Bronquiolite: o que é, sintomas e tratamento

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

1 Comentário

Broquiolite

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é a bronquiolite?

A bronquiolite é a inflamação dos bronquíolos, uma das regiões mais profundas das vias aéreas dos pulmões. A doença é habitualmente causada por uma infecção viral e acomete, principalmente, crianças com menos de dois anos.

O ar que inspiramos entra pela boca/nariz e segue o seguinte trajeto: faringe » laringe » traqueia » brônquio » bronquíolo » alvéolo (veja a ilustração mais abaixo para melhor entender).

Conforme avançamos ao longo da árvore respiratória, as estruturas vão se tornando cada vez mais ramificadas e finas. Os bronquíolos são a última porção da árvore respiratória antes dos alvéolos, que são as estruturas que entregam o oxigênio respirado para o sangue.

Os bronquíolos são estruturas quase microscópicas, com diâmetro menor que 1 mm. São através de canais tão pequenos que o ar precisa passar para chegar nos alvéolos.

Qualquer processo inflamatório que acometa os bronquíolos causa inchaço na parede dos mesmos, fechando a passagem de ar e aumentando a produção de muco dentro das vias aéreas.

Anatomia do pulmão

A bronquiolite — inflamação dos bronquíolos — se traduz clinicamente por broncoespasmo (chiado no peito) e tosse com expectoração.

Nota: A bronquiolite obliterante e a bronquiolite obliterante com pneumonia organizada (BOOP) são doenças diferentes da bronquiolite e não serão abordadas neste texto.

Causas e fatores de risco

A bronquiolite é habitualmente causada por uma infecção viral, na maioria dos casos por um vírus chamado vírus sincicial respiratório (VSR). Outros vírus também podem ser os responsáveis, como Rinovírus, Influenza, Parainfluenza e Adenovírus. A transmissão é feita de forma semelhante a qualquer outra virose respiratória, como gripes e resfriados (leia: Diferenças entre gripe e resfriado).

A bronquiolite é uma infecção altamente contagiosa, que ataca preferencialmente crianças menores de 2 anos. Os bebês com menos de 6 meses são as principais vítimas.

O VSR é muito comum e existe no mundo inteiro. Praticamente todas as crianças terão tido contato com ele até os três anos de idade. Algumas desenvolvem quadros brandos, semelhantes a resfriados, enquanto outras, geralmente as mais novas, podem ter quadros graves, com necessidade de hospitalização.

Habitualmente, as crianças acima dos 2 anos que entram em contato com o VSR não desenvolvem a bronquiolite, apenas um quadro de resfriado simples. É possível se infectar com o vírus sincicial respiratório mais de uma vez, porém, em geral, as infecções subsequentes são mais brandas que a infecção inicial, principalmente nas crianças mais velhas.

Os principais fatores de risco para desenvolver bronquiolite são:

  • Prematuridade.
  • Baixo peso ao nascer.
  • Idade inferior a 3 meses.
  • Crianças com doença pulmonar, neurológica ou cardíaca prévia.
  • Imunodeficiência.
  • Fumo passivo.
  • Frequentar creche.
  • Ter irmãos mais velhos que frequentemente trazem infecções respiratórias para casa.
  • Morar em casa amontoado com muitas pessoas.
  • Ambientes frios (o vírus costuma circular com mais facilidade no inverno).

Sintomas

O período de incubação do VSR costuma ser de 2 a 5 dias. Os primeiros sintomas são inespecíficos, típicos de qualquer resfriado, com coriza, espirros, tosse e febre baixa. Na maioria das crianças, o vírus fica restrito às vias aéreas superiores e o quadro não evolui muito a partir daí. Nas crianças mais novinhas, porém, o vírus pode alcançar áreas mais profundas da árvore respiratória, atacando os brônquios e bronquíolos, levando à bronquiolite.

Na bronquiolite os sintomas surgem após 2 a 5 dias de resfriado, apresentando o seguinte quadro:

  • Recusa alimentar.
  • Cansaço para mamar.
  • Letargia e sonolência.
  • Broncoespasmo (chiado no peito).
  • Tosse persistente, que pode durar por mais de 2 semanas.

Nos casos de bronquiolite grave, a criança pode apresentar:

  • Dificuldade respiratória, caracterizada por frequências respiratórias elevadas, geralmente acima de 60 incursões por minuto e uso da musculatura abdominal e intercostal durante a respiração.
  • Cianose (ponta dos dedos e lábios arroxeados).
  • Rebaixamento do nível de consciência.

Em crianças menores de 2 meses, um dos sintomas da bronquiolite pode ser pausas respiratórias (apneia) de até 20 segundos.

Na maioria dos casos, a bronquiolite é uma doença autolimitada, com resolução espontânea após alguns dias. O pico dos sintomas costuma ocorrer entre 5 a 7 dias. A recuperação completa geralmente se dá em 1 ou 2 semanas, mas pode demorar até 4 semanas em alguns casos.

Os casos mais graves são aqueles nos quais o bebê apresenta dificuldade respiratória, principalmente quando há sinais de esforço para respirar. Em geral, apenas 3% dos casos precisam de hospitalização.

Diagnóstico

O diagnóstico da bronquiolite é clínico, baseado nos sintomas e no exame físico. Na maioria dos casos, não há necessidade de exames laboratoriais ou radiológicos.

Tratamento

Por segurança, todo bebê menor que 6 meses com quadro de infecção respiratória deve ser avaliado pelo pediatra.

Assim como na gripe, não há um tratamento específico para a bronquiolite. Nos casos mais leves, o tratamento pode ser feito em casa, com repouso, antipiréticos e soro nasal. Nebulização com soro também pode ajudar. Se houver algum grau de broncospasmo, a nebulização com broncodilatadores está indicada.

Não se deve usar anti-histamínicos, descongestionantes ou antibióticos para tratar bronquiolite.

Os bebês que ainda mamam costumam ficar mais cansados, não conseguindo mamar com a mesma eficiência. Nestes casos, ofereça o peito com mais frequência para que o mesmo mantenha-se sempre bem hidratado e alimentado.

Nunca fume perto de uma criança, principalmente durante um quadro de infecção respiratória.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Saiba mais

Artigos semelhantes

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas

Leave a Comment