Cisto pilonidal: o que é, sintomas e tratamento

O cisto pilonidal é uma lesão que se forma na pele, geralmente perto do cóccix, contendo pelos e restos de pele. Pode causar dor e inflamação, principalmente se infectar. O tratamento inclui drenagem ou remoção cirúrgica.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Cisto pilonidal

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O que é cisto pilonidal?

Um cisto é um tipo de saco fechado, envolto por uma membrana e com algum conteúdo interno. A maioria dos cistos que surgem em nosso corpo contém líquidos no seu interior, como são os casos do cisto renal e do cisto de ovário. Se o material no interior do cisto for pus, ele passa a ser chamado de abscesso.

O cisto pilonidal ou abscesso pilonidal é uma lesão que ocorre habitualmente na parte superior da prega que divide as nádegas, logo acima do ânus.

Esses cistos se formam preferencialmente na parte superior da prega que divide as nádegas, 4 a 5 cm acima do ânus, na região do cóccix, mas podem também aparecer em outros locais, como ao redor do umbigo, axilas ou couro cabeludo.

O termo pilonidal significa “ninho de pelos”. O cisto pilonidal recebeu este nome porque é muito frequente encontrarmos cabelo no seu interior.

O cisto pilonidal é uma doença muito comum, que não costuma provocar maiores complicações, apesar de ser muito desconfortável e ter tratamento difícil em alguns casos.

A doença que ocorre predominantemente em homens jovens, entre os 15 e 25 anos de idade. Homens acima de 40 anos raramente desenvolvem esse tipo de cisto.

Formação do Cisto pilonidal
Formação do Cisto pilonidal

Causas

A origem do cisto pilonidal ainda não está totalmente esclarecida. Quando a doença foi descrita pela primeira vez, no início do século XIX, pensava-se que sua origem era uma má formação que provocava a permanência de tecidos embriológicos na região subcutânea.

Porém, um grande aumento da incidência da doença em soldados durante a Segunda Guerra Mundial levou a comunidade científica a repensar suas origens. Só no exército americano, mais de 80 mil soldados apresentaram casos de cisto pilonidal durante as batalhas. Se era uma doença congênita, como poderiam tantos soldados desenvolvê-la em tão curto espaço de tempo?

Atualmente, considera-se o cisto pilonidal uma doença que se adquire durante a vida. O mecanismo atualmente proposto seria a penetração de pelos para dentro da pele. Esses pelos se acumulam no tecido subcutâneo e provocam uma reação inflamatória, que leva à formação dos cistos. Em alguns casos, o pelo entra na pele e forma um pequeno canal subcutâneo antes de dar origem ao cisto.

Os cistos pilonidais costumam apresentar pelos, mas não conseguimos encontrar um folículo piloso, o que mostra que o cabelo não nasceu neste local, mas sim, foi empurrado até lá.

Se junto com o pelo também houver invasão de bactérias, o cisto pode se infectar, formando pus. Como já explicamos, um cisto infectado dá origem a um abscesso.

Fatores de risco

O cisto pilonidal ocorre mais frequentemente em jovens que costumam apresentar folículos pilosos mais amplos, facilitando a penetração do pelo para dentro da pele.

Outros fatores de risco importantes são traumas na região do cóccix, atividades profissionais ou esportes que requerem muito tempo sentado, obesidade, excesso de pelos na região do cóccix ou ter uma prega das nádegas profunda.

No caso da Segunda Guerra Mundial, a origem de tantos cistos pilonidais parece ter sido o tempo excessivo gasto em Jipes, que mantinha os soldados sentados por muito tempo e ainda provocava pequenos traumatismos na região do cóccix devido ao instável terreno em que os veículos andavam.

Sintomas

O cisto pilonidal pode se apresentar de maneiras diferentes. Há casos de pequenos cistos que não se infectam e, portanto, permanecem assintomáticos por muito tempo.

Há cistos que inflamam e formam uma espécie de nódulo avermelhado, quente e doloroso por baixo da pele. Os cistos pilonidais podem criar um ou mais canais, podendo fistulizar para pele (formar canais com orifícios de saída na pele). Se o cisto estiver infectado, o pus do abscesso pode escoar por estes canais e drenar pela pele.

Os cistos inflamados podem apresentar dor e impedir o paciente de sentar.

Febre não é comum e o paciente não costuma ter outras queixas além da lesão inflamada.

Metade dos paciente tem uma doença aguda, com rápida formação de abscesso, enquanto a outra metade apresenta uma forma mais crônica, com fistulização e drenagem persistente de material purulento pelo orifício.

Foto de cisto pilonidal
Imagens do cisto pilonidal

Há relatos de que as formas crônicas, se negligenciadas, podem, após alguns anos, dar origem a um carcinoma de células escamosas, que é uma forma de câncer de pele (leia: O que é um carcinoma?). Esta complicação, todavia, é rara.

Tratamento

O tratamento do cisto pilonidal é cirúrgico. Antibióticos ou medicamentos, sem drenagem ou cirurgia, não são eficazes.

Antibióticos podem ser prescritos se o paciente tiver sinais de celulite (infecção da pele) ao redor do cisto pilonidal. Ainda assim, a drenagem ou a cirurgia devem ser realizadas para cura da infecção.

Drenagem do cisto

Inicialmente, uma pequena incisão da pele sob anestesia local é suficiente para drenar o conteúdo do cisto (leia: Tipos de anestesia). Este procedimento é simples e pode ser feito ambulatorialmente, fora de ambiente hospitalar.

O tempo de recuperação pode chegar a 5 semanas. O problema é alta taxa de recorrência.

Cirurgia

Se o cisto retornar após a drenagem, uma cirurgia mais extensa pode ser necessária para a remoção completa do mesmo. Nestes casos, o tempo de recuperação é bem mais prolongado, chegando a três meses.

Nos casos de recidiva frequente, a excisão aberta é a forma cirúrgica mais efetiva, mas também a de pior recuperação. Nessa técnica, o cirurgião abre a pele, retira o cisto e deixa a ferida aberta, sem dar pontos, para que ela cicatrize naturalmente (técnica chamada cicatrização por segunda intenção). Esta técnica tem baixa taxa de recorrência, mas necessita de muitos cuidados com o curativo da ferida para evitar infecções do local enquanto ela ainda não estiver totalmente cicatrizada.


Referências

  • Pilonidal Disease – Uptodate.
  • Pilonidal Disease – Medscape.
  • Pilonidal Disease – Clinics in colon and rectal surgery.
  • Pilonidal Disease – The American Society of Colon and Rectal Surgeons (ASCRS).
  • Cameron JL, et al., eds. The management of pilonidal disease. In: Current Surgical Therapy. 11th ed. Philadelphia, Pa.: Saunders Elsevier; 2014.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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