma graduação da varicocele.

  • Grau I: varicocele pequena, sendo detectável apenas com aumento da pressão abdominal, com manobra de Valsalva (exemplos: tossir ou assoprar contra uma resistência) ou através da ultrassonografia.
  • Grau II: varicocele de tamanho médio, sendo facilmente palpável.
  • Grau III: varicocele grande, não só palpável, como também visível.

Sintomas

Na maioria das vezes a varicocele é assintomática. Quando há sintomas, o mais comum é a dor testicular e uma sensação de peso na bolsa escrotal, que piora em pé e alivia ao deitar (leia: Dor nos testículos – Principais causas). Isso faz todo o sentido, já que, quando deitamos, o sangue não precisa vencer a gravidade para voltar ao coração, facilitando sua drenagem.

Mas a dor não é o pior problema da varicocele, e sim o risco de infertilidade. Ao tocarmos no saco escrotal, podemos notar que ele tem uma temperatura mais baixa que o resto do corpo. Se vocês repararem bem, os testículos são órgãos que ficam fora do corpo. Isto ocorre porque os mesmos funcionam melhor em temperaturas mais baixas que a do nosso organismo.

Quando surge a varicocele, o represamento de sangue na bolsa escrotal aumenta a sua temperatura, causando estresse para ambos os testículos. O resultado é uma queda na taxa de espermatozoides (oligospermia) e grande diminuição na sua mobilidade, o que pode levar à infertilidade.

É bom salientar que a infertilidade costuma ser uma condição de origem multifatorial, ou seja, não ocorre somente por um único problema isolado. Homens com varicocele possuem maior chance de serem inférteis, porém, é perfeitamente possível que tenham espermatozoides normais e consigam gerar filhos sem dificuldades.

Quando a varicocele inicia-se após os 40 anos é importante investigar a presença de um tumor intra-abdominal que possa estar comprimindo a veia testicular, causando sua dilatação.

O diagnóstico da varicocele é feito através do exame físico e confirmado pelo ultrassom, que pode também, se for necessário, avaliar a presença de massas abdominais.

Varicocele causa impotência sexual?

Não é habitual que pessoas com varicocele apresentem disfunção erétil. Esse tipo de problema só costuma ocorrer nos casos de varicocele bilateral e de grau III.

Nesses casos graves, se não houver tratamento, é possível haver atrofia dos testículos, com diminuição da produção de testosterona, o que é uma conhecida causa de impotência.

Todavia, cabe destacar que essa situação é rara e não ocorre na imensa maioria dos pacientes com varicocele.

Tratamento

O tratamento é indicado naqueles que apresentam sintomas de dor, infertilidade ou sinais de atrofia do testículo. Homens mais velhos, que não apresentam dor e não desejam mais ter filhos, não precisam ser operados.

Cirurgia aberta

A cirurgia aberta é um procedimento simples, normalmente realizado com anestesia geral (em alguns casos com anestesia local). Dura 45 minutos e o paciente costuma ter alta no dia seguinte.

Devido ao edema que surge na bolsa escrotal no pós-operatório, indica-se o uso de um apoio para a bolsa escrotal durante alguns dias. O paciente deve evitar esforço físico por duas a quatro semanas. Relações sexuais somente após dez dias.

Cirurgia laparoscópica

É uma técnica menos usada, pois possui tempo operatório maior e alta hospitalar costuma demorar 48 horas. A única vantagem é uma incisão menor.

Embolização da varicocele

É uma técnica não cirúrgica, semelhante a um cateterismo. Não é preciso anestesia geral (na maioria das vezes apenas sedação) e o procedimento dura apenas uma hora em média. É um procedimento mais novo e nem todos os urologistas estão treinados para fazê-lo.

Varicocelectomia microcirúrgica

Esta é a técnica mais moderna e aparentemente a com melhores resultados. O urologista efetua uma pequena incisão na virilha. Usando o microscópio, o cirurgião faz uma ligadura de todas as pequenas veias, mas evita o canal deferente, a artéria testicular e a drenagem linfática. O procedimento leva de 2 a 3 horas, e o paciente vai para casa no mesmo dia.

Embora a varicocelectomia microcirúrgica envolva um tempo operatório mais longo, ela tem uma incidência menor de complicações e recidivas pós-operatórias do que as varicocelectomias laparoscópicas e abertas. Também apresenta um tempo mais curto para o paciente retornar ao trabalho, um maior aumento na concentração e na mobilidade dos espermatozoides no pós-operatório e uma taxa de gravidez mais alta.

A correção da varicocele melhora o espermograma e corrige a infertilidade?

Em muitos casos, sim. Porém, como já foi referido, a infertilidade costuma ser multifatorial, o que faz com que a correção da varicocele em alguns pacientes apenas atenue o problema, sem resolvê-lo por completo.

Como na maioria das situações não há como se saber antecipadamente quem irá ter melhora significativa do espermograma, parece razoável indicar a cirurgia nos casos de pacientes jovens que estão com dificuldades de gerar uma gravidez.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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