Menino ou menina? Como saber o sexo do bebê?

Ao contrário do que acontecia há algumas décadas, atualmente é perfeitamente possível identificar qual é o sexo do bebê antes mesmo da metade da gestação. Saiba quais são os métodos confiáveis.
Dr. Pedro Pinheiro
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Menino ou menina

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

Introdução

Desde que o mundo é mundo, a curiosidade acerca do sexo do bebê é praticamente universal entre os futuros pais. Assim que o casal descobre que a mulher está grávida, a primeira pergunta que invariavelmente vem à cabeça é: será menino ou menina?

Neste artigo falaremos das formas mais eficazes de detectar o sexo do feto, incluindo exames de ultrassom e exames de sangue. Falaremos também sobre os mitos e a existência ou não de evidências científicas por trás de crenças populares, tais como tabelas, calendários ou simpatias.

Quais são as formas mais utilizadas para determinar o sexo do bebê?

Ao contrário dos nossos avós, que precisavam esperar até o dia do nascimento para descobrir o sexo do bebê, graças aos avanços tecnológicos, nós já podemos identificar o gênero do feto tão precocemente quanto 8 semanas de gestação.

Existem várias formas para descobrir o sexo do bebê durante a gravidez, sendo a ultrassonografia e a sexagem fetal através do sangue da mãe as formas mais populares atualmente. Vamos falar resumidamente sobre alguns métodos de determinação do sexo fetal atualmente disponíveis.

Ultrassom para identificar o sexo do bebê

Nas últimas décadas, a ultrassonografia fetal tornou-se a forma mais comum de identificar o gênero do feto. O ultrassom é um exame ótimo, pois ele é simples, barato, indolor e sem riscos para a mãe ou o feto. Na verdade, a determinação do sexo do bebê é apenas uma das dezenas de utilidades do ultrassom obstétrico.

Em geral, ninguém faz o ultrassom somente para saber se é menino ou menina. A avaliação ultrassonográfica faz parte do pré-natal de rotina e a determinação do sexo do feto acaba sendo incluída junto com outras avaliações do estado de saúde da gestação (leia: Ultrassom na gravidez).

A determinação do sexo é feita de forma bem simples: vendo se o bebê tem um pênis ou uma vulva entre as pernas. Dizendo assim, pode parecer fácil, mas, apesar de a diferenciação da genitália começar ao redor da 6ª semana de gravidez, antes da 14ª semana, é muito difícil dizer através da imagem do ultrassom se o bebê tem um órgão sexual masculino ou feminino.

Ultrassonografia para identificar o sexo do bebê
Ultrassonografia para identificar o sexo do bebê

A posição do bebê dentro do útero é essencial para que o médico consiga ter imagens claras. O bebê já pode ter a genitália completamente formada, mas se a posição dele não for favorável, o médico pode não conseguir um ângulo adequado para avaliar a região pélvica.

Quando o bebê é um menino, costuma ser mais fácil, e mesmo com 12 semanas já pode ser possível determinar o gênero do feto. Contudo, quando o médico não consegue ver o pênis, isso pode significar uma menina ou simplesmente um ângulo inadequado para a visualização do órgão.

A partir da 18ª a 20ª, a genitália costuma estar bem formada e a taxa de acerto do ultrassom é de mais de 90%. Porém, mesmo nesta idade gestacional é possível haver dúvidas, principalmente se a posição do bebê não for a mais adequada. Quando é assim, a determinação do sexo acaba ficando para uma ultrassonografia posterior, com a gravidez já mais avançada.

Apesar da elevada taxa de acerto, o ultrassom pode dar errado, pois é um exame que depende da interpretação humana. O erro pode ser para os dois sexos, mas a maioria dos equívocos ocorre com meninos que são erradamente identificados como meninas pela imagem do ultrassom.

Sexagem fetal

A sexagem fetal é um exame que tem ganhado grande popularidade nos últimos anos. Ele é feito através da coleta de sangue da mãe para pesquisa do DNA do feto.

Já há algum tempo sabemos que amostras do DNA do feto conseguem atravessar a barreira placentária e alcançam a circulação sanguínea materna. Por isso, com uma simples amostra de sangue da mãe, é possível identificar características do DNA do bebê.

A lógica por trás deste exame de sexagem fetal é bem simples. Em situações normais, os seres humanos possuem um par de cromossomos sexuais. As mulheres apresentam 2 cromossomos X e os homens, um cromossomo Y e um cromossomo X.

A sexagem fetal procura especificamente pela presença do cromossomo Y no sangue da mãe. Como as mulheres são XX, ou seja, não possuem o cromossomo masculino Y no seu material genético, se o exame encontrar um cromossomo Y, ele só pode ter origem no feto.

Portanto, salvo situações excepcionais, se o exame de sexagem fetal encontrar cromossomo Y no sangue da grávida, isso significa que o bebê é um menino. Se não for identificada a presença de cromossomo Y no sangue, é porque o bebê é uma menina.

Conforme a gravidez avança, mais DNA fetal pode ser encontrado na circulação materna. Por isso, o teste só deve ser feito a partir da 8ª semana de gravidez. Antes da 8ª semana, pode não haver ainda quantidades suficientes de DNA fetal no sangue materno para a identificação do cromossomo Y, levando falsamente ao resultado de sexo feminino.


Taxa de acerto da sexagem fetal de acordo com a idade gestacional:

Fase da gravidezSexo FemininoSexo Masculino
Até 8ª semana74,0%>99,0%
8ª a 10ª semana99,0%>99,0%

A sexagem fetal é superior ao ultrassom, pois tem taxa de acerto mais alta e consegue definir o sexo do bebê mais precocemente. A sua única desvantagem é o preço. Um exame de sexagem fetal custa entre 300 e 500 reais.

Amniocentese

A amniocentese é um exame invasivo, que consiste na introdução de uma agulha na barriga da mãe até dentro do útero para a coleta de um pequeno volume de líquido amniótico. Esse líquido coletado é rico em material genético do feto e pode ser usado para identificação do sexo do bebê. Sua taxa de acerto é de 100%.

A amniocentese é um procedimento usado para investigação ou rastreio de doenças genéticas do feto. Ele tem suas indicações e nunca é feito exclusivamente para identificação do sexo, uma vez que, para isso, existem exames mais simples e com menos riscos.

Falamos especificamente sobre a amniocentese no seguinte artigo: Amniocentese – Exame do líquido amniótico.

Principais mitos sobre a identificação do sexo do bebê

É curioso que, apesar de todos os avanços tecnológicos das últimas décadas, muitas pessoas ainda recorram a testes caseiros e crenças do tempo das suas bisavós para adivinhar o sexo do bebê.

Na verdade, como só existem 2 opções de sexo, masculino ou feminino, qualquer teste, por mais esdrúxulo que seja, terá sempre uma taxa de acerto ao redor de 50%. Isso significa que, estatisticamente, a cada 2 grávidas, qualquer teste acertará o sexo do bebê em pelo menos uma.

Também é importante destacar que, dependendo da cultura e da região, um mesmo teste pode ter significados diferentes. Por exemplo, uma barriga alta pode significar menino segundo a crença popular em um determinado país, e menina em outro. O divertido é que em ambos, a taxa de acerto será de 50%.

Vamos fazer uma rápida revisão crítica sobre algumas crenças populares para identificação do gênero do bebê.

Perguntas frequentes

  1. O formato da barriga da mãe pode identificar o sexo do bebê?

    Não. É impossível descobrir o sexo do bebê apenas pelo formato da barriga da grávida.

    O formato e o tamanho da barriga da mãe não têm relação alguma com o sexo do bebê, mas sim com tônus muscular do abdômen, o biotipo da mãe, o tamanho e peso do bebê, a posição do feto, a idade gestacional e a quantidade de peso que a mãe ganhou durante a gravidez.

  2. A frequência cardíaca do feto é diferente entre meninos e meninas?

    Não. Diversos estudos tentaram estabelecer uma relação entre a frequência cardíaca do feto e o seu sexo, mas a imensa maioria demonstrou não haver nenhuma ligação.

    Um estudo de 1999, porém, sugeriu que nos dias que antecedem ao parto, e apenas neste momento, os batimentos cardíacos das meninas são mais acelerados que dos meninos.

    Não existem outros estudos que comprovem essa relação. E mesmo que existissem, um método que só é capaz de definir o sexo do bebê poucos dias do parto é pouco útil.

  3. O tipo de movimento de uma aliança suspensa por fio acima da barriga da mãe pode identificar o sexo do bebê?

    Não. Essa teoria é tão desprovida de base científica que nunca ninguém se dispôs a fazer um estudo sobre ela. É óbvio que o movimento da aliança depende de quem a está segurando, e não da barriga da mãe, que não tem contato nenhum com o objeto.

    Em tempo: parece óbvio, mas não custa dizer, bebês não são seres dotados de magnetismo para poderem, à distância, interferir no movimento de objetos metálicos.

  4. A tabela chinesa baseada na idade lunar funciona para adivinhar o sexo do bebê?

    Não. A tabela chinesa não funciona.

    Diz a lenda que uma tabela chinesa de mais de 700 anos encontrada enterrada na tumba de um imperador consegue prever, a partir da idade lunar da mãe e do mês da concepção, o sexo do bebê com 99% de segurança.

    Não era preciso estudo científico para imaginar que a tabela não funciona. Porém, esse estudo existe, o que nos fornece comprovação científica de que a tabela não tem 99% de eficácia. Um estudo sueco avaliou a gravidez de 2,8 milhões de mulheres entre os anos de 1973 e 2006 e chegou ao seguinte resultado: a tabela chinesa possui uma taxa de acerto próxima de 50%.

    Explicamos a tabela chinesa da gravidez em detalhes no seguinte artigo: A Tabela chinesa para saber o sexo do bebê funciona?

  5. O método de Ramzi, que utiliza a posição da placenta no útero, tem uma taxa de acerto de 97%?

    Não. O método de Ramzi foi supostamente criado pelo Dr. Saam Ramzi Ismail e publicado em 2011 sob forma de estudo científico em um website sobre Obstetrícia.

    O estudo que descreve o método afirma que, se na ultrassonografia fetal a placenta estiver implantada à direita do útero, o bebê é menino; caso a placenta esteja implantada à esquerda do útero, o bebê é menina.

    O tal estudo, porém, apresenta diversas falhas e nem sequer identifica os seus autores, muito menos onde ele foi feito. O site que o publicou também não é uma fonte confiável para estudos clínicos.

    Além disso, não existe nenhum outro estudo científico que corrobore com esses achados. Pelo contrário, os poucos que existem chegaram à conclusão de que não há relação entre a posição da placenta e o sexo do bebê.

    Para saber mais sobre o método de Ramzi, leia: O Método de Ramzi Para Saber o Sexo do Bebê é Confiável?


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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