Biópsia da próstata: como é feita e complicações

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Biópsia de próstata

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O que é a biópsia?

O termo biópsia é utilizado para todo procedimento médico no qual uma pequena amostra de tecido é retirada de um órgão do corpo para avaliação microscópica à procura de doenças. Existem diversos tipos de biópsia: pele, rins, colo do útero, medula óssea, pulmão, fígado, cólon, etc.

A biópsia prostática é feita, portanto, retirando-se uma pequena amostra da próstata para posterior avaliação em um microscópio por um médico patologista à procura de células tumorais.

O que é a próstata?

A próstata é uma glândula de formato arredondado que possui, em média, 3 cm de altura, 4 cm de comprimento e 2 cm de largura, totalizando um volume de aproximadamente 15 a 20 centímetros cúbicos (ou 15 a 20 gramas).

A glândula prostática fica localizada logo abaixo da bexiga e à frente do reto (porção final do intestino grosso). Por dentro da próstata passa a uretra, canal que drena a urina da bexiga em direção ao pênis.

Localização da próstata
Próstata

A principal função da próstata é produzir uma secreção que sirva de proteção para os espermatozoides. O líquido prostático corresponde a cerca de 30% do volume do esperma ejaculado; é ele quem dá ao esperma a sua aparência leitosa.

Para mais informações sobre a glândula prostática, acesse:

Indicações da biópsia de próstata

Habitualmente, a biópsia da próstata é indicada quando o urologista suspeita da presença de um câncer da próstata após uma avaliação clínica e laboratorial inicial. Os principais dados que levam o urologista a indicar uma biópsia são:

  • Exame de PSA elevado.
  • Toque retal que identifique tumoração ou irregularidades na próstata.
  • Ultrassonografia da próstata que detecte um nódulo suspeito.

A biópsia da próstata também pode ser realizada nos casos de vigilância ativa dos casos de câncer de próstata de baixo risco e clinicamente localizado. Nos pacientes com formas de câncer pouco agressivos, a repetição da biópsia da próstata é geralmente recomendada no primeiro ano, depois a cada dois a cinco anos, para descartar doenças de alto grau que não tenham sido detectadas na biópsia original.

Se você quiser saber mais sobre câncer de próstata e sua investigação, sugerimos a leitura de Câncer de próstata: sintomas e tratamento.

Como é feita

O modo mais comum de ser realizar uma biópsia da próstata é pela via transretal, ou seja, através do ânus/reto.

A biópsia transretal é um procedimento simples, geralmente realizado no próprio consultório do urologista com o paciente acordado durante todo o procedimento e apenas anestesia local. O procedimento é feito com o paciente deitado de lado e com os joelhos e quadril fletidos.

Biópsia da próstata
Biópsia da próstata transretal

O urologista insere pelo ânus uma sonda de ultrassom, semelhante à sonda usada nas ultrassonografias transretais da próstata, com a diferença de haver também acoplada uma agulha de biópsia (acompanhe o texto com a ilustração acima). Não se assuste, pois a agulha permanece o tempo inteiro “escondida”, sendo exteriorizada apenas na hora de se obter as amostras de tecido.

O exame quando feito com anestesia é praticamente indolor, porém, ainda assim pode ser um pouco desconfortável para pessoas mais ansiosas.

Com o ultrassom, o médico consegue identificar a próstata e a localização do(s) nódulo(s) suspeito(s), inserindo a agulha no ponto exato para coleta de material. Além dos locais suspeitos identificados pelo ultrassom, o urologista também costuma tirar pelo menos mais 6 amostras difusas de tecido prostático para aumentar a probabilidade de se obter uma amostra positiva. Quanto maior for o volume da próstata, mais amostras podem ser obtidas.

Por norma, o procedimento não dura mais do que 10 minutos e o paciente pode ir para casa a seguir. O resultado costuma demorar uma semana para ficar pronto.

Eventualmente, o paciente pode ter um câncer de próstata e esse não ser identificado pela biópsia. Se o tumor for pequeno, a agulha pode não pegá-lo, sendo obtidas apenas amostras de tecido prostático sadio.

Se o quadro clínico for muito sugestivo de câncer, mas a biópsia apontar apenas tecido saudável, o urologista pode optar por repeti-la. Quando a biópsia é repetida, o médico pode decidir pela chamada biópsia de saturação, quando são obtidos entre 12 e 24 amostras da próstata. Deste modo, a chance de se pegar uma área acometida por células malignas torna-se maior.

A biópsia da próstata também pode ser feita pela via transuretral (pela uretra, canal do pênis) ou transperineal (pelo períneo, região entre o ânus e a bolsa escrotal). Essa duas vias, porém, são usadas geralmente em casos especiais apenas.

Biopsia prostática por fusão de imagens

A biópsia de próstata por fusão de imagens de ressonância magnética é uma nova técnica para realizar as biópsias de próstata para aumentar a chance da agulha ser inoculada no local correto onde o tumor de encontra.

Nesta técnica, o paciente primeiro faz um exame de ressonância magnética da próstata. Em seguida, o urologista leva o paciente para realizar uma ultrasonografia transretal e, com auxílio de um software, as imagens da ressonância são sobrepostas em tempo real às imagens da ultrassonografia, fazendo com que as lesões suspeitas sejam bem mais facilmente identificadas.

A biópsia prostática de fusão possibilita o médico alcançar as áreas suspeitas com uma precisão superior à abordagem tradicional, feita só com a ultrassonografia. Com esta técnica, o urologista pode fazer menos punções na próstata, reduzindo assim a incidência de complicações.

Cuidados antes da biópsia

A biópsia da próstata aumenta o risco de infecção urinária, por isso, é comum o urologista solicitar uma urocultura antes do procedimento.

Se a urocultura for positiva, a biópsia é adiada e o paciente deve antes fazer um tratamento com antibióticos por 5 a 7 dias para esterilizar a urina.

Se a urocultura for negativa, ainda assim é recomendado o uso de pelo menos uma dose de antibiótico, geralmente 500 mg a 1000 mg de ciprofloxacino, uma hora antes do procedimento. Também é comum a prescrição de antibióticos por alguns dias após a biópsia.

Alguns urologistas indicam a lavagem intestinal com um enema para ser realizada no dia do procedimento em casa, porém, esta conduta não é essencial e nem todos os médicos a indicam.

Um jejum de pelo menos 4 horas é indicado.

A biópsia é um procedimento que sangra, portanto, os pacientes não devem estar tomando drogas que inibam a coagulação. Se você toma medicamentos que aumentam o risco de sangramento, como clopidogrel, ticlopidina, Aspirina, anti-inflamatórios ou Varfarina, alerte seu médico deste fato, pois a maioria dos urologistas prefere suspender estes fármacos dias antes da biópsia.

Se o paciente apresenta uma próstata grande e dificuldades para urinar, o médico costuma passar uma sonda vesical para impedir que o edema da próstata após a biópsia obstrua totalmente a passagem da urina.

Cuidados após a biópsia

Após a biópsia o paciente pode ir para casa. Sugere-se evitar esforços, incluindo atividade sexual até o dia seguinte. Como alguns médicos optam por uma sedação leve antes da biópsia, não é indicado dirigir após o procedimento.

É normal haver um pouco de dor na região pélvica e uma pequena perda de sangue pelo ânus. Também são comuns a presença de pequena quantidade de sangue na urina e no esperma por alguns dias. Outro achado não preocupante é uma mudança de cor do esperma por algumas semanas, ficando este geralmente mais claro.

Se o sangramento urinário ou retal for volumoso ou persistir por mais de três dias, o médico deve ser consultado.

Outro sinal de complicação é a retenção urinária. Se após a biópsia o paciente tiver vontade de urinar, mas não conseguir, deve-se contatar o urologista.

Uma dor que se agrava em vez de melhorar com o passar dos dias ou a presença de febre também são sinais de possíveis complicações.

Complicações

A biópsia transretal de próstata guiada por ultrassom é geralmente um procedimento com baixa taxa de complicações (0,5 a 2%) e bem tolerada pelos pacientes. Porém, como qualquer procedimento médico invasivo, há sempre o risco de eventos adversos.

Em resumo, as principais complicações associadas à biopsia prostática são:

  • Dor ou desconforto: pode ser na região do reto, abaixo do pênis ou na região inferior do abdômen.
  • Sangramento nas fezes: geralmente de pequeno volume e pode durar até 2 semanas.
  • Hematúria (sangue na urina): pode durar até 2 semanas.
  • Hematospermia (ejaculação com sangue): pode durar até 4 semanas.
  • Infecção urinária: risco maior se não for realizada urocultura nem antibioterapia antes do procedimento.
  • Obstrução urinária: pode ocorrer devido à inflamação e edema da próstata após a biópsia.
  • Disfunção erétil: complicação rara e que costuma melhorar após 4 a 8 semanas.

Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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