As 10 doenças mais dolorosas nos seres humanos

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Dor

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Introdução

A dor é o principal sintoma que acomete o ser humano. De todas as causas que levam uma pessoa a procurar atendimento médico, a dor é disparada a principal.

Todos nós já experimentamos vários quadros de dor aguda ao longo das nossas vidas, seja devido a traumas, queimaduras ou por complicações de alguma infecção, como dor de garganta ou dor de dente. Nas mulheres, a dor mais lembrada é aquela que ocorre durante o trabalho de parto.

Há pessoas, porém, que apresentam problemas de saúde tão dolorosos que fazem aquela topada que todo mundo já deu com o dedinho do pé na quina da cama parecer uma dor ridícula.

10 doenças mais dolorosas do mundo

Antes de começarmos com a nossa lista, alguns esclarecimentos são importantes.

A dor é um sintoma subjetivo, cuja intensidade varia muito de pessoa para pessoa. Uma mesma doença pode causar dor excruciante em um paciente e uma dor apenas moderada em outro. Isso ocorre porque, além de algumas pessoas terem naturalmente maior tolerância à dor que outras, as doenças não necessariamente atingem todo mundo com a mesma intensidade. Um cálculo renal pequeno causa muito menos dor que um cálculo renal grande, por exemplo.

Por isso, definir de forma absoluta quais são as 10 condições mais dolorosas da humanidade não é tarefa fácil. Classificá-las em forma de ranking é ainda mais difícil, já que, para que isso fosse possível, seria preciso que uma mesma pessoa pudesse ter todas essas dores para poder dizer quais é delas eram as piores.

O que faremos nesse texto, portanto, é descrever 10 problemas de saúde que são relativamente comuns e que habitualmente levam o paciente a dizer que aquela dor foi a pior que ele já sentiu na vida, seja devido à sua intensidade, cronicidade ou pela capacidade dela tornar o paciente uma pessoa pouco produtiva.

As 10 doenças que provocam as piores dores são:

  • Cólica renal.
  • Fibromialgia.
  • Neuralgia pós-herpética.
  • Dor do membro fantasma.
  • Neuralgia do trigêmeo.
  • Enxaqueca.
  • Gota.
  • Dor do primeiro parto.
  • Cefaleia em salvas.
  • Síndrome de dor complexa regional.

Cólica renal

A cólica renal, o nome que damos à dor provocada por um cálculo renal, é presença obrigatória em qualquer lista de doenças dolorosas, não só porque ela é realmente muito intensa, mas porque também é bastante comum.

A cólica renal é frequentemente descrita pelas mulheres como uma dor muito mais intensa que aquela que elas sentiram durante o parto.

A dor da crise de cálculo renal costuma estar localizada nas costas ou na região lateral do abdômen, podendo também irradiar para a virilha, bolsa escrotal ou coxa. Ela surge de forma súbita e é tão intensa que costuma deixar o paciente agitado e sem conseguir encontrar uma posição que provoque alívio.

Felizmente, a cólica renal é uma dor autolimitada. Apesar de muito intensa, ela dura “apenas” algumas horas e responde relativamente bem aos analgésicos por via intravenosa ou intramuscular.

Para saber mais sobre a cólica renal, acesse o seguinte artigo: Cálculo renal: causas, sintomas e tratamento.

Fibromialgia

A fibromialgia é uma doença crônica, de causa ainda desconhecida, que provoca dor muscular generalizada e sensibilidade excessiva em muitas áreas do corpo.

Apesar da dor frequente, os exames são sempre normais. Não há alterações detectáveis nas análises laboratoriais nem nos exames de imagem comuns, como radiografias, ultrassonografias, tomografias, etc. Além da dor, o médico não consegue identificar mais nenhuma outra alteração através do exame físico do paciente. Biópsias realizadas nos músculos, tendões e ligamentos nada revelam, não há sinais de inflamação, não há lesões e muito menos alterações estruturais.

Acredita-se que o cérebro dos pacientes com fibromialgia seja exageradamente sensível aos sinais de dor chegam a si através dos nervos. Estímulos que são indolores ou pouco dolorosos para a maioria das pessoas são interpretados como dor intensa pelo cérebro do paciente fibromiálgico.

Quando questionados onde dói, os pacientes com fibromialgia respondem: dói tudo. São dores constantes, que pioram ao toque e surgem em vários pontos do corpo, tais como nuca, ombros, lombar, quadris, tornozelos, cotovelos e joelhos.

Para saber mais sobre a fibromialgia, acesse o seguinte artigo: Fibromialgia: causas, sintomas e tratamento.

Neuralgia pós-herpética

O herpes zoster, conhecido popularmente como cobreiro, é uma doença infecciosa provocada pelo vírus Varicella-zoster, o mesmo que provoca a catapora (varicela).

O herpes zoster é uma reativação do vírus da catapora, que costuma permanecer “escondido” em nossos nervos por vários anos após a sua primeira aparição. Ao contrário da catapora, que apresenta lesões dispersas por todo o corpo, o herpes zoster forma lesões mais localizadas, habitualmente na região da pele inervada pelos nervos onde o vírus fica “escondido”. Essa erupção de pele costuma ser dolorosa e dura poucos dias.

Herpes zoster
Herpes zoster

Cerca de 10 a 15% dos pacientes com herpes zoster desenvolvem uma complicação chamada neuralgia pós-herpética (ou nevralgia pós-herpética), que se caracteriza pela permanência da dor no local acometido, mesmo depois de muito tempo da resolução da lesão. A infecção desaparece, mas a dor fica. Em alguns casos, a dor da neuralgia pós-herpética é tão intensa e contínua, que pode levar o paciente à depressão e à incapacidade física.

Para saber mais sobre a neuralgia pós-herpética, leia: Neuralgia pós-herpética: o que é, sintomas e tratamento.

Dor do membro fantasma

A dor do membro fantasma é um fenômeno complexo, que pode surgir depois da amputação de um membro, como braço ou perna. Apesar de o paciente não ter mais o membro, ele sente dor como se ainda o tivesse.

A dor no membro fantasma pode ser do tipo queimação, picada, esmagamento, torção ou choque elétrico. Ela pode ser crônica e intensa a ponto de atrapalhar o dia a dia do paciente. Além da dor, o indivíduo também pode sentir outras sensações, como se o braço ou a perna ainda estivessem lá, tipo movimento, calor, pressão, vibração e até coceira.

O controle inadequado da dor na fase pré-operatória e pós-operatória da amputação parece aumentar o risco do paciente desenvolver a dor do membro fantasma.

Neuralgia do trigêmeo

O nervo trigêmeo é um dos 12 pares de nervos que inervam a face e a cabeça. Ele é assim chamado porque possui três ramos: oftálmico, mandibular e o maxilar. O trigêmeo é um nervo com função motora e sensitiva, sendo responsável por controlar a musculatura da mastigação e a sensibilidade facial.

Nervo trigêmeo

A neuralgia do trigêmeo ocorre quando há uma compressão da raiz nervosa, geralmente provocada por uma alteração anatômica de um vaso sanguíneo ao seu redor.

A neuralgia do trigêmeo provoca crises agudas de dor nas regiões inervadas por um ou mais dos seus ramos. Essa dor costuma ser do tipo choque elétrico e dura de alguns segundos a alguns minutos e geralmente acomete apenas um lado do rosto. Os ataques costumam ser recorrentes.

Certos movimentos ou atividades podem desencadear as crises de dor, incluindo:

  • Toques na face.
  • Mastigar.
  • Falar.
  • Escovas os dentes.
  • Sorrir
  • Vento frio no rosto.

Enxaqueca

A enxaqueca, também chamada migrânea, é uma das formas mais comuns de dor de cabeça.

A enxaqueca caracteriza-se por ser uma dor de cabeça unilateral, de caráter pulsátil e de início gradual, que costuma ir se agravando progressivamente até atingir grande intensidade após algumas horas. As crises podem durar de 4 até 72 horas.

A dor geralmente piora com luz forte e barulho e pode vir acompanhada de enjoos e vômitos. Também é comum a hipersensibilidade do couro cabeludo, o que pode levar ao agravamento da dor com uma simples escovação dos cabelos. Durante as crises, o paciente tende a ficar quieto, isolado e em local escuro, sendo incapaz de exercer qualquer atividade.

20% dos pacientes apresentam aura, que são sinais neurológicos que precedem o início da dor. Tipicamente são pontos brilhantes ou raios luminosos na vista e formigamento em alguma região do corpo, que ocorrem antes do início da cefaleia e desaparecerem espontaneamente após o início da dor.

Para saber mais sobre a enxaqueca, acesse o seguinte artigo: Enxaqueca: sintomas, causas e tratamento.

Gota

A gota é uma doença que surge em pacientes com níveis elevados de ácido úrico no sangue. A deposição de ácido úrico nas articulações promove uma intensa reação inflamatória, provocando quadro de artrite, que se caracteriza por intensa dor, vermelhidão, inchaço e calor local. A artrite gotosa é uma das formas mais dolorosas de artrite.

As articulações mais acometidas são as dos pés, principalmente o primeiro dedo do pé, e joelhos. A artrite da gota é tão dolorosa que algumas pessoas não conseguem nem cobrir os pés, pois só o contato do cobertor com a área inflamada já causa uma fortíssima dor.

Para saber mais sobre a gota, acesse o seguinte artigo: Gota: causas, sintomas e tratamento.

Dor do primeiro parto

Apesar de não ser uma doença, o trabalho de parto, principalmente nas nulíparas (mulheres que nunca tiveram filhos), é um evento que pode ser tão doloroso que merece entrar nesta lista.

A dor do trabalho de parto muda de origem à medida que o processo avança. Na primeira fase, a dor é provocada pelas contrações uterinas. Além do útero, a dor pode ser sentida na parede abdominal, região lombossacral, cristas ilíacas, glúteos e coxas.

Quando a dilatação do colo do útero alcança 7 a 10 cm, a paciente começa a transitar para a segunda fase do trabalho de parto, e a dor passa a ser predominantemente pela distensão da vagina, do períneo, do assoalho e dos ligamentos pélvicos. A dor do segundo estágio é mais intensa, pois é uma combinação da dor das contrações uterinas e da distensão de tecidos vaginais e perineais.

A dor do trabalho de parto nas nulíparas costuma ser a pior dor que uma mulher já sentiu na vida, principalmente se o trabalho de parto não estiver sendo acompanhado por médicos e não for administrada analgesia.

Cefaleia em salvas

A cefaleia em salvas é uma forma de dor de cabeça unilateral, que provoca excruciantes ataques de dor e costuma ficar restrita à região ao redor de um dos olhos.

A dor é tão intensa que o paciente pode ficar muito agitado, balançando-se e andando de um lado para o outro. Há casos em que o individuo começa a bater com a própria cabeça contra a parede, tamanho o seu desconforto.

O lado da cabeça acometido costumam apresentar alguns sinais, como lacrimejamento, vermelhidão do olho, corrimento nasal, queda da pálpebra (ptose) e sudorese.

A cefaleia em salvas começa de forma súbita e sem aviso. As crises duram, em média, de 15 a 60 minutos, e podem surgir várias vezes ao longo do dia.

Para saber mais sobre os diferentes tipos de dor de cabeça, leia: Dor de Cabeça – Causas e Sinais de Gravidade.

Síndrome de dor complexa regional

A síndrome complexa de dor regional é uma desordem crônica, que afeta uma região específica do corpo, geralmente braço, mão, perna ou pé, e se caracteriza por intensa dor, inchaço, limitação dos movimentos e alterações da pele. Essa síndrome tem causa desconhecida e costuma surgir após uma fratura, queimadura, cortes ou cirurgia.

A dor é tipicamente o sintoma mais proeminente e debilitante. Ela costuma ser descrita como uma queimação, picada ou esgarçamento, que se sente profundamente dentro do membro e é desproporcional à lesão que lhe deu origem. A dor é habitualmente contínua e pode ser exacerbada pelo movimento dos membros, contato, variação de temperatura ou estresse. A doença pode durar desde semanas até vários anos.

Outras causas de dores intensas que merecem menção

Várias outras condições que não foram listadas também podem causar dor tão intensa quanto as citadas acima e, por isso, merecem serem citadas. São elas:

Se você quiser saber mais sobre os tipos de dor e as melhores opções de tratamento, leia: Melhores remédios para diferentes tipos de dor.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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