O que é cortisol?

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Escrito por: Dr. Pedro Pinheiro

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Cortisol explicado em 1 minuto

O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas adrenais (também chamadas de suprarrenais), duas pequenas glândulas em forma de triângulo localizadas acima de cada um dos rins.

Os hormônios são substâncias químicas que coordenam diferentes funções do corpo, enviando mensagens pelo sangue para os órgãos, pele, músculos e outros tecidos. Esses sinais dizem ao seu corpo o que fazer e quando fazer.

Conhecido popularmente como o “hormônio do estresse”, o cortisol desempenha papel crucial em diversas outras funções fisiológicas do organismo, além de regular a resposta do corpo ao estresse.

Funções do Cortisol

O cortisol é um hormônio multifacetado, que afeta uma ampla gama de processos biológicos, incluindo:

  • Metabolismo: o cortisol ajuda a regular o metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. Ele promove a gluconeogênese, que é a produção de glicose a partir de aminoácidos no fígado, e a liberação de ácidos graxos dos tecidos adiposos, fornecendo energia necessária em situações de estresse.
  • Resposta ao estresse: como um componente central da resposta ao estresse, o cortisol prepara o corpo para a “luta ou fuga” ao aumentar os níveis de glicose no sangue, melhorar a disponibilidade de energia e suprimir funções não essenciais, como a digestão e a reprodução, para o corpo poder lidar eficientemente com o fator de estresse ou perigo.
  • Sistema imunológico: o cortisol tem efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores. Em doses adequadas, ajuda a controlar inflamações e regular a resposta imune, mas níveis cronicamente elevados podem suprimir o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a infecções.
  • Regulação da pressão arterial: o cortisol ajuda a manter a pressão arterial através da regulação do equilíbrio de sal e água, além de aumentar a sensibilidade dos vasos sanguíneos a outras substâncias que aumentam a pressão, como a adrenalina.
  • Função cognitiva e humor: o cortisol afeta o cérebro, influenciando o humor, a memória e outras funções cognitivas. Em níveis normais, pode melhorar a memória e a capacidade de lidar com situações difíceis, mas níveis elevados por períodos prolongados estão associados a problemas como ansiedade, depressão e dificuldade de concentração.
  • Regulação do ciclo sono-vigília: em circunstâncias normais, temos níveis mais baixos de cortisol à noite e níveis mais altos pela manhã, logo antes de acordar. Isso sugere que o cortisol desempenha um papel importante no início da vigília e participa do ritmo circadiano do corpo.

Produção e Regulação

A produção de cortisol é controlada pelo eixo hipotálamo-pituitária-adrenal. Quando o corpo é exposto a situações de estresse, o hipotálamo libera o hormônio liberador de corticotropina (CRH), que, por sua vez, estimula a glândula pituitária a secretar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH então viaja através do sangue até as glândulas adrenais, estimulando a liberação de cortisol para a corrente sanguínea.

Produção do cortisol

Os níveis de cortisol variam ao longo do dia, seguindo um ritmo circadiano. Eles geralmente são mais altos pela manhã, ajudando a pessoa a despertar e a enfrentar o dia, e diminuem ao longo da tarde e noite, preparando o corpo para o descanso. No entanto, esses níveis podem se elevar significativamente em resposta a situações estressantes, físicas ou emocionais.

Esse padrão pode mudar se o indivíduo trabalha no turno da noite e dorme em horários diferentes do dia.

Para a maioria dos testes que medem os níveis de cortisol no sangue, os valores normais são:

  • Das 6h às 8h da manhã: 10 a 20 mcg/dL.
  • Por volta das 16 horas: 3 a 10 mcg/dL.

Glicocorticoides

O cortisol faz parte do grupo de hormônios conhecido como glicocorticoides. São 3 os principais hormônios glicocorticoides produzidos naturalmente pelas suprarrenais:

  • Cortisol.
  • Cortisona.
  • Corticosterona.

Existem atualmente vários glicocorticoides sintéticos, produzidos em laboratório e usado como medicamentos para uma grande variedade de doenças, especialmente de origem alérgica, autoimune ou inflamatória. Os principais fármacos glicocorticoides são:

  • Hidrocortisona: potência semelhante a do cortisol.
  • Deflazacorte: 3 vezes mais potente que o cortisol.
  • Prednisolona: 4 a 5 vezes mais potente que o cortisol.
  • Prednisona: 4 a 5 vezes mais potente que o cortisol.
  • Triancinolona: 5 vezes mais potente que o cortisol.
  • Metilprednisolona: 5 a 7,5 vezes mais potente que o cortisol.
  • Betametasona: 25 a 30 vezes mais potente que o cortisol.
  • Dexametasona: 25 a 30 vezes mais potente que o cortisol.

Explicamos os corticoides em detalhes e as consequências do seu excesso no artigo: Corticoides: o que são, tipos e para que servem.

Cortisol baixo

A falta de cortisol, ou hipocortisolemia, pode ter causas variadas. A produção inadequada de cortisol pode resultar em uma condição conhecida como insuficiência adrenal, que é uma situação com risco de morte. As principais causas são:

  • Doença de Addison (insuficiência adrenal primária):
    • Autoimune: a forma mais comum é a adrenalite autoimune, onde o sistema imunológico ataca as glândulas adrenais.
    • Infecções: infecções como tuberculose e HIV podem danificar as glândulas adrenais.
    • Outras causas: metástases de câncer, hemorragias adrenais e doenças genéticas.
  • Insuficiência adrenal secundária:
    • Deficiência de ACTH: causada por disfunções na glândula pituitária, como tumores, cirurgias, radiação ou doenças inflamatórias.
    • Uso prolongado de corticosteroides: a suspensão abrupta de corticosteroides após uso prolongado pode suprimir a produção de ACTH e, consequentemente, de cortisol.
  • Insuficiência adrenal terciária:
    • Disfunção do hipotálamo: resultante de problemas no hipotálamo, que afetam a liberação de CRH (hormônio liberador de corticotropina).

Cortisol alto

O excesso de cortisol, também conhecido como hipercortisolemia, pode ter diversas causas e consequências no corpo humano. As principais causas são:

  • Tumores hipofisários (Doença de Cushing): adenomas na glândula pituitária podem produzir excesso de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), estimulando a produção excessiva de cortisol pelas glândulas adrenais.
  • Tumores adrenais: adenomas ou carcinomas nas glândulas adrenais podem produzir cortisol em excesso diretamente.
  • Secreção ectópica de ACTH: alguns tumores, como os carcinomas de pulmão de pequenas células, podem secretar ACTH independentemente, levando a um aumento do cortisol.
  • Uso prolongado de costeroides: algumas doenças exigem tratamento com glicocorticoides por tempo prolongado e com doses elevadas.

Referências


    Autor(es)

    Dr. Pedro Pinheiro

    Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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