Fatores de risco modificáveis para hipertensão arterial
Hipertensão arterial é uma doença extremamente comum que ocorre quando pressão do sangue contra as paredes das artérias é alta o suficiente para, a longo prazo, causar problemas de saúde, tais como doenças cardíacas, renais e cerebrais.
Em até 95% dos pacientes com hipertensão arterial, a causa da doença não pode ser encontrada. Esse tipo de pressão alta é chamado de hipertensão essencial ou hipertensão primária.
Embora as causas básicas da hipertensão essencial permaneçam ainda desconhecidas, já conhecemos alguns dos fatores de risco mais importantes.
História familiar positiva, idade acima dos 50 anos e etnia negra são fatores de risco importante, mas que não podem ser modificados.
Os pacientes hipertensos, portanto, devem estar atentos aos fatores de risco que podem ser evitados. Abaixo, listamos os principais.
Se você procura informações gerais sobre a hipertensão arterial, acesse nosso arquivo de textos sobre o assunto: Hipertensão arterial sistêmica – arquivo.
Comer sal em excesso
O sal de cozinha, condimento composto basicamente por sódio e cloro (cloreto de sódio – NaCl), é provavelmente o vilão mais conhecido da hipertensão arterial.
Nas sociedades modernas, o sal é consumido de forma exagerada, muito acima das nossas necessidades. Apesar do recomendado ser um consumo máximo de 5 gramas de sal por dia, a maioria das pessoas consome uma média de 9 a 15 gramas.
Para saber mais sobre os perigos do sal, leia: Sal Faz Mal Para Saúde? Existe Sal Saudável?
Tomar anticoncepcionais hormonais
Comprimidos, injeções e outros dispositivos de controle de natalidade que utilizam estrogênio podem causar elevação da pressão arterial, principalmente nas mulheres com mais de 35 anos e/ou fumantes.
Pílulas com doses de estrogênio maiores que 50 mcg são as mais perigosas, porém, por segurança, recomenda-se que as mulheres hipertensas evitem qualquer tipo de anticoncepcional que contenha estrogênio em sua fórmula.
Para saber mais sobre os efeitos adversos dos anticoncepcionais, leia: Principais efeitos colaterais dos anticoncepcionais hormonais.
Não se preocupar com o excesso de peso
O excesso de peso costuma aumentar a pressão arterial, enquanto a perda de peso geralmente diminui. Cerca de 25% dos casos de hipertensão arterial nos homens e 30% nas mulheres são provocados pelo excesso de peso.
Um aumento de 10 kg no peso corporal dobra o risco de hipertensão, enquanto um aumento de 20 kg quadruplica o risco.
Para saber qual é o seu peso ideal, leia: Calcule o seu peso ideal e IMC.
Consumo excessivo de bebidas alcoólicas
Múltiplos estudos já mostraram a associação entre o consumo excessivo de álcool e o desenvolvimento de hipertensão.
Em uma meta-análise de 36 estudos, a diminuição na ingestão de álcool reduziu a pressão arterial em pessoas que bebiam mais de dois drinques por dia. Em pacientes que consumiam seis ou mais doses por dia, uma redução de 50% na ingestão de álcool resultou em uma redução de 5,5 mmHg na pressão arterial sistólica e uma redução de 4,0 mmHg na pressão arterial diastólica.
Para saber mais sobre os efeitos do álcool na saúde, leia: Efeitos do álcool sobre a saúde.
Uso frequente de anti-inflamatórios
Todos os medicamentos da classe dos anti-inflamatórios não esteroides (AINE) podem provocar pequeno aumento da pressão arterial, que podem ser de até 5 mmHg.
Além do pequeno aumento na pressão, os AINE também reduzem a eficácia dos anti-hipertensivos.
Para saber mais sobre os efeitos adversos dos anti-inflamatórios, leia: Anti-inflamatórios (AINE) – Ação e Efeitos Colaterais.
Uso de descongestionantes nasais
Descongestionantes nasais à base de pseudoefedrina e fenilefrina causam constrição dos vasos sanguíneos, o que provoca aumento da pressão arterial.
Esses medicamentos também podem reduzir a eficácia dos medicamentos anti-hipertensivos.
Para saber a melhor forma de tratar a coriza nasal, leia: Congestão nasal – Como tratar nariz entupido?
Fumar
Os efeitos do tabagismo na pressão arterial estão relacionados ao aumento da atividade do sistema nervoso simpático, que provoca constrição dos vasos e aumento da frequência cardíaca, da contratilidade cardíaca e do consumo de oxigênio pelo coração.
A elevação média da pressão sistólica após o primeiro cigarro do dia pode ser de até 20 mmHg. 30 minutos após o fim do cigarro, a pressão arterial volta a normalizar, mas se o paciente fumar vários cigarros por dia, ela permanecerá elevada por todo o dia.
Para saber mais sobre os malefícios do cigarro, leia: Tabagismo – Doenças relacionadas ao cigarro.
Uso de antidepressivos
Medicamentos que agem sobre os neurotransmissores cerebrais dopamina, norepinefrina e serotonina podem mudar não apenas o seu humor, mas também elevar sua pressão arterial.
Entre os fármacos que provocam elevação da pressão, os principais são os antidepressivos, incluindo antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e inibidores da monoamina oxidase (IMAO).
Para saber mais sobre os efeitos dos antidepressivos, leia: Antidepressivos (ISRS) – Escitalopram, Fluoxetina, Sertralina…
Referências
- Relation of Dietary Sodium (Salt) to Blood Pressure and Its Possible Modulation by Other Dietary Factors – Hypertension.
- Prospective study of oral contraceptives and hypertension among women in the United States – Circulation.
- Relationship of alcohol drinking pattern to risk of hypertension: a population-based study – Hypertension.
- COX-2 selectivity alone does not define the cardiovascular risks associated with non-steroidal anti-inflammatory drugs – The Lancet.
- Cardiovascular effects of the cyclooxygenase inhibitors – Hypertension.
- Persistent blood pressure increase induced by heavy smoking – Journal of hypertension.
- Depression and Blood Pressure Control: All Antidepressants Are not the Same – Hypertension.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.
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