Síndrome da fadiga crônica: o que é, sintomas e tratamento

A síndrome da fadiga crônica é um quadro caracterizado por fadiga persistente, que não está relacionada com exercício e não melhora de forma relevante com repouso.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

15 Comentários

Fadiga crônica

Tempo de leitura estimado do artigo: 2 minutos

O que é a síndrome da fadiga crônica?

A síndrome da fadiga crônica (SFC), também chamada de encefalomielite miálgica ou doença sistêmica de intolerância ao esforço, é um quadro caracterizado por fadiga persistente, que não está relacionada com exercício físico e não melhora de forma relevante com repouso. A doença costuma vir acompanhada de outros sintomas e tem duração maior que seis meses.

A SFC é uma doença controversa e de difícil explicação, sendo muito frustrante de se lidar, não só para os pacientes como também para os médicos, pois ainda não se conseguiu estabelecer definitivamente suas causas, o diagnóstico é difícil de ser feito e o tratamento atual é pouco efetivo.

Apesar de não diminuir a expectativa de vida do paciente acometido, a síndrome da fadiga crônica pode ser considerada uma doença grave, devido à grande queda na qualidade de vida que a mesma pode causar.

É importante saber que existem diferenças entre possuir a síndrome da fadiga crônica e apresentar fadiga com frequência. Na verdade, apenas 10% dos pacientes que se queixam de cansaço crônico, efetivamente possuem critérios para o diagnóstico da síndrome da fadiga crônica.

Para ler sobre outras causas de cansaço prolongado: 11 Causas de cansaço persistente.

Sintomas

Além da fadiga crônica que dá o nome a doença, os pacientes com esta síndrome também costumam apresentar os seguintes sintomas:

1. Dificuldade de concentração e “memória fraca”.
2. Dor de garganta.
3. Dor muscular.
4. Dor articular.
5. Dor de cabeça.
6. Dificuldades em dormir.
7. Linfonodos discretamente aumentados e dolorosos.
8. Exaustão após esforço físico ou mental, mesmo após 24 horas de repouso.

Esses são os sintomas clássicos, porém, vários outros podem ocorrer como tonturas, diarreia, alergias, etc.

É importante destacar que o exame físico costuma ser normal. O paciente se queixa de dores, mas nenhuma lesão é encontrada, queixa-se de febre, mas o termômetro nunca a mostra, os linfonodos dolorosos são normais à biópsia e a eletroneuromiografia não consegue comprovar a fraqueza muscular.

Esta incapacidade em se documentar as queixas dos pacientes muitas vezes levam a uma errada interpretação de que estão fingindo ter uma doença. Porém, assim como na fibromialgia, a síndrome da fadiga crônica deve ser encarada como uma doença de verdade, evitando-se a estigmatização dos pacientes.

Causas

Apesar de todos os esforços, as causas da síndrome da fadiga crônica ainda não foram elucidadas. Algumas doenças e infecções, principalmente das vias respiratórias, parecem precipitar a doença, mas o mecanismo no qual isso ocorre e por que só acontece em algumas pessoas ainda é um mistério. Sabe-se, porém, que a doença é mais comum em pessoas jovens e adultos de meia-idade do que em crianças e idosos, e duas vezes mais comum em mulheres que em homens.

Entre as doenças que podem precipitar a síndrome da fadiga crônica, citamos:

Durante muitos anos acreditava-se que havia uma relação muito forte entre a mononucleose e a SFC, porém, as últimas evidências mostram que essa relação não é tão importante.

Covid-19

Alguns pacientes podem desenvolver um quadro de síndrome da fadiga crônica após infecção pelo SARS-CoV-2, independentemente da gravidade da doença. Esse quadro faz parte das diversas doenças que têm sido habitualmente classificadas como “long-COVID” ou “Covid de longo curso”.

A Covid-19 pode provocar a SFC, pode agravar a SFC em quem já tinha ou pode trazer a doença de volta em quem já tinha se recuperado.

Diagnóstico

A síndrome da fadiga crônica é um diagnóstico de exclusão, ou seja, é preciso ter certeza que o cansaço e os sintomas não são causados por nenhuma outra doença identificável. Doenças cardíacas, pulmonares, hepáticas e renais, além de dezenas de outros problemas, como obesidade mórbida, uso de drogas, apneia do sono, anorexia nervosa, etc., podem causar fadiga e devem ser descartadas sempre.

Mesmo que o paciente não tenha nenhuma causa identificável para o seu cansaço, para o diagnóstico da síndrome ainda é preciso que a fadiga tenha estado presente nos últimos seis meses e esteja associada a pelo menos 4 dos 8 sintomas descritos acima.

Tratamento

Não existe cura para a síndrome da fadiga crônica e o tratamento nem sempre é satisfatório. De todos os tratamentos já tentados, os que realmente fornecem melhora clínica são a psicoterapia e exercícios físicos regulares.

Este último pode ser muito difícil, uma vez que no início os sintomas parecem piorar. Porém, o exercício deve ser iniciado com cargas muito, mas muito leves, com lento e progressivo aumento conforme o paciente tolere. A longo prazo, a prática de exercícios melhora muito a qualidade de vida.

Não existe tratamento com drogas ou dieta específica que comprovadamente melhore os sintomas da síndrome da fadiga crônica.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Saiba mais

Artigos semelhantes

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas

Leave a Comment