Dor na mama: causas, tratamento e risco de câncer

A dor nos seios é um sintoma extremamente comum. Cerca de 60% das mulheres têm algum grau de mastalgia, mas poucas consideram esse sintoma importante o suficiente para procurar ajuda médica.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

18 Comentários

Dor na mama

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é mastalgia e mastodinia?

A dor nos seios é chamada em medicina de mastalgia. Quando a dor na mama está intimamente relacionada à menstruação, ela recebe o nome de mastodinia.

A dor nos seios é um sintoma extremamente comum. Cerca de 60% das mulheres têm algum grau de mastalgia, mas poucas consideram esse sintoma importante o suficiente para procurar ajuda médica. Na verdade, apenas uma em cada 10 mulheres que referem dor em um ou ambos os seios descreve a dor como de moderada a forte intensidade.

Na imensa maioria dos casos, a mastalgia não é um sinal de doença grave das mamas. Isso não significa, porém, que mulheres com dor mamária persistente não devam procurar seus ginecologistas para tentar esclarecer a origem da sua dor.

Causas

Dois terços das dores mamárias são consideradas cíclicas e um terço é considerada não-cíclica.

A dor cíclica da mama é aquela que está associada às variações hormonais do ciclo menstrual, surgindo, habitualmente, uma semana antes da menstruação.

A dor não-cíclica da mama é aquela que não segue um padrão mais ou menos previsível, podendo ser constante, intermitente ou apenas pontual, como após traumas da mama ou do tórax.

Principais causas de dor mamária cíclica

Dores leves ou pequenos desconfortos difusos em ambas as mamas são normais durante o ciclo menstrual e ocorrem em praticamente todas as mulheres em idade fértil. Este tipo de dor nos seios costuma surgir na segunda metade do ciclo menstrual, agrava-se dias antes da menstruação e desaparece assim que a mulher menstrua.

Quando esta dor cíclica relacionada ao ciclo menstrual é de intensidade moderada a forte, dizemos que a paciente tem mastalgia cíclica ou mastodinia. As características são as mesmas de qualquer dor cíclica, mas o incômodo é tão importante que pode atrapalhar a vida sexual, social e as atividades físicas nos dias que antecedem a menstruação.

Outra causa comum de dor cíclica nos seios é a chamada doença fibrocística da mama. Apesar de ter doença no nome, essa alteração da mama não é uma doença de fato. São apenas nódulos císticos benignos que podem surgir na mama ao longo da vida devido a estímulos hormonais. Em alguns casos, estes cistos podem ser dolorosos.

Principais causas de dor mamária não-cíclica

Ao contrário das dores cíclicas, a dor mamária não-cíclica não mantém relação com o ciclo menstrual e costuma acometer apenas uma das mamas. Entre as causas comuns de dores não-cíclicas, podemos citar:

  • Mamas muito grandes: o peso pode causar estiramento do ligamento de Cooper, que é a estrutura que dá sustentação às mamas.
  • Mastite: inflamações da mama são muito comuns durante o aleitamento materno, mas podem ocorrer também em mulheres que não estão amamentando (leia: Mastite da amamentação).
  • Traumas na mama: após lesões ou traumas, a mama pode apresentar dor não-cíclica por algum tempo.
  • Ectasia ductal: essa alteração ocorre por dilatação e obstrução dos ductos mamários que transportam leite. A ectasia ductal pode provocar inflamação, levando a um quadro muito parecido com o da mastite.
  • Gravidez: o desenvolvimento das mamas durante a gravidez pode levar a quadros de dor não-cíclica.
  • Câncer da mama: um tipo de tumor maligno do seio, conhecido como doença de Paget da mama, é uma forma rara de câncer da mama que pode provocar inflamações, ulcerações e dor no seio.
  • Cirurgia prévia da mama: após a cicatrização do tecido mamário devido a uma cirurgia ou biópsia, a mama intervencionada pode passar a apresentar quadros de dor não-cíclica.
  • Medicamentos: alguns fármacos podem causar dor não-cíclica nos seios, como por exemplos: antidepressivos (fluoxetina ou sertralina), pílulas anticoncepcionais, metronidazol, clomifeno, espironolactona e outros.

Principais causas de dor extra-mamária

Algumas mulheres com mastalgia podem ter, na verdade, problemas fora da mama, como dor muscular na região do tórax, lesões nas costelas, herpes zoster, fibromialgia, problemas de coluna, etc.

Sintomas da mastalgia

As principais características que distinguem a dor mamária cíclica da dor mamária não-cíclica estão resumidas na tabela abaixo:

Dor mamária cíclicaDor mamária não-cíclica
Claramente relacionado com o ciclo menstrual.Sem relação com o ciclo menstrual.
Dor descrita como difusa, maçante, opressiva ou latejante.Dor descrita como tração, queimação, pontada ou dor incômoda.
Geralmente afeta ambas as mamas e é mais grave no quadrante superior externo das mamas.Frequentemente acomete apenas uma mama, em uma área localizada.
Afeta mais comumente mulheres entre 20 e 40 anos.É mais comum ocorrer após a menopausa.
A dor se intensifica progressivamente durante as duas semanas anteriores ao início do período menstrual e desaparece assim que a menstruação desce.Dor contínua ou intermitente que não muda de característica consoante a fase do ciclo menstrual.

Dor nos seios pode ser sintoma de câncer da mama?

A maioria das mulheres que procura o seu ginecologista por conta de dor nos seios, o faz pelo medo do câncer de mama. Felizmente, esse medo é infundado na maioria dos casos.

A verdade é que a dor nas mamas é um sintoma muito mais relacionado a doenças benignas da mama do que ao câncer. Menos de 3% das mulheres que apresentam dor mamária como único sintoma acabam descobrindo que a origem da dor era um tumor maligno da mama.

Nos casos de dor cíclica, ou quando a causa da dor mamária é óbvia, como traumas recentes ou uma mastite em curso, não é preciso realizar exames de imagem, como mamografia ou ultrassonografia da mama, para descartar doenças mais graves.

A não ser que a dor seja de origem desconhecida e durante o exame da mama seja possível identificar um nódulo solitário suspeito, não há por que pensar em câncer da mama para pacientes com queixas de mastalgia.

Tratamento

O primeiro passo no tratamento da mastalgia é acalmar a paciente e explicar que esse sintoma não é um sinal habitual de câncer da mama.

Em muitos casos, a dor nos seios desaparece com o tempo, sem que nenhum procedimento seja necessário. Em outros, simples mudanças da dieta e de hábitos de vida podem ajudar. Cortar gorduras, parar de fumar e reduzir o consumo de cafeína parecem ser efetivos em alguns casos.

Mulheres com seios grandes devem trocar o tamanho e o tipo do sutiã, de forma a mantê-los com melhor suporte. As mulheres que praticam corridas ou outras atividades físicas que causem intensa movimentação dos seios devem usar “sutiãs esportivos” para mantê-los mais “presos”.

Quando a dor estiver relacionada à medicação, ou troca-se o remédio ou a dose deve ser reduzida.

Se a dor for muito incômoda, anti-inflamatórios ou analgésicos simples podem ser usados por alguns dias. Em casos de dor severa, drogas como o tamoxifeno e o danazol podem ser prescritas, apesar de terem efeitos colaterais frequentes.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Saiba mais

Artigos semelhantes

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas

Leave a Comment