HPV: o que é, sintomas, transmissão e tratamento

Existem mais de 150 subtipos de HPV. O HPV-2 e o HPV-4 estão associados às verrugas comuns de pele, enquanto o HPV-1 provoca verrugas que acometem preferencialmente as plantas dos pés. Já o HPV-6 e o HPV-11 estão relacionados ao desenvolvimento das verrugas genitais. O câncer do colo uterino pode ser provocado por até 13 subtipos, mas a maioria dos casos ocorre quando a mulher se infecta com o HPV-16 ou o HPV-18.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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HPV

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O que é o HPV?

O papilomavírus humano, mais conhecido pela sigla HPV, é um vírus que pode ser transmitido pela via sexual ou pelo contato direto com a pele.

O HPV infecta exclusivamente os seres humanos e ataca as células do epitélio da pele e da mucosa.

A ação do vírus sobre as células da pele favorece a formação de tumores, a maioria deles pequenos e benignos, tais como as verrugas comuns de pele ou as verrugas genitais, conhecidas também como condiloma acuminado ou crista de galo.

Porém, quando área infectada é a mucosa do colo do útero, da vagina, do pênis ou do ânus, o vírus pode induzir a formação de tumores malignos, gerando, por exemplo, o câncer do colo do útero e o câncer anal.

O papilomavírus humano tem grande relevância médica porque ele está relacionado a praticamente 100% dos casos de câncer de colo do útero, um dos tipos de câncer mais comuns na população feminina.

Existem mais de 150 subtipos de HPV. Cada subtipo do vírus tem atração por uma determinada área do corpo. Por exemplo, o HPV-2 e o HPV-4 estão associados às verrugas comuns de pele, enquanto o HPV-1 provoca verrugas que acometem preferencialmente as plantas dos pés. Já o HPV-6 e o HPV-11 estão relacionados ao desenvolvimento das verrugas genitais.

O câncer do colo uterino pode ser provocado por até 13 subtipos, mas a maioria dos casos ocorre quando a mulher se infecta com o HPV-16 ou o HPV-18.

Cânceres relacionados ao papilomavírus humano

Como já referido, o que torna o papilomavírus humano um problema sério de saúde pública é a sua capacidade de provocar alguns tipos de câncer. 99% dos cânceres de colo de útero, 93% dos cânceres de ânus, 60% dos cânceres da vulva e 50% dos cânceres de pênis e vagina estão relacionados à infecção pelo HPV. Raramente, o HPV também é capaz de provocar câncer da laringe, da boca, dos seios nasais e do esôfago.

Dentre todos esses cânceres citados, o câncer do colo uterino é disparado o mais comum, motivo pelo qual é muito mais frequente ouvirmos falar sobre a sua associação com o papilomavírus humano do que em relação aos outros tipos de câncer.

Todavia, é importante frisar que nem toda infecção pelo HPV leva à formação de um tumor maligno. Dentre os mais de 150 subtipos de HPV conhecidos, alguns são considerados mais perigosos, como os subtipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68, enquanto outros são menos agressivos, com baixo risco de transformação maligna, como os subtipos 6, 11, 40, 42, 43, 44, 53, 54, 61, 72, 73 e 81.

Na verdade, cerca de 70% dos casos de câncer do colo de útero são provocados por apenas 2 subtipos, 50% pelo HPV-16 e 20% pelo HPV-18. O HPV-16 também está por trás da maioria dos casos de câncer anal, peniano, vaginal, vulvar e de alguns tipos de câncer da orofaringe, sendo este, portanto, o subtipo de papilomavírus humano mais perigoso, tanto para homens quanto para mulheres.

Além do subtipo do HPV, outro fator importante para a geração de um tumor maligno é o tempo de infecção. A maioria das pessoas contaminadas pelo HPV consegue se livrar espontaneamente do vírus após 1 ou 2 anos. Para tanto, basta ter um sistema imunológico capaz de lidar com o papilomavírus humano. Cerca de 10% dos indivíduos contaminados, porém, desenvolvem o que chamamos de infecção persistente. São essas as pessoas que apresentam o maior risco de terem câncer.

O HPV precisa de 10 a 20 anos para conseguir provocar alterações celulares capazes de gerar um tumor maligno. Por isso, exames de rastreio do câncer do colo do útero, como o famoso exame Papanicolau (exame ginecológico preventivo), são essenciais para podermos identificar a ocorrência de alterações pré-malignas, que surgem anos antes do tumor maligno aparecer.

Se você quiser entender como funciona o exame Papanicolau e o que significam as siglas NIC-1,NIC-2 e NIC-3, acesse o seguinte link: Exame Papanicolau.

Formas de transmissão

Os papilomavírus que infectam a pele e provocam as verrugas comuns são normalmente contraídos quando há pequenas lesões da pele, como cortes ou arranhões, que permitem a invasão do vírus para dentro do organismo. A transmissão é feita, portanto, com o contato de pele com pele.

Os subtipos de papilomavírus humano que provocam as verrugas comuns não têm relação com os cânceres que ocorrem na mucosa da genitália, do ânus ou do colo do útero, pois eles não têm capacidade de infectar esta região. O oposto também é verdadeiro, já que os subtipos que habitualmente provocam lesão das mucosas não costumam atacar a pele.

Entretanto, existem algumas exceções à regra acima. Alguns subtipos capazes de provocar verrugas na pele também podem, eventualmente, provocar verrugas genitais, tais como o HPV-1, HPV-2 e HPV-4. Esses subtipos, porém, raramente causam verrugas genitais e quando o fazem têm baixa capacidade de gerar tumores malignos.

O contágio das mucosas da vagina, vulva, ânus, pênis e colo do útero se dá através da via sexual. Muitos não sabem, mas a infecção pelo HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo, muito mais frequente que AIDS, gonorreia, sífilis ou qualquer outra DST famosa.

A transmissão do papilomavírus humano pelo sexo oral é possível, mas é bem menos comum do que a transmissão através do sexo vaginal ou anal. Alguns casos de câncer da orofaringe, laringe e esôfago estão relacionados a este tipo de contaminação.

Exceto pelo compartilhamento de objetos sexuais, a transmissão do HPV por outros tipos de objetos inanimados, como toalhas, roupa de cama ou roupas íntimas, não parece ocorrer. Da mesma forma, não se pega HPV em banheiros públicos, piscina, sauna ou praia.

Sintomas da infecção pelo papilomavírus humano

Como já explicado, cada subtipo de papilomavírus humano tem preferência por determinada área do corpo:

  • Os subtipos 1, 2, 4, 26, 27, 29, 41, 57, 65 e 75 a 78 costumam causar as verrugas comuns de pele.
  • Os subtipos 3, 10, 27, 28, 38, 41 e 49 também provocam verrugas na pele, mas são geralmente as chamadas verrugas planas.
  • Os subtipos 1, 2, 4, 60, 63 provocam as verrugas nas plantas dos pés.
  • Os subtipos 1 a 6, 10, 11, 16, 18, 30, 31, 33, 35, 39 a 45, 51 a 59, 70 e 83 podem provocar verrugas genitais ou anais (condiloma acuminado). Nota: 90% dos casos de verrugas genitais são provocados pelos subtipos 6 e 11.

Os HPV-16 e HPV-18, que são aqueles mais relacionados ao câncer do colo do útero, não costumam provocar sintoma algum. A imensa maioria das mulheres contaminadas com o papilomavírus humano nem sequer desconfia que tenha o vírus. O diagnóstico da infecção ocorre geralmente através do exame ginecológico preventivo.

Diagnóstico

Nos casos das verrugas de pele ou genitais, o diagnóstico do HPV é clínico, através de um simples exame físico. Basta identificar a presença da verruga, não são necessários outros testes. No caso específico das verrugas genitais, apesar do diagnóstico do papilomavírus humano ser óbvio, é importante que o(a) paciente seja testado(a) para outras DST, pois é muito comum que uma pessoa tenha mais de uma DST ao mesmo tempo.

Já o diagnóstico do HPV nas mulheres com o colo do útero infectado é mais complexo. Não há sintomas e nem sempre os achados no exame Papanicolau são característicos de infecção pelo papilomavírus humano. Para pesquisar a presença do vírus, o ginecologista precisa colher durante o exame ginecológico uma pequena amostra de material do colo do útero e do interior da vagina. Esse material é enviado para o laboratório para o mesmo poder procurar pela presença do papilomavírus. Se houver HPV presente, o laboratório é capaz de informar qual é o subtipo do vírus responsável pela infecção.

Tratamento

Como já referido anteriormente, cerca de 90% das infecções pelo HPV curam-se sozinhas após 1 ou 2 anos.

Na verdade, o papilomavírus humano possui uma característica curiosa: é uma infecção que não tem tratamento, mas tem cura. Não existem medicamentos que matem o vírus ou acelerem o processo de cura. A única opção é esperar que o sistema imunológico elimine espontaneamente o vírus com o passar do tempo.

Nos pacientes que desenvolvem verrugas, o tratamento é voltado apenas para a eliminação da lesão. Quando a verruga é removida, isso não significa que o vírus tenha sido eliminado do organismo. O paciente continua infectado e pode desenvolver novas verrugas enquanto o HPV estiver presente.

A situação é igual à das mulheres que desenvolvem lesões pré-malignas (neoplasias intraepiteliais) do colo do útero. Quando uma lesão pré-maligna é identificada, o ginecologista a remove cirurgicamente, mas isso não significa que a paciente ficou curada do HPV. Se ela permanecer infectada, novas lesões potencialmente malignas podem surgir ao longo dos anos.

Falamos com mais detalhes sobre o tratamento e a cura do papilomavírus humano no seguinte artigo: O vírus HPV tem cura?.

Prevenção

Apesar de ser uma importante medida de prevenção, a camisinha não é 100% eficaz contra a transmissão do HPV. Isso ocorre porque o vírus pode estar presente em áreas da genitália que não ficam cobertas pelo preservativo.

Para haver real prevenção da infecção pelo vírus, a melhor opção é a vacina. Existem 2 vacinas contra o HPV, uma que protege contra os subtipos 16 e 18, os mais perigosos para o câncer de colo do útero, e outra que protege contra os subtipos 16, 18, 6 e 11, eficaz contra o câncer do colo do útero e contra as verrugas genitais.

As vacinas contra HPV são muito eficazes, com taxas de sucesso acima de 95%, principalmente quando administradas em meninas jovens, que ainda não começaram a sua vida sexual e, portanto, nunca tiveram contato com o papilomavírus humano.

Apesar das frequentes campanhas obscurantistas e caluniosas que tentam desqualificar a importância da vacinação, o fato é que a vacina contra o HPV apresenta sólida base científica, tanto na questão da eficácia quanto da sua segurança.

Para saber mais sobre a vacina contra o papilomavírus humano, leia: Vacina contra HPV – eficácia, efeitos e indicações.

Informações em vídeo

Não deixe de ver também esse curto vídeo, produzido pela equipe do MD.Saúde, que explica de forma simples a vacinação contra o HPV.

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Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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