Riscos da exposição solar
A exposição ao sol pode ter efeitos imediatos e acumulativos e, sem proteção adequada, pode resultar em danos a curto e a longo prazo, como queimaduras, envelhecimento precoce, surgimento de manchas escuras na pele e o desenvolvimento de câncer de pele.
Fotoproteção significa se proteger do sol. A maioria das pessoas acredita que o filtro solar (também chamado de protetor solar ou bloqueador solar) é suficiente para nos dar essa fotoproteção, mas isso não é verdade.
O protetor solar, embora essencial, é apenas uma parte da proteção solar completa, que deve envolver também outras medidas, tais como:
- Uso de roupas com proteção UV: bloqueiam a entrada de radiação diretamente na pele, principalmente durante atividades ao ar livre.
- Óculos de sol com proteção UV: evita o envelhecimento da pele ao redor dos olhos e reduz o risco de catarata e outras doenças oculares relacionadas à radiação.
- Chapéus e bonés com abas largas: protegem o rosto, orelhas e pescoço.
- Atenção ao índice UV diário: especialmente em épocas do ano e horários em que o índice é alto. O índice UV é um indicador do risco de exposição, variando de 0 a 11, sendo essencial ajustar a proteção dependendo do nível do índice.
Tipos da radiação solar
O sol emite diferentes tipos de radiação que chegam à Terra e impactam nossa pele de formas específicas. Cada tipo de radiação possui um comprimento de onda e penetra na pele em diferentes camadas, causando danos que variam de superficiais a profundos.
Quatro são os principais tipos de radiação que chegam até à superfície da Terra:
Radiação ultravioleta B (UVB)
A radiação UVB possui comprimento de onda mais curto e penetra na camada mais superficial da pele (epiderme). Essa forma de luz é praticamente imperceptível e está associada ao aumento do risco de câncer de pele, incluindo o melanoma, um dos tipos mais agressivos de câncer. Também é responsável pelas queimaduras solares, bronzeamento da pele e escurecimento de manchas.
A radiação UVB é mais intensa em áreas tropicais, durante o verão e em horários próximos ao meio-dia. Por isso, evitar a exposição solar direta entre 10h e 16h é altamente recomendado.
Radiação ultravioleta A (UVA)
A radiação UVA tem um comprimento de onda mais longo que o da UVB, permitindo que penetre mais profundamente na pele, chegando à derme (camada da pele localizada abaixo da epiderme).
A radiação UVA também é pouco percebida e representa 95% da luz que chega à Terra. Ela é responsável pelo envelhecimento precoce (fotoenvelhecimento), como rugas e perda de elasticidade, e também contribui para o desenvolvimento de câncer de pele.
A radiação UVA mantém intensidade constante ao longo do ano e do dia, independentemente do clima e da localização geográfica, sendo uma das principais razões para o uso diário de protetor solar, mesmo quando não se vai à praia ou à piscina. Ela pode causar danos até mesmo em dias nublados, pois atravessa nuvens e vidros.
Radiação infravermelha
A radiação infravermelha é uma luz de tom avermelhado, que é percebida principalmente como calor, sendo responsável pela sensação de aquecimento ao sol. Se você estiver na sombra e puser sua mão ao sol, mesmo de olhos fechados, sentirá que a mão está exposta ao sol pela imediata sensação de calor. Quem faz isso é a radiação infravermelha.
Por ter um comprimento de onda maior, sua capacidade de penetração na pele é menor que as dos raios UVA e UVB. No entanto, estudos sugerem que a radiação infravermelha pode desencadear processos inflamatórios e contribuir para a formação de manchas. Ela também afeta a hidratação da pele e, por gerar calor, pode agravar danos provocados pela exposição às radiações UVA e UVB.
Luz visível
De todo o espectro eletromagnético, a luz visível é a única faixa de onda que nossos olhos conseguem enxergar. A luz visível inclui todas as cores que conseguimos distinguir.
Apesar de não ser tão estudada quanto as radiações UVA e UVB, há evidências de que a luz visível, especialmente a luz azul (proveniente do sol e de dispositivos eletrônicos), pode exacerbar a hiperpigmentação em peles mais escuras e contribuir para o aparecimento de manchas. Isso, porém, ainda não é totalmente comprovado.
Então, agora que sabemos por que as radiações UVA e UVB são as mais danosas à nossa saúde e quais são os horários em que ficamos mais expostos a cada uma delas, vamos entender um pouco mais sobre os produtos de fotoproteção que a indústria farmacêutica nos oferece.
Tipos de protetores solares
Nem todos os protetores solares protegem contra todos os tipos de radiação. Em geral, eles se dividem em dois tipos principais: filtros físicos e filtros químicos.
Filtros físicos
Os filtros físicos, também chamados de bloqueadores solares, utilizam compostos como o dióxido de titânio e o óxido de zinco. Eles atuam formando uma barreira sobre a pele que reflete e dispersa a radiação UV, tanto os raios UVA quanto os UVB, impedindo que penetrem nas camadas mais profundas da pele.
Originalmente, os filtros físicos deixavam uma camada esbranquiçada na pele devido ao tamanho das partículas, mas com o desenvolvimento de tecnologias como a nanotecnologia, esses filtros podem ser aplicados de maneira mais transparente e cosmeticamente aceitável.
Os filtros físicos são indicados especialmente para peles sensíveis, incluindo peles de bebês (acima dos 6 meses) e crianças, pois têm menor potencial de causar irritação ou reações alérgicas e são menos absorvidos pelo organismo.
Filtros químicos
Os filtros químicos, também chamados de filtros orgânicos, são compostos capazes de absorver a radiação UV e convertê-la em uma pequena quantidade de calor, evitando assim que esses raios danifiquem a pele.
Diferentes filtros químicos podem proteger de diferentes faixas de radiação UV, incluindo UVB, UVA de curto comprimento (UVA2) e UVA de longo comprimento (UVA1). Para garantir uma proteção de amplo espectro, as formulações de protetores solares químicos frequentemente combinam vários tipos de filtros que cobrem essas faixas de radiação.
Alguns filtros amplamente usados incluem a avobenzona para proteção contra UVA, o octinoxato para UVB e o octocrileno, que também ajuda a estabilizar outros filtros químicos fotossensíveis.
Embora ofereçam boa proteção e sejam mais leves na pele, os filtros químicos são mais propensos a causar irritações e reações alérgicas em algumas pessoas, especialmente em peles mais sensíveis.
Por serem mais leves e transparentes, costumam ser os preferidos para uso diário. Eles, no entanto, precisam ser aplicados cerca de 20 a 30 minutos antes da exposição solar.
Existem filtros mistos, que combinam elementos dos filtros físicos e químicos para oferecer uma proteção solar mais completa e eficaz. Esses protetores solares mistos são cada vez mais comuns e são desenvolvidos para unir as vantagens dos dois tipos de filtros.
O que significa FPS nos protetores solares?
O fator de proteção solar (FPS) é uma medida que indica o nível de proteção oferecido por um protetor solar contra a radiação ultravioleta B (UVB), que é a principal responsável por queimaduras solares e danos imediatos à pele.
O FPS funciona como um índice de multiplicação do tempo que uma pessoa pode ficar exposta ao sol sem sofrer queimaduras, em comparação com a pele desprotegida. Por exemplo, um protetor solar com FPS 30 permite, teoricamente, que uma pessoa permaneça 30 vezes mais tempo ao sol sem se queimar, em relação ao que aconteceria sem proteção.
Por exemplo, imagine duas pessoas, uma pessoa de pele clara que, sem nenhum protetor, comece a ficar com a pele rosada após 10 minutos de exposição solar, e outra, de pele morena, que comece a ficar rosada após 20 minutos da mesma exposição.
Se ambas aplicarem um protetor solar com FPS 30, teoricamente, a pessoa de pele mais clara poderá permanecer cerca de 300 minutos ao sol (30 × 10 minutos) antes de começar a apresentar vermelhidão, enquanto a pessoa de pele morena poderia ficar cerca de 600 minutos (30 × 20 minutos) nas mesmas condições. Isso demonstra que, quanto mais clara a pele, menor o tempo de proteção efetiva oferecido por um mesmo fator de proteção solar (FPS).
O FPS é calculado em condições controladas, onde uma quantidade específica de protetor solar (2 mg/cm²) é aplicada uniformemente na pele de voluntários. Durante os testes, a pele protegida e a pele desprotegida são expostas a uma fonte de luz que simula a radiação solar, e o FPS é determinado pela razão entre a quantidade de UVB necessária para causar uma leve queimadura na pele protegida em comparação com a pele desprotegida.
No entanto, é importante destacar que o FPS mede apenas a proteção contra os raios UVB, não sendo um indicador direto da proteção contra os raios UVA, que também causam danos à pele, como o envelhecimento precoce e o risco de câncer. Por isso, recomenda-se o uso de protetores solares rotulados como “amplo espectro”, que garantem proteção tanto contra UVB quanto UVA.
Estudos recentes indicam que, na prática, a maioria das pessoas aplica menos protetor solar do que o recomendado, o que reduz a proteção efetiva. Como resultado, para compensar essa aplicação insuficiente, o uso de protetores solares com FPS 30 ou superior é frequentemente recomendado para garantir uma margem de segurança adequada. A relação entre o FPS e a proteção não é linear; enquanto um FPS 15 filtra cerca de 93% da radiação UVB, um FPS 30 filtra 97%, e um FPS 50, 98%.
Portanto, o FPS é uma medida útil para entender o grau de proteção oferecido pelo produto contra queimaduras solares, mas a aplicação correta e a reaplicação regular são essenciais para que a proteção seja efetiva.
Um adulto de 70 kg, num único dia na praia, deve usar um frasco de 60 ml de filtro solar. Na prática, usamos apenas 25% a 50% dessa quantidade. Sendo assim, a aplicação de protetores com FPS mais alto, como 50+, proporciona proteção mais confiável, especialmente considerando que a quantidade aplicada frequentemente é inferior à recomendada.
O que significa PPD e PA nos rótulos dos protetores solares?
O PPD (Persistent Pigment Darkening) e o PA (Protection Grade of UVA) são métodos diferentes de medir a proteção contra os raios UVA em protetores solares de amplo espectro, mas ambos têm o mesmo objetivo: indicar a eficácia do produto em proteger a pele contra os danos causados pela radiação UVA.
Nota: nem todos os filtros solares apresentam a gradução PPD ou PA no rótulo. Muitos apenas indicam que apresentam proteção contra UVA, sem quantificá-la.
PPD
PPD é uma medida de proteção de um protetor solar contra a radiação ultravioleta A (UVA), especialmente a UVA1 (340 a 400 nm).
O PPD é um método amplamente utilizado na Europa. Ele indica quantas vezes o protetor solar aumenta a resistência da pele à pigmentação causada por UVA em comparação com a pele desprotegida. Por exemplo, um PPD 10 significa que a pessoa poderia ser exposta aos raios UVA por um tempo 10 vezes maior do que se não estivesse usando o protetor, antes de apresentar pigmentação visível. É uma medida numérica direta e geralmente aparece como um valor no rótulo.
PA
O sistema PA é muito popular na Ásia, especialmente no Japão e na Coreia, e foi desenvolvido a partir do método PPD, mas utiliza uma escala de símbolos “+” para simplificar a indicação da proteção UVA. A classificação PA é baseada em um teste semelhante ao do PPD e se divide em quatro níveis:
- PA+: baixa proteção UVA (PPD entre 2 e 4).
- PA++: moderada proteção (PPD entre 4 e 8).
- PA+++: alta proteção UVA (PPD entre 8 e 16).
- PA++++: muito alta proteção UVA (PPD acima de 16).
O quão eficazes são essas graduações ainda é tema de debate. Um PPD elevado ou uma indicação de PA+++ ou ++++ podem até significar que o produto oferece proteção anti-UVA, mas ainda não sabemos ao certo qual é o verdadeiro grau de proteção que esses protetores de amplo espectro realmente fornecem contra UVA.
Em geral, os filtros físicos ou mistos oferecem uma proteção maior aos raios UVA que os filtros puramente químicos.
Como aplicar o protetor solar?
Para garantir a proteção prometida pelo FPS, o protetor solar deve ser aplicado generosamente e reaplicado com frequência.
O momento da aplicação é importante. Os protetores solares devem ser aplicados de 15 a 30 minutos antes da exposição ao sol para permitir a formação de uma película protetora na pele. Recomenda-se esperar pelo menos alguns minutos após a aplicação do protetor solar antes de se vestir.
Regra das 9 colheres de chá
A “regra da colher de chá” recomenda o uso do protetor solar da seguinte forma:
- 1 colher de chá de protetor solar no rosto e pescoço.
- 2 colheres de chá na frente e atrás do tronco.
- 1 colher de chá em cada braço.
- 2 colheres de chá em cada perna.
Em crianças, pode-se usar metade da dose do adulto.
O método da “regra da colher de chá” e a aplicação dupla (passar uma camada e reaplicar logo em seguida) são estratégias recomendadas para garantir a cobertura adequada. Além disso, o protetor solar deve ser reaplicado a cada duas horas e após nadar ou transpirar, mesmo que o produto seja rotulado como “resistente à água”.
É importante considerar o tipo de pele e o tipo de exposição que se planeja ter. Por exemplo, os produtos mais espessos e oleosos formam uma camada mais espessa e não saem com tanta facilidade dentro d’água, sendo a melhor opção para crianças e esportistas, mas podem causar acne em quem tem a pele oleosa. Já os produtos em gel não pioram acne, mas saem com extrema facilidade com uma sudorese mínima e dificilmente contêm os filtros físicos em sua fórmula.
Filtro solar em crianças
O uso de protetor solar em crianças pequenas deve ser cauteloso. Para crianças menores de seis meses, recomenda-se evitar o uso de protetores solares, optando por roupas de proteção e sombra. Para crianças acima dessa idade, filtros físicos, como óxido de zinco e dióxido de titânio, são preferidos devido ao menor potencial de irritação e à baixa absorção sistêmica.
Efeitos do filtro solar na produção de vitamina D
A relação entre o uso de filtro solar e a produção de vitamina D tem sido amplamente estudada, pois a vitamina D é sintetizada na pele em resposta à exposição à radiação ultravioleta B (UVB) do sol. Essa vitamina é essencial para a saúde óssea, além de ter funções imunológicas e possivelmente efeitos protetores contra algumas doenças (leitura sugerida: Vitamina D: o que é, benefícios e principais fontes).
O uso de protetor solar, especialmente os produtos com FPS alto, pode teoricamente reduzir a produção de vitamina D ao bloquear parte da radiação UVB que chega à pele. No entanto, na prática, o impacto do filtro solar sobre os níveis de vitamina D é geralmente menor do que se pensava por alguns motivos:
- Quantidade aplicada: as pessoas frequentemente aplicam menos protetor solar do que o recomendado, o que resulta em uma menor cobertura e, consequentemente, uma menor proteção UVB do que a especificada no rótulo.
- Reaplicação insuficiente: a maioria das pessoas também não reaplica o filtro solar com a frequência indicada (a cada duas horas), o que permite que parte dos raios UVB atinja a pele ao longo do dia.
- Exposição solar natural: mesmo com o uso de protetor solar, muitas pessoas ainda conseguem uma quantidade suficiente de radiação UVB incidental ao realizarem atividades ao ar livre. Pequenas quantidades de exposição solar, como nos braços ou no rosto por períodos curtos, são muitas vezes suficientes para manter níveis adequados de vitamina D na população em geral.
Para pessoas que necessitam de fotoproteção rigorosa, como aquelas com histórico de câncer de pele, doenças fotossensíveis (como lúpus eritematoso sistêmico) ou que estão em tratamentos fotossensíveis, a recomendação é não abdicar do protetor solar. Nestes casos, uma alternativa segura para obter vitamina D é a suplementação oral, que é eficaz e segura para manter níveis adequados dessa vitamina sem depender da exposição ao sol.
Roupas com proteção UV
Como vimos até aqui, os filtros solares são muito úteis, mas devemos saber que o uso dos protetores como único método de proteção solar não confere uma fotoproteção completa. Em alguns casos, ela pode até atrapalhar, pois se o indivíduo utiliza uma boa proteção anti-UVB, mas fraca proteção anti-UVA, a consequente ausência de queimadura solar poderá causar uma falsa sensação de segurança e deixá-lo mais tempo sob sol, expondo-o por muito mais tempo à radiação UVA.
Portanto, sempre que possível, o uso de roupas com proteção UV pode oferecer uma barreira física adicional que complementa o uso de protetores solares.
Essas roupas são particularmente úteis para atividades ao ar livre, tipo corrida, ciclismo e esportes aquáticos, e são recomendadas também para crianças, pessoas com sensibilidade ao sol, indivíduos de pele muito clara, pacientes com histórico de câncer de pele ou para quem simplesmente busca proteção solar mais abrangente.
O que é o UPF?
O UPF é uma medida de proteção semelhante ao FPS, mas voltada para roupas em vez de produtos tópicos. A classificação UPF indica quantas vezes o tecido reduz a exposição à radiação UV. Por exemplo, uma peça de roupa com UPF 50 bloqueia 98% dos raios UV, permitindo que apenas 2% atinjam a pele. A classificação de UPF é organizada em faixas:
- UPF 15 a 24: boa proteção.
- UPF 25 a 39: muito boa proteção.
- UPF 40 a 50+: excelente proteção.
Ao contrário dos protetores solares, que precisam ser reaplicados ao longo do dia, roupas com UPF oferecem proteção constante e prática.
Além das roupas com UPF, outros acessórios, como chapéus de aba larga, óculos de sol com proteção UV e luvas, podem fornecer uma camada adicional de proteção contra o sol. Para pessoas que não têm roupas específicas com proteção UV, roupas escuras e de trama mais densa, como camisas de manga longa de poliéster, também oferecem uma boa proteção.
Impacto ambiental dos protetores solares
O impacto ambiental dos protetores solares, especialmente os que contêm filtros químicos, tornou-se uma preocupação crescente, principalmente em relação aos ecossistemas marinhos.
Quando aplicados na pele, os ingredientes dos protetores solares podem se desprender e se acumular na água durante atividades como nadar, mergulhar ou até mesmo tomar banho. Isso leva à liberação de compostos químicos em ambientes aquáticos, com possíveis consequências prejudiciais para organismos como corais, peixes e outros seres marinhos.
Alguns dos ingredientes químicos dos protetores solares podem ser problemáticos para o meio ambiente, destacando-se:
- Oxibenzona (benzofenona-3): é um filtro UV amplamente utilizado que tem sido associado a efeitos tóxicos em corais. Em experimentos, a oxibenzona foi observada causando branqueamento dos corais, um processo em que os corais perdem suas algas simbióticas, essenciais para sua sobrevivência. Além disso, esse composto pode causar deformidades em corais jovens, afetando seu crescimento e sobrevivência.
- Octinoxato: Outro filtro UV comum, o octinoxato também foi associado ao branqueamento de corais e à interrupção do desenvolvimento normal dos corais. Esse composto é absorvido por muitos organismos marinhos, acumulando-se nos tecidos e afetando sua saúde.
- Octocrileno: presente em muitas formulações, o octocrileno também se degrada em compostos que podem ser tóxicos para alguns organismos aquáticos, incluindo peixes. Esse filtro pode se acumular nas gorduras dos peixes, afetando seu metabolismo e potencialmente entrando na cadeia alimentar.
- Parabenos: utilizados como conservantes em muitos cosméticos e produtos de higiene pessoal, os parabenos também são encontrados em alguns protetores solares. No ambiente aquático, eles apresentam potencial de toxicidade para várias espécies e podem interferir nos processos reprodutivos.
Estudos mostram que esses compostos não se degradam facilmente no ambiente marinho e podem se acumular ao longo do tempo. Em regiões turísticas com grande atividade aquática, como áreas de mergulho e praias populares, a concentração desses produtos pode ser significativa, aumentando o impacto ambiental local. Esse acúmulo também afeta a cadeia alimentar marinha, à medida que pequenos organismos absorvem esses compostos, que são então consumidos por peixes maiores, gerando efeitos em cascata no ecossistema.
Nos últimos anos, surgiram opções de protetores solares considerados “reef-safe” (seguros para recifes), formulados sem os ingredientes químicos mais prejudiciais ao ambiente marinho, como oxibenzona e octinoxato. Esses protetores geralmente utilizam filtros físicos, como dióxido de titânio e óxido de zinco, que são menos tóxicos para os corais e têm menos probabilidade de causar danos ambientais. Além disso, recomenda-se o uso de filtros físicos que não contenham nanopartículas, pois ainda existem dúvidas sobre o impacto dessas partículas extremamente pequenas na vida marinha.
Dada a crescente evidência dos impactos negativos dos protetores solares convencionais no meio ambiente, algumas regiões adotaram medidas para regulamentar o uso desses produtos:
- Havaí: em 2018, o Havaí tornou-se o primeiro estado dos Estados Unidos a proibir a venda de protetores solares contendo oxibenzona e octinoxato. A lei visa proteger os recifes de corais locais.
- México e áreas das Ilhas Virgens: proibições semelhantes foram implementadas em regiões turísticas com recifes de corais sensíveis.
- União Europeia: embora não exista uma proibição completa, a União Europeia exige que os ingredientes dos protetores solares sejam testados quanto à sua segurança ambiental e introduziu regulamentações que incentivam o uso de substâncias menos nocivas ao meio ambiente.
Protetor solar pode fazer mal à saúde?
A questão dos possíveis efeitos dos protetores solares sobre a saúde humana tem sido amplamente estudada e discutida, com algumas preocupações levantadas sobre a segurança de certos ingredientes. No entanto, a maior parte da evidência científica disponível até o momento não indica riscos significativos no uso regular e recomendado dos protetores solares, especialmente quando comparados aos benefícios que eles proporcionam na prevenção do câncer de pele e no combate ao envelhecimento precoce.
Estudos mais recentes mostraram que certos ingredientes dos protetores solares, especialmente os filtros químicos como oxibenzona, avobenzona, octocrileno e homosalato, podem ser absorvidos pela pele e detectados no sangue após o uso. Em 2019, a FDA (Food and Drug Administration) dos EUA conduziu um estudo que encontrou concentrações acima dos níveis considerados seguros para estudos toxicológicos, o que despertou preocupações. No entanto, o fato de esses ingredientes serem absorvidos não significa necessariamente que eles sejam prejudiciais.
Nota: atualmente, o FDA americano está investigando possíveis efeitos das seguintes substâncias dos protetores solares químicos: ensulizol, octisalato, homossalato, octocrileno, octinoxato, oxibenzona, avobenzona, cinoxato, dioxibenzona, meradimato, padimato O e sulisobenzona.
Embora a FDA esteja solicitando mais dados sobre essas substâncias, a entidade não classifica esses ingredientes como não seguros nem recomenda que o público pare de usar protetores solares que contenham qualquer um desses ingredientes. Até o momento, não há evidências de efeitos deletérios.
Os protetores solares com filtros físicos, como o dióxido de titânio e o óxido de zinco, frequentemente usam nanopartículas para melhorar a transparência e a aplicabilidade do produto. Isso gerou preocupações sobre a possibilidade dessas partículas penetrarem na pele e causarem danos. No entanto, a maioria das evidências sugere que as nanopartículas de dióxido de titânio e óxido de zinco não penetram nas camadas mais profundas da pele.
No geral, a evidência científica atual apoia o uso de protetores solares como uma medida segura e eficaz para prevenir o câncer de pele e o fotoenvelhecimento. As principais autoridades de saúde, como a FDA, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a American Academy of Dermatology (AAD), continuam recomendando o uso de protetor solar para todos, independentemente da idade ou tipo de pele, especialmente para pessoas com alto risco de exposição ao sol.
Para quem tem preocupações com filtros químicos, uma opção segura e amplamente recomendada é o uso de protetores solares físicos, como aqueles à base de dióxido de titânio e óxido de zinco, que têm um histórico de segurança bem documentado e são ideais para peles sensíveis.
Perguntas frequentes
Existem diferenças relevantes entre os protetores solares FPS 50, 60 e 70?
Não muitas. FPS 50, 60 e 70 oferecem proteção muito alta, mas a diferença prática de proteção entre eles é bem pequena.
FPS 50: Bloqueia cerca de 98% dos raios UVB. Esse fator oferece uma alta proteção, sendo indicado para pessoas com pele muito sensível ou para exposições prolongadas ao sol.
FPS 60: Bloqueia aproximadamente 98,3% dos raios UVB. O aumento de proteção em comparação ao FPS 50 é mínimo, mas ainda assim ele é um pouco mais eficaz e pode ser indicado para pessoas de pele muito clara ou que precisam de proteção intensa.
FPS 70: Bloqueia cerca de 98,5% dos raios UVB. Novamente, o aumento de proteção em relação ao FPS 60 é pequeno. Protetores com FPS muito alto são úteis em situações de exposição extrema ao sol, como em ambientes de neve, altitude elevada ou atividades ao ar livre de longa duração.
Qual é o melhor protetor solar para o rosto?
Depende. A escolha do melhor protetor solar para o rosto depende do seu tipo de pele e necessidades específicas.
Ao escolher um protetor solar para a face, considere fatores como FPS 50+, proteção forte contra UVA e UVB, adequação ao seu tipo de pele (seca, oleosa, mista ou sensível) e a presença de ingredientes adicionais que atendam às suas necessidades específicas, como controle de oleosidade, hidratantes ou ação antioxidante.
Ingredientes como antioxidantes (vitamina C, vitamina E) e ácido hialurônico ajudam a combater radicais livres e manter a hidratação, prevenindo rugas e linhas finas. Niacinamida é calmante e ajuda a reduzir vermelhidão. Boas opções são o ISDIN Foto Ultra Age Repair e o La Roche-Posay Anthelios AOX FPS 60, que combinam proteção com ação antienvelhecimento.
É sempre recomendável consultar um dermatologista para obter uma indicação personalizada para a pele do seu rosto.
E se você realmente quer proteger o rosto dos efeitos deletérios do sol, óculos escuros e chapéus de aba larga são tão importantes quanto o protetor solar.
Qual é melhor protetor solar para o rosto com manchas?
Para o rosto com manchas, um protetor solar com FPS 50+, proteção UVA (amplo espectro) e ingredientes como niacinamida ou vitamina C podem ajudar, pois além de proteger, ajuda a clarear e uniformizar o tom da pele. Exemplos de opções incluem o Vichy Idéal Soleil Clarify FPS 60 e o La Roche-Posay Anthelios Pigmentation FPS 60.
Qual é o melhor protetor solar para pele oleosa?
Para pele oleosa, o ideal é um protetor solar oil-free com textura leve e acabamento matte (sem brilho), que controle a oleosidade sem obstruir os poros.
Algumas opções incluem: eucerin Sun Gel-Creme Oil Control FPS 60, La Roche-Posay Anthelios Airlicium FPS 70 ou ISDIN Fusion Water Oil Control FPS 60.
Aviso: não somos patrocinados nem recebemos nenhum benefício financeiro ou de qualquer outra ordem dos fabricantes dos produtos citados acima. São apenas exemplos e há várias outras marcas e produtos que podem ter efeito semelhante. Sugerimos sempre que qualquer produto dermatológico seja indicado pelo seu dermatologista.
Referências
- Sunscreen FAQs – American Academy of Dermatology Association.
- Selection of sunscreen and sun-protective measures – UpToDate.
- Photoprotection – Journal of the American Academy of Dermatology.
- Ultraviolet filters in the United States and European Union: A review of safety and implications for the future of US sunscreens – Journal of the American Academy of Dermatology.
- Sunscreens and Photoaging: A Review of Current Literature – American journal of clinical dermatology.
Autor(es)
Leave a Comment