Introdução
A Internet é uma ferramente fabulosa, que nos permite ter acesso a virtualmente toda produção do conhecimento humano. Infelizmente, a Internet também é um meio poderoso de propagação de mentiras, informações falsas e pseudociência.
Quem é que nunca publicou uma informação errada nas redes sociais? Quem é que nunca compartilhou uma notícia bombástica ou surpreendente sem antes conferir se a fonte era confiável?
Na área da ciência, principalmente na saúde, a quantidade de mitos e informações erradas divulgadas nas redes sociais é tão grande, que, às vezes, parece ser maior até que a propagação de informações reais e úteis.
Este artigo tem como intuito derrubar alguns dos mitos sobre saúde que circulam pela Internet, muitos deles repetidos tantas vezes que eu aposto que o leitor jurava que eles eram verdadeiros.
Nota: todos os mitos descritos a seguir serão contestados pela ótica do método científico, que diz que toda afirmação precisa ser observada, testada e comprovada.
Mito 1: “O ser humano só usa 10% da capacidade do cérebro”
Este é um mito muito antigo, anterior à Internet, que se parece ter origem no início do século XX, quando ainda entendíamos muito pouco sobre as funções do cérebro. Trata-se de uma afirmação que nunca teve o mínimo embasamento científico, mas que ao longo das décadas tem se mostrado bastante resistente às centenas de desmentidos já emitidos por toda comunidade científica.
Sabemos atualmente que não só somos capazes de utilizar todo o potencial do nosso cérebro, como o fazemos diariamente sem esforço algum. Todos os trabalhos atuais de neuroimagem, análise estrutural e metabolismo cerebral sugerem que usamos ao longo dia praticamente 100% das capacidades cerebrais o tempo todo. Não há nenhum indício de que existam áreas inativas ou hipofuncionantes no cérebro humano.
O cérebro é responsável por apenas 3% do nosso peso, mas consome mais de 20% de toda energia gasta pelo organismo. Do ponto de vista evolutivo, não faria nenhum sentido termos um cérebro tão grande e que consumisse tanta energia se usássemos apenas uma pequena fração da sua capacidade.
Mito 2: “Devemos beber no mínimo 2 litros de água por dia”
Ingerir líquidos é essencial para a manutenção da hidratação adequada do corpo, mas não existe nenhum estudo científico que aponte para uma quantidade específica de água diária.
Na verdade, a quantidade de água que cada indivíduo necessita ingerir ao longo do dia depende de vários fatores, tais como o tamanho da sua superfície corporal, a temperatura ambiente, o grau de atividade física, o tipo de roupa que o indivíduo usa ao longo do dia, a existência ou não de doenças, consumo diário de sal, etc.
Em dias quentes precisamos beber mais água, às vezes mais que 2 litros. Em dias frios, talvez não seja necessário chegar a tanto. É importante ressaltar que praticamente todos os alimentos que ingerimos contêm água. O consumo de líquidos ao longo do dia não se restringe apenas à quantidade de água livre que bebemos.
Na prática, o melhor modo de se controlar a hidratação corporal é através da cor da urina e da sensação de sede. O ideal é que o indivíduo evite ter uma urina concentrada e com odor forte e que não sinta sede com frequência (leia mais em: Urina com cheiro forte).
Falamos especificamente sobre esse assunto em um artigo à parte, que pode ser acessado através do seguinte link: Quantos litros de água devemos beber por dia?
Mito 3: “Raspar o cabelo faz com que ele cresça mais grosso”
Apesar de ser uma teoria famosa, ela não passa de um mito. Cortar o cabelo ou o pelo com uma tesoura, com uma lâmina de barbear ou com um barbeador elétrico não faz diferença alguma, pois em nenhum desses três modos conseguimos atingir a raiz do cabelo ou do pelo, de forma a induzir alguma mudança nas características dos mesmos.
Realmente, a princípio, a impressão que passa é de que o pelo/cabelo após ser raspado volta a nascer mais grosso e escuro, mas isso não passa de uma falsa impressão inicial. São 3 os fatores que costumam provocar essa confusão:
1. A barba dos adultos, em geral, é mais encorpada que a dos adolescentes por fatores hormonais. Como o homem começa a se barbear na adolescência, e ao longo dos anos a barba vai ganhando mais volume, a impressão que se passa é que o pelo engrossou devido às sucessivas raspagens. Não foi. A sua barba aos 40 anos não é mais volumosa que aos 16 porque você passou 25 anos raspando-a, mas sim porque essa é a evolução natural dos pelos faciais no sexo masculino.
2. Os pelos do corpo têm volumes diferentes ao londo do seu comprimento. Ele é sempre mais grosso nas bases e vai ficando mais fino nas pontas. Quanto mais deixamos o pelo crescer, mais fino ele fica. Quando o cabelo é raspado bem rente à pele, a única parte que sobra é a sua base mais grossa, que ao longo das próximas semanas fará com que o pelo realmente tenha aparência de estar mais volumoso. Mas conforme o pelo cresce, as extremidades vão novamente se afinando. Explicamos as diferentes fases dos cabelos no seguinte artigo: Queda de cabelo (calvície) – Causas e tratamento.
3. Conforme o pelo cresce, mais tempo ele fica exposto à luz solar e a substâncias químicas que o fazem ficar mais claro. Quando raspamos, deixamos apenas a pequena parte mais escura que ainda não teve tempo de se descorar.
Mito 4: “O açúcar mascavo é mais saudável que o açúcar branco”
A única diferença relevante entre o açúcar mascavo e o açúcar branco refinado é a adição de melaço, que é o responsável pela cor acastanhada do açúcar mascavo.
Normalmente, o melaço é separado e removido quando o açúcar é obtido e refinado a partir da cana-de-açúcar. O açúcar mascavo pode ser meramente um açúcar que não foi completamente refinada. Na maioria dos casos, porém, os fabricantes preferem refinar o açúcar e depois reintroduzir melaço, criando uma forma de açúcar que possui cerca de 5 a 10% de melaço na sua composição. Desta forma eles conseguem controlar melhor a quantidade de melaço, a cor e o tamanho dos cristais do açúcar mascavo.
Mito 5: “Doar sangue faz engordar”
Não consigo nem imaginar qual seria a explicação para tal teoria. Doar sangue não engorda nem emagrece. Da mesma forma, receber sangue também não faz ninguém emagrecer ou engordar.
Aproveitando a deixa, doar sangue não afina nem engrossa o sangue. Doar sangue não causa leucemia e não é fator de risco para contrair HIV ou qualquer outra doença transmitida pela transfusão sanguínea. Doar sangue não vicia e não causa alergia. (leia: Doação de sangue | informações para doadores).
Mito 6: “Fumar maconha não faz mal à saúde”
A maconha é a droga ilícita mais consumida em todo mundo. Boa parte da sua popularidade advém do fato dela ser uma droga proibida, porém com fama de ser inofensiva à saúde.
É muito comum ouvirmos dizer que fumar maconha é melhor que fumar cigarro. É muito difícil comparar os efeitos de uma droga lícita, utilizada amplamente há décadas e cujos malefícios já foram amplamente estudados, com a maconha, que é uma droga proibida na maioria dos países e, portanto, mais difícil de ser estudada em grandes populações por um relevante intervalo de tempo. Além disso, a associação entre o consumo de cigarro e de maconha é altíssima. Estudos mostram que cerca de 70% dos usuários de maconha também fumam cigarros comuns. Se a maioria dos usuários fuma os dois tipos de cigarro, é mais difícil distinguir os malefícios de cada um.
Cigarro e maconha possuem substâncias que fazem mal à saúde. Um cigarro de maconha apresenta 4 vezes mais alcatrão e 50% mais substâncias cancerígenas que um cigarro comum. Todavia, a quantidade de maconha que um indivíduo costuma consumir ao longo da sua vida é muito menor que a de tabaco. Enquanto é extremamente comum encontrarmos pessoas que fumam 20 a 40 cigarros por dia, é raro achar alguém que fume mais de 5 cigarros de maconha todos os dias por vários anos.
Um fato que a torna a maconha menos nociva que o cigarro é a sua capacidade de viciar. Apenas 1 em cada 10 usuários (10%) de maconha torna-se viciado após 2 anos de consumo regular. Com a nicotina, essa taxa é de praticamente 100%.
Se quiser saber mais sobre os efeitos e malefícios da maconha, leia: Efeitos da maconha no organismo.
Mito 7: “Anticoncepcional engorda”
Não há evidências científicas que confirmem um aumento substancial de peso nas mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais. Nenhum trabalho conseguiu comprovar diferença maior que 0,5 kg no ganho de peso entre mulheres que tomam pílulas e as que não tomam pílula. O resultado independe do tipo e da dosagem dos hormônios.
Apesar de muitas mulheres referirem que ganharam peso ao iniciar a pílula, há várias outras que emagrecem com o anticoncepcional. O que os estudos mostram é que a taxa de ganho e perda de peso ao longo de 6 meses ou 1 ano são semelhantes entre as mulheres que tomam e que não tomam o anticoncepcional hormonal.
Se você quiser ler sobre o assunto com mais detalhes, acesse: Tomar anticoncepcional engorda?
Mito 8: “Antibiótico corta o efeito dos anticoncepcionais”
A imensa maioria dos antibióticos não corta o efeito da pílula anticoncepcional. A Rifampicina, usada principalmente na hanseníase e na tuberculose, é um das poucas exceções.
Entre os antibióticos mais prescritos, tais como penicilina, ciprofloxacino, cefalexina, claritromicina, metronidazol, etc., não há nenhum estudo científico que mostre redução da eficácia dos anticoncepcionais.
Para saber mais sobre esse assunto, leia: Antibióticos Cortam o Efeito dos Anticoncepcionais?
Mito 9: “Hipotireoidismo causa obesidade”
Muitas pessoas com excesso de peso e com hipotireoidismo culpam a doença pela sua obesidade. O fato é que o ganho de peso causado pelo mau funcionamento da tireoide não é suficiente para causar um ganho de peso a ponto de tornar alguém obeso. Na verdade, a medicina atualmente questiona se a obesidade, principalmente em crianças, pode provocar hipotireoidismo, e não o contrário.
Para saber mais sobre o hipotireoidismo: Sintomas do hipotireoidismo.
Mito 10: “Comer cenoura melhora a visão”
A cenoura é rica em vitamina A, e a deficiência desta vitamina é uma das causas de cegueira. Agora, pessoas que se alimentam normalmente, não são desnutridas e apresentam níveis normais de vitamina A não obtêm nenhum benefício extra na performance visual se ingerirem mais cenouras. Um carro precisa de gasolina para andar, mas ele não anda melhor quando o seu tanque está completamente cheio.
Portanto, vitamina A só melhora a visão naqueles que têm deficiência de vitamina A.
Leia: Verdades e mitos sobre as vitaminas.
Mito 11: “Masturbação causa acne”
Masturbação não causa acne, assim como não causa ginecomastia masculina (seios nos homens), não faz crescer pelos nas mãos, não causa cegueira, não faz aumentar o pênis e não vicia.
Resumindo, a masturbação não causa nenhum problema para a saúde.
Saiba mais em: Masturbação: o que é, benefícios e quando há sinais de vício.
Mito 12: “Camisinha não protege contra AIDS”
Infelizmente esse é um mito que até a Igreja ocasionalmente ajuda a propagar. A camisinha realmente não protege 100%, mas as suas falhas estão muito relacionadas ao seu uso errado, o que pode fazer com que ela se rompa, vaze ou saia do pênis durante a penetração. O uso de preservativo, quando feito corretamente, é extremamente eficaz na prevenção da transmissão do HIV.
Leia: Camisinha – Tudo o que você precisa saber.
Leia: Como se transmite o vírus HIV.
Mito 13: “Beber água em jejum emagrece”
Não há nenhuma indicação de que isso seja verdade. Essa é apenas mais uma daquelas teorias que não têm nenhum embasamento científico.
Mito 14: “Homeopatia funciona tão bem quanto a medicina tradicional”
A homeopatia até o momento não conseguiu apresentar nenhum trabalho científico relevante que consiga comprovar a sua eficácia. Todos os estudos já publicados em revistas científicas de renome mostram que a homeopatia é inferior à medicina tradicional e apresenta a mesma taxa de sucesso do placebo.
Se nos casos de acne, gripe e outras infecções respiratórias podemos até aceitar o tratamento homeopático por serem doenças benignas ou autolimitadas, o uso de homeopatia, em vez da medicina tradicional, para doenças graves como a AIDS, câncer, insuficiência renal, lúpus, infartos do miocárdio e infecções graves com sepse, é perigoso e contraindicado.
Mito 15: “Comer bananas impede as câimbras”
Não é bem assim. Em alguns casos a banana pode diminuir a incidência de câimbras por ser rica em potássio, carboidratos e água. Mas na maioria das pessoas com câimbras recorrentes, a banana pouco ajuda se não forem tomadas outras medidas.
Leia mais em: Cãimbras | Causas e tratamento.
Mito 16: “Estresse causa úlcera no estômago”
Quase todas as úlceras gástricas são causadas pela bactéria H.pylori ou pelo uso frequente de anti-inflamatórios (leia: H.Pylori (Helicobacter pylori) | Sintomas e tratamento).
O estresse pode causar o que chamamos de dispepsia funcional, que são sintomas de queimação estomacal e azia, que se assemelham aos sintomas das gastrites e úlceras. Muitas vezes esses pacientes são submetidos a endoscopias que não revelam nenhum tipo de lesão no estômago.
Portanto, o estresse costuma causar sintomas parecidos com os de úlceras, porém não as realmente causa.
Para saber mais sobre a dispepsia funcional, leia: Dor no estômago – Dispepsia.
Mito 17: “Urina alivia dor de queimaduras por água viva”
Esse mito é muito comum nos E.U.A e acaba por se alastrar no mundo através dos programas de TV.
Não há nenhuma evidência de que a urina possa ser benéfica nestes casos. Pelo contrário, existe o risco de piora do quadro por um maior estímulo à liberação de toxinas por restos da água viva que permanecem grudadas na pele após o contato inicial.
O tratamento das queimaduras deve ser feito com limpeza local com água quente. Se você procura um remédio caseiro, vinagre e creme de barbear podem ser opções para retirar restos aderidos à pele.
Mito 18: “Chá de quebra-pedras para cálculo renal”
Muito pacientes com crise de cólica renal começam a tomar chá de quebra-pedras na esperança de se verem livres da maldita pedra nos rins. Infelizmente o chá de quebra-pedras só quebra pedras no nome.
Não é que o chá seja completamente inútil, mas, na verdade, ele funciona tanto quanto água. O fato de ser um líquido faz com que a quantidade de urina produzida aumente, facilitando a expulsão de pedras pequenas. Todavia, esse raciocínio vale para qualquer líquido.
Alguns trabalhos sugerem que o chá possa impedir o aparecimento de novos cálculos, porém, os que já existem não sofrem nenhuma alteração.
Leia: Cálculo renal (pedra nos rins).
Mito 19: “Manteiga é bom para queimaduras”
Queimaduras leves devem ser tratadas apenas com água fria. Não se deve passar nenhuma outra substância, devido ao risco de infecção da ferida e atraso na cicatrização. Isso vale para manteiga, gelo, ovo, óleo de cozinha, etc.
Nunca estoure as bolhas. Mantenha a ferida sempre limpa e proteja-a com um pequeno curativo.
Se quiser saber mais sobre queimaduras: Queimaduras – Tratamento e cuidados básicos.
Mito 20: “Café melhora a intoxicação alcoólica”
Por ser um estimulante, o café é muitas vezes usado para melhorar os sintomas da bebedeira e da ressaca. Não funciona, além de poder piorar a ressaca, uma vez que a cafeína é um diurético e pode aumentar a desidratação, que é uma das causas do mal-estar da ressaca.
Se quiser saber mais sobre ressaca leia: Ressaca e intoxicação pelo álcool.
Mito 21: “Entrar na água após as refeições faz mal”
Quem é que nunca ouviu dos pais este alerta? Mas por que entrar na água depois de comer faz mal? Na verdade, não faz. Tomar banho ou mergulhar em piscina após comer não traz nenhum risco.
Porém, é bom abrir um parêntese aqui. Quando comemos, o corpo desvia boa parte do débito sanguíneo em direção ao trato digestivo para facilitar a digestão. Se fizermos algum exercício como correr ou nadar, parte deste sangue vai para os músculos e prejudica o processo de digestão. Banho quente também pode ter efeito semelhante por causar dilatação dos vasos da pele e desviar o débito sanguíneo.
Logo, o problema não é a água em si, e sim que, quem entra em uma piscina, costuma fazê-lo para nadar ou se exercitar. Se for apenas um banho refrescante, não há problema algum.
Mito 22: “Pegar frio causa gripe”
Esse é outro mito extremamente difundido pelos pais. Gripes e resfriados são doenças infecciosas, causadas pelos vírus Influenza e rinovírus, respectivamente. Portanto, para ser pegar um dos dois, é preciso contato com alguém doente. Sua geladeira, por exemplo, não transmite gripe.
No inverno, principalmente nos países de clima temperado, realmente ocorrem mais casos de gripe. Isto acontece devido a dois motivos. Um é a variação sazonal natural do vírus, que é maior nos meses de outubro, novembro e dezembro, outono e inverno no hemisfério norte. Segundo porque em dias frios, as pessoas tendem a ficar mais reunidas em locais fechados, favorecendo a transmissão do vírus.
Mito 23: “Tomar leite quando se está gripado faz mal”
Há um velho mito que diz que o consumo de leite, ou de lacticínios em geral, aumenta a produção de muco pelas vias respiratórias, o que teoricamente poderia agravar quadros de infecção respiratória. Os estudos sobre o assunto, porém, não conseguiram mostrar nenhuma relação entre o consumo de leite e o aumento de produção de muco ou agravamento de quadros respiratórios por qualquer outro motivo.
Mito 24:“Tomar sorvete piora a gripe ou resfriado”
Esse mito é, na verdade, uma mistura entre os dois mitos anteriores. Ele junta o consumo de lacticínios com exposição ao frio. Felizmente, isso também não é verdade. Não há nenhuma evidência de que tomar sorvete gripado vá ter qualquer interferência na evolução da doença.
Uma observação precisa ser feita, algumas pessoas têm intolerância a alimentos gelados quando estão com a garganta inflamada. Nestes casos, o consumo de sorvete poderia agravar a dor de garganta, mas isso não necessariamente indica que a doença em si poderia se agravar.
Leia: Diferenças entre gripe e resfriado.
Mito 25: “Vitamina c previne gripe”
O uso de vitamina C para combater gripes e resfriados ganhou popularidade na década de 1970, quando o famoso bioquímico Linus Pauling (1901–1994), vencedor do prêmio Nobel de química em 1954, passou a propagar a ideia que altas doses de vitamina C ajudariam a combater e prevenir as infecções respiratórias virais. O problema é que as afirmações de Linus Pauling foram baseadas em opiniões e não eram amparadas por estudos controlados, motivo pelo qual hoje sabemos que ele estava errado na maioria das suas afirmações.
Recentemente, todos os estudos científicos sobre a relação gripe e vitamina C publicados desde 1966 até 2012 foram revisados, e não se conseguiu comprovar que a suplementação de vitamina C seja realmente eficaz na prevenção de gripe na população em geral.
Para saber mais sobre a vitamina C, leia: Vitamina C – Importância, efeitos e alimentos ricos.
Mito 26: “Comer muito doce causa diabetes”
Vários fatores podem levar ao diabetes mellitus, porém comer doces ou açúcar, principalmente se de forma parcimoniosa, não é um deles. Do mesmo modo, comer chocolate, por si só, também não leva ao diabetes.
Mas é preciso ter atenção, o consumo exagerado de doces pode provocar doenças, tais como a síndrome metabólica e a obesidade, estas, sim, fatores de risco para o diabetes. Portanto, comer doce só tem risco de provocar diabetes se ele for feito de forma exagerada e levar a um grande ganho de peso.
Leia: Obesidade e síndrome metabólica e Diabetes mellitus.
Mito 27: “Comer chocolate causa acne”
Não há nenhum estudo que consiga comprovar que comer chocolate cause acne ou piore um quadro já existente de acne.
O interessante é que esse mito é tão antigo, que em 1969, a prestigiosa revista médica JAMA (Journal of the American Medical Association) publicou um estudo sobre o assunto. Pacientes com acne foram divididos em dois grupos: um deles foi submetido a uma dieta com 10 vezes mais chocolate que o habitual, enquanto o outro foi submetido a uma dieta sem chocolate algum. Ao final de 1 mês, não foi possível identificar nenhuma diferença, nem na quantidade, nem na gravidade da acne, em ambos grupos.
O fato é que este não foi nem o primeiro, nem o último estudo sobre o assunto. Há vários estudos publicados ao longo dos últimos 50 anos, e nenhum deles conseguiu comprovar qualquer relação entre consumo de chocolate e o surgimento da acne.
MITO 28: “Açúcar deixa as crianças hiperativas”
Esse é um daqueles mitos que todo mundo já viu representado em filmes ou programas de televisão. Diversos estudos já tentaram comprovar essa associação, mas nenhum deles teve sucesso.
O excesso de açúcar deve ser evitado nas crianças, pois ele está associado a um maior risco de obesidade infantil, mas em relação à hiperatividade, não existem evidências científicas.
É importante destacar que alguns estudos apontam para um pequeno aumento da excitação nas crianças que consomem muitas guloseimas com aditivos e corantes artificiais. O possível problema dos doces, portanto, não é o açúcar, mas sim essas duas substâncias.
Mito 29: “Um chiclete engolido leva 7 anos para ser digerido”
Esse é mais um daqueles mitos que a maioria das pessoas ouve dos seus pais. A goma em si é uma substância artificial, que nosso organismo não é capaz de digerir, nem em 7, nem em 70 anos. A questão é que se uma substância não pode ser digerida, ela passa por todo o trato gastrointestinal de forma inalterada, sendo eliminada nas fezes dentro de 24 a 48 horas.
Engolir um chiclete só seria um problema grave se ele fosse grande o suficiente para ficar impactado em algum ponto do trato digestivo. Na verdade, os poucos casos na literatura científica de obstrução intestinal por chiclete ocorreram em crianças que engoliram várias gomas de mascar ao mesmo tempo ou engoliram chicletes com outros objetos junto, como moedas.
MITO 30: “Telefone celular pode causar tumor cerebral”
Não há nenhuma evidência de que as ondas de radiofrequência dos telefones celulares aumentem os risco de neoplasia do cérebro.
Um grande estudo dinamarquês seguiu 420.000 usuários de celular por 20 anos e não demonstrou nenhum aumento na incidência de tumores, independente da quantidade de horas expostas ao telefone.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.
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