Vacina para infecção urinária (Uro‐Vaxom, Uromune e mais)

Existem no mercado mundial 4 marcas de vacina contra infecção urinária: Uro-Vaxom®, SolcoUrovac®, StroVac® e Uromune®. A Uro-Vaxom® é a vacina mais utilizada em todo mundo e a única vendida no Brasil e em Portugal atualmente.
Dr. Pedro Pinheiro

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Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

Introdução

A infecção do trato urinário (ITU), também chamada infecção urinária, é uma das formas mais comuns de infecção bacteriana, atingindo milhões de pessoas todos os anos, principalmente no sexo feminino.

A forma mais comum de infecção urinária é a cistite, que é a infecção da bexiga. Cerca de 40% das mulheres terão ao menos um episódio de cistite ao longo de suas vidas.

Só nos EUA, a infecção urinária é responsável por cerca de 8 milhões de consultas médicas, 100 mil internações hospitalares e um gasto de mais de 2 bilhões de dólares em custos médicos.

Além da alta prevalência e do elevado custo, a infecção urinária também é uma das principais responsáveis pelo extensivo uso de antibióticos entre a população, correspondendo a 25% de todas as prescrições.

Portanto, uma eficaz forma de prevenção que não envolva o uso de antibióticos é atualmente o principal desejo de médicos e pacientes. Uma vacina, por exemplo, poderia agir nos três problemas de uma vez: reduziria a incidência da infecção, os seus custos e a necessidade de antibióticos.

Neste artigo falaremos exclusivamente da vacina contra infecção urinária. Para informações sobre outras formas de prevenção, leia: 21 Dicas para Evitar a Infecção Urinária.

Existe vacina para infecção urinária?

Sim, já existem algumas vacinas para infecção urinária e ainda há várias outras em fase de testes, algumas com resultados promissores.

O problema é que nenhuma das vacinas atualmente disponíveis no mercado apresenta taxa de eficácia muito alta a longo prazo. Após 6 a 12 meses, todas elas parecem perder efeito.

Além disso, ao contrário das vacinas já consagradas, como contra sarampo, pólio e hepatite B, as opções de vacinas contra ITU ainda carecem de robusta comprovação científica. Elas parecem funcionar, principalmente a curto/médio prazo, mas ainda não existem grandes estudos controlados sobre esses fármacos.

Quem deve tomar?

A vacina só está indicada para mulheres com cistite de repetição, ou seja, 3 ou mais episódios de ITU por ano.

Como a eficácia da vacina costuma diminuir após 6 a 12 meses, se você não tem cistite frequentemente, não faz sentido tomar a vacina, pois o efeito dela não estará mais presente quando você precisar.

Uro‐Vaxom®

Existem no mercado mundial 4 marcas de vacina contra infecção urinária: Uro-Vaxom®, SolcoUrovac®, StroVac® e Uromune®.

A Uro-Vaxom® é vacina mais utilizada em todo mundo e a única vendida no Brasil e em Portugal atualmente.

A Uro-Vaxom® uma vacina formada a partir do lisado de estruturas da membrana celular de 18 estirpes diferentes da bactéria Escherichia coli. Isso significa que essa vacina só confere imunidade contra as infecções do trato urinário provocadas pela bactéria E.coli.

Esse dado pode parecer ser uma fraqueza da vacina, mas não é. Cerca de 80% a 90% das cistites são causadas pela E.coli. Sendo assim, uma vacina composta por várias estirpes desta bactéria é potencialmente capaz de prevenir quase todos os casos de ITU.

O uso de Uro-Vaxom® por 3 meses reduz a incidência de ITU em cerca de 30 a 40%. O efeito protetor máximo da vacina ocorre aos 3 meses, com perda progressiva da eficácia ao longo do tempo.

Não há estudos sobre a eficácia da vacina para além de um ano.

Como tomar?

A posologia da Uro-Vaxom® é de 1 cápsula de 6 mg todos os dias de manhã, em jejum, por 3 meses.

Doses de reforço podem ser feitas com 1 cápsula por dia nos primeiros 10 dias dos meses 7,8 e 9. O reforço aumenta o tempo de eficácia da vacina.

Indicações

Como já referido, a vacina para infecção urinária só está indicada para mulheres que tenham cistite de repetição.

Para saber mais sobre a cistite recorrente, leia: Infecção urinária de repetição – Causas e Prevenção.

Efeitos colaterais

A incidência de efeitos indesejáveis é de aproximadamente 4%. Os mais comuns são:

  • Diarreia.
  • Náusea.
  • Dor abdominal.
  • Prurido.
  • Rash na pele.
  • Febre.

Contraindicações

A única contraindicação é história de alergia a algum dos componentes da vacina. São eles: lisado bacteriano de Escherichia coli, propilgalato anidro, glutamato de sódio monobásico, manitol, amido pregelatinizado, estearato de magnésio, óxido de ferro vermelho, óxido de ferro amarelo, dióxido de titânio, gelatina.

Por falta de estudos sobre segurança, a Uro-Vaxom® não é indicada na gravidez nem durante o aleitamento materno.

A vacina também não foi estudada em crianças com menos de 4 anos.

MV-140 ou Uromune®

A MV-140 (nome comercial Uromune®) é uma vacina sublingual para prevenção de infecções urinárias recorrentes, especialmente cistite. Ela é composta por estirpes inativadas de quatro bactérias: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus vulgaris e Enterococcus faecalis.

A administração da MV-140 é feita através de dois sprays sublinguais diários por um período de três meses. Esta vacina tem mostrado ser bastante eficaz na redução da incidência de infecções urinárias de repetição, mas ela ainda não está disponível na maioria dos países, incluindo Brasil e Portugal, até o momento.

SolcoUrovac® e StroVac®

A SolcoUrovac® e a StroVac® são vacinas compostas por 10 estirpes inativadas de bactérias: 6 de Escherichia coli e 1 de Proteus mirabilis, Morganella morganii, Klebsiella pneumoniae e Enterococcus faecalis.

Nenhuma das duas marcas encontra-se à venda no Brasil ou Portugal até o momento.

A SolcoUrovac® é administrada como supositório vaginal, 1 vez por semana por três semanas consecutivas, seguido de três doses de reforço às 6, 10 e 14 semanas.

A StroVac® é administrada como injeção intra-muscular, 1 vez por semana por três semanas consecutivas. Após um ano, uma dose de reforço pode ser aplicada.

A SolcoUrovac® e a StroVac® também parecem ser eficazes na redução da incidência das cistites, mas os estudos com essas vacinas são pequenos e de pouca qualidade.


Referências


Autor(es)

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Universidade do Porto. Nefrologista pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e pelo Colégio de Nefrologia de Portugal.

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