Cigarro eletrônico faz mal (vape e pod)?

Cada vez mais popular entre os jovens, o cigarro eletrônico parece ser a nova aposta da indústria do tabaco. Mas seria o vape uma opção isenta de riscos e menos danosa que os cigarros comuns?
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Cigarrillo electrónico

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O que é o cigarro eletrônico?

O cigarro eletrônico, também conhecido como e-cigarro, vaping, vaper ou vape, é um dispositivo alimentado por bateria que simula a experiência de fumar um cigarro convencional, supostamente com menos riscos à saúde por conter apenas vapores de nicotina, sem o alcatrão e as centenas de outras substâncias nocivas presentes no cigarro tradicional. Contudo, como discutiremos a seguir, menos risco não significa ausência de riscos.

Nos últimos anos, os cigarros eletrônicos têm ganhado crescente popularidade, especialmente entre os jovens e fumantes que buscam uma alternativa menos prejudicial para consumir nicotina. Mesmo no Brasil, onde a comercialização de e-cigarros é proibida*, o interesse por esses dispositivos só tem aumentado. Muitos usuários adquirem o produto pela internet ou durante viagens a países onde sua venda é permitida, como Estados Unidos, França, Itália e Portugal.

* Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu a comercialização, importação e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar, incluindo os cigarros eletrônicos, por meio da Resolução RDC n.º 46/2009. Essa proibição se deve, principalmente, à falta de estudos conclusivos sobre a segurança desses produtos e aos possíveis riscos à saúde. Portanto, atualmente, no Brasil, a lei não permite a produção e a comercialização dos cigarros eletrônicos, mas o seu uso não é considerado crime.

Neste artigo fornecemos uma visão geral sobre o cigarro eletrônico, incluindo informações sobre os diferentes tipos de dispositivos, efeitos adversos para a saúde, uso como tratamento para parar de fumar e o seu impacto sobre a saúde pública.

Se você procura informações sobre os malefícios do cigarro comum, não deixe de ler também os seguintes artigos:

Como é o cigarro eletrônico?

Os cigarros eletrônicos entraram no mercado em 2003, na China. Em 2006, eles chegaram aos Estados Unidos e à Europa. Na maioria dos países, os e-cigarros entram no mercado como produtos comuns, sem regulamentação do governo. Somente nos últimos anos, com a popularização do produto, é que os órgãos estatais de controle de vários países passaram a prestar mais atenção ao cigarro eletrônico.

Cigarro eletrônico de segunda geração
Cigarro eletrônico de segunda geração

Inicialmente, os cigarros eletrônicos eram produzidos por pequenas empresas, mas já há alguns anos, de olho no rápido crescimento desses produtos, as grandes empresas de tabaco adquiriram e passaram a desenvolver também essa forma de cigarro.

Os cigarros eletrônicos consistem em:

  • Um reservatório que contém um líquido, geralmente rico em nicotina.
  • Um atomizador, que é o dispositivo responsável por aquecer o líquido e gerar o vapor.
  • Um sensor que ativa o atomizador toda vez que o usuário faz uma inalação (alguns funcionam através de um botão).
  • Uma bateria.
  • Um recarregador de bateria.

O utilizador ativa o atomizador através da inalação ou ao apertar um botão, dependendo das características do dispositivo. O atomizador aquece o líquido no reservatório e cria uma fumaça de vapor, que se parece, mas não é igual à fumaça dos cigarros comuns. O cigarro eletrônico, portanto, simula a experiência de fumar um cigarro convencional, mas sem combustão e sem a inalação de todas as substâncias tóxicas presentes no tabaco.

Os primeiros e-cigarros foram concebidos de forma a terem um design muito parecido com os cigarros convencionais, tanto em formato quanto em tamanho. Existiam até versões descartáveis, que não podiam ser recarregadas. O paciente fumava e jogava fora o e-cigarro quando o seu conteúdo acabava.

Com o passar dos anos, a tecnologia por trás dos cigarros eletrônico evoluiu. As versões mais recentes raramente se assemelham a cigarros e geralmente apresentam baterias recarregáveis, bem como elementos de aquecimento e cartuchos recarregáveis que podem fornecer concentrações mais altas de nicotina.

Os cigarros eletrônicos evoluíram significativamente desde sua introdução, sendo categorizados em diferentes gerações:

  • Cigarros eletrônicos de primeira geração: conhecidos como “cigalikes”, eles imitam a forma e o tamanho dos cigarros convencionais. Não são recarregáveis nem reabastecíveis. São dispositivos descartáveis que devem ser descartados quando param de produzir aerossol.
  • Cigarros eletrônicos de segunda geração: conhecidos como “vape pens”, são maiores e têm um formato cilíndrico. Existem dois estilos: estilo caneta (tamanho médio) ou estilo tanque (tamanho grande). Ambos possuem baterias recarregáveis que podem ter um interruptor ou circuitos eletrônicos que permitem ao usuário regular a frequência e a duração das tragadas ou a potência fornecida ao atomizador. Os cartuchos nos cigarros eletrônicos de segunda geração são recarregáveis e permitem ao usuário ajustar o conteúdo do líquido.
  • Cigarros eletrônicos de terceira geração: conhecidos como “mods” e “box mods”, os cigarros eletrônicos de terceira geração funcionam de forma semelhantes aos dispositivos de segunda geração, mas permitem mais modificações personalizadas na sua aparência. Há uma variedade de opções de cartuchos e atomizadores; alguns dispositivos permitem que o usuário ajuste a resistência do atomizador, o que produz temperaturas de aquecimento mais altas. Os usuários também podem combinar diferentes atomizadores com baterias de alta capacidade para aumentar a produção de aerossol e a vida útil da bateria.
  • Cigarros eletrônicos de quarta geração: conhecidos como “dispositivos Pod-mod” são mais compactos e portáteis, o que aumentou sua popularidade entre os adolescentes. Esses dispositivos recarregáveis têm cartuchos substituíveis que contêm nicotina e aromatizantes. Uma marca popular é a JUUL, um dispositivo que se assemelha a uma unidade flash USB. O tamanho pequeno e a aparência mais discreta facilitam que o uso do dispositivo passe despercebido em ambientes escolares. Os dispositivos JUUL podem fornecer concentrações mais altas de nicotina sem irritar a garganta, pois contêm nicotina em uma forma que é menos irritante.
Gerações do cigarro eletrônico
Gerações do cigarro eletrônico

Quais substâncias existem no líquido do e-cigarro?

Ao contrário dos cigarros convencionais, que queimam tabaco e geram fumaça, os cigarros eletrônicos possuem um cartucho contendo um líquido (às vezes chamado de “vape juice”, “e-juice” ou “e-líquido”). Esse líquido é aquecido para produzir um aerossol que o usuário inala.

Muitas pessoas acreditam incorretamente que os cigarros eletrônicos produzem vapor de água, quando, na verdade, eles criam aerossóis que contêm substâncias químicas nocivas e partículas ultrafinas que são inaladas para os pulmões.

Os cigarros eletrônicos contêm nicotina e outros componentes, alguns com potencial carcinogênico:

  • Nicotina: o teor de nicotina nos e-líquidos varia, indo de zero (sem nicotina) até 36 mg/mL, embora possa ser mais alto. As concentrações comuns de nicotina nos líquidos dos ECs são 6 mg/mL, 12 mg/mL, 18 mg/mL ou 24 mg/mL. Alguns e-líquidos contêm sais de nicotina, em que a nicotina é combinada com um ácido. O uso de sais de nicotina pode proporcionar uma sensação diferente na garganta do usuário.
  • Propilenoglicol/glicerol: o propilenoglicol ou o glicerol são umectantes que constituem os principais componentes da maioria dos e-líquidos; alguns produtos podem utilizar etilenoglicol.
  • Aromatizantes: os e-cigarros podem ter sabores adicionados. Mais de 7.000 sabores estão disponíveis, incluindo sabores de doces, frutas, refrigerantes e álcool. Os aromatizantes podem aumentar a atratividade do vape para os jovens, especialmente aqueles que ainda não fumam.

Metais como estanho, chumbo, níquel, cromo, manganês e arsênico já foram encontrados em alguns líquidos e aerossóis de vape. Outros compostos detectados incluem nitrosaminas específicas do tabaco, compostos carbonílicos, metais, compostos orgânicos voláteis e compostos fenólicos. Dispositivos de vaping também podem ser usados para aerosolizar tetrahidrocanabinol ou óleos de canabinoides.

Estudos mostram que o teor de nicotina atestado pelos fabricantes nem sempre é confiável, sendo frequentemente maior do que aquele indicado nos rótulos. Há inclusive e-líquidos que dizem ser livres de nicotina, mas que ao serem analisados, apresentavam nicotina no seu conteúdo.

Quais são os malefícios do cigarro eletrônico?

Os potenciais efeitos adversos dos cigarros eletrônicos estão relacionados à exposição à nicotina, aos outros componentes do aerossol produzido pelos dispositivos e aos riscos associados ao próprio dispositivo.

Exposição à nicotina

A nicotina é uma substância, que além de altamente viciante, também causa danos à saúde. Ela está relacionada, entre outros efeitos, a um aumento do risco de eventos cardiovasculares — especialmente em pessoas já com doença cardiovascular estabelecida —, a atraso no desenvolvimento fetal, maior risco de aborto espontâneo, maior risco de parto prematuro e a alterações no desenvolvimento cerebral de jovens e adolescentes.

A exposição à nicotina pelo uso de vape, assim como no cigarro convencional, aumenta a frequência cardíaca e produz níveis mensuráveis de cotinina no sangue, um metabólito da nicotina.

A quantidade de nicotina entregue e o nível de nicotina no sangue variam dependendo da concentração de nicotina no líquido do cigarro eletrônico, de outros componentes do líquido, da experiência do usuário, da intensidade das tragadas, das características do dispositivo e da técnica de vaping.

Usuários experientes tendem a dar tragadas mais longas e a usar o dispositivo com mais intensidade em comparação com usuários iniciantes. Como consequência, eles apresentam níveis de nicotina no sangue mais elevados, que se assemelham mais aos níveis alcançados pelo fumo de cigarros convencionais. No entanto, em usuários menos experientes, a nicotina entregue pelos vape é consistentemente inferior à entregue pelos cigarros convencionais.

Estudos sobre as consequências para a saúde da exposição crônica à nicotina isolada, sem o fumo de cigarros convencionais, sugerem que a exposição crônica à nicotina não aumenta o risco de longo prazo de doenças cardiopulmonares ou câncer (apesar da nicotina fazer mal a quem já tem doenças do coração).

O consumo agudo de doses elevadas de nicotina tem potencial de intoxicação, provocando sintomas que vão desde náuseas e vômitos até convulsões e depressão respiratória, nos casos mais graves. Isto é particularmente verdadeiro em crianças, cujo limiar para intoxicação por nicotina é bem mais baixo que nos adultos. Já há casos, inclusive, de crianças que morreram por envenenamento após usarem os e-cigarros dos pais. Só para se ter uma noção do risco, a dose de nicotina considerada potencialmente fatal para uma criança é de 10 mg. Um refill comum de 5 mL de e-líquido na concentração de 18 mg/dL possui 90 mg de nicotina, 9 vezes mais que a dose potencialmente fatal.

Como muitos cigarros eletrônicos são ativados pela inalação, é muito fácil para uma criança, querendo imitar os pais, conseguir fumar um cigarro eletrônico. Esse é um dos motivos pelo qual alguns países estão exigindo que os e-cigarros venham com algum tipo de lacre de segurança contra o uso acidental por parte das crianças.

Exposição ao aerossol

Os cigarros eletrônicos fabricados comercialmente não expõem o usuário a muitos dos componentes da fumaça do cigarro (como alcatrão, gases oxidantes e monóxido de carbono) que são responsáveis por muitas das doenças atribuíveis ao tabaco.

No entanto, a maioria dos vapes fabricados contém várias substâncias químicas potencialmente tóxicas. Além disso, as pessoas podem recarregar os cartuchos vazios com várias substâncias que podem aumentar o risco de danos quando aquecidos para inalação.

Em 2019, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA relataram mais de dois mil casos suspeitos de doenças pulmonares graves, denominada EVALI (e-cigarette or vaping product use-associated lung injury), que pode ser traduzida como lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico ou vaping.

Na maioria dos casos de EVALI, o tetrahidrocanabinol (THC, substância ativa da maconha) havia sido inalado nos três meses anteriores ao início dos sintomas; muitos pacientes também tinham inalado nicotina, e alguns apenas nicotina. Cartuchos de vaping recarregados, adquiridos de fontes informais ou ilícitas e contaminados com acetato de vitamina E, parecem estar fortemente ligados aos casos de EVALI, com o acetato de vitamina E sendo detectado em amostras de fluido de lavagem broncoalveolar de pacientes afetados.

O uso de vaping também está associado ao desenvolvimento de pneumonia eosinofílica aguda.

Antes do surgimento do EVALI, a maioria dos especialistas acreditava que inalar o aerossol de cigarros eletrônicos era menos prejudicial do que inalar a fumaça de cigarro. No entento, as consequências da inalação crônica de aerossóis de vaping ainda são amplamente desconhecidas, e os níveis de compostos tóxicos e cancerígenos podem variar dependendo dos componentes do líquido e do dispositivo utilizado.

Pouco se sabe sobre a segurança geral ou os efeitos cancerígenos do propilenoglicol ou do glicerol quando aquecidos e aerosolizados. Em altas temperaturas, o propilenoglicol se decompõe e pode formar óxido de propileno, um provável carcinógeno humano. O glicerol produz a toxina acroleína, embora os níveis produzidos sejam mais baixos do que os dos cigarros convencionais. Tanto o propilenoglicol quanto o glicerol se decompõem para formar os carcinógenos formaldeído e acetaldeído, com níveis que dependem da voltagem da bateria usada no cigarro eletrônico.

Outros compostos cancerígenos também podem ser encontrados nos cigarros eletrônicos, mas em quantidades que são muito menores do que os níveis encontrados nos cigarros convencionais. Esses incluem nitrosaminas específicas do tabaco, compostos carbonílicos, metais, compostos orgânicos voláteis e compostos fenólicos.

Efeitos cardiovasculares

O consumo de cigarros convencionais é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Já os riscos cardiovasculares a longo prazo do uso de cigarro eletrônico são desconhecidos, mas acredita-se que sejam substancialmente menores do que os riscos associados ao tabaco.

Os constituintes do aerossol que podem influenciar o risco cardiovascular incluem nicotina, produtos químicos oxidantes, matéria particulada e acroleína. O uso de cigarros eletrônicos que contêm nicotina pode causar um leve aumento temporário na pressão arterial, embora os efeitos a longo prazo sobre a pressão arterial ainda sejam incertos.

Efeitos pulmonares

Embora evidências limitadas sobre os efeitos do aerossol de cigarros eletrônicos sugiram que as mudanças na função respiratória das vias aéreas sejam muito menores do que aquelas associadas ao fumo de cigarros convencionais, pode haver uma associação com tosse e sintomas de asma, particularmente entre adolescentes.

Outras substâncias perigosas

Os sabores artificiais dos cigarros eletrônicos são também uma fonte de preocupação, não só porque eles servem para atrair o público mais jovem, mas porque eles próprios podem ser nocivos. Os fabricantes dos e-cigarros dizem que os aromas artificias são seguros, pois eles são os mesmos utilizados nos alimentos industrializados. O problema, porém, é que a segurança destes aromatizantes só foi estudada em relação à ingestão. Não sabemos se a vaporização e a inalação destes produtos é segura.

Além disso, algumas marcas de cigarro eletrônico utilizam o diacetil, que é um produto químico com sabor amanteigado, frequentemente presente nas pipocas de microondas, que estão associados a uma grave e irreversível lesão do pulmão, vulgarmente conhecida como “pulmão da pipoca” ou “doença da pipoca de microondas”.

Estudos em animais e em laboratórios sugerem que mesmo os cigarros eletrônicos sem nicotina podem fazer mal aos pulmões. Esses trabalham mostraram que o vapor inalado irrita as células e atrapalha o bom funcionamento dos tecidos e cílios do tecido da árvore respiratória.

Explosões

Falhas da bateria do e-cigarro podem resultar em explosões e queimaduras. Um estudo publicado pelo Jornal Britânico de Medicina (BJM) mostrou que entre 2015 a 2017 os departamentos de emergência dos hospitais dos EUA atenderam a cerca 2000 casos de queimaduras resultantes de explosões de e-cigarros.

Vaping em adolescentes

O uso de dispositivos de vaping tem se tornado um problema crescente entre os jovens, e suas consequências para a saúde são motivo de preocupação significativa.

O e-cigarros tem se tornado uma alternativa às quedas nas vendas da indústria do tabaco e táticas de marketing tem sido utilizadas para estimular o uso do vaping em adolescentes, que frequentemente experimentam o e-cigarro antes mesmo do tabaco tradicional.

A iniciação ao vaping parece estar relacionada à disponibilidade de produtos com nicotina aromatizada, que atraem novos usuários, especialmente jovens. Aromatizantes como cereja, uva e chiclete, que lembram doces, são comuns em e-cigarros, e são populares entre os adolescentes.

A exposição à nicotina em jovens está relacionada a uma variedade de complicações, entre elas:

  • Dependência química.
  • A exposição à nicotina durante a adolescência pode afetar negativamente o desenvolvimento do cérebro, prejudicando a memória, a atenção e a capacidade de aprendizado.
  • Embora os e-cigarros sejam frequentemente considerados menos prejudiciais que os cigarros tradicionais, há evidências emergentes de que podem causar inflamação e danos aos pulmões. Além disso, a exposição a algumas substâncias químicas nos líquidos de vaping pode ter efeitos adversos a longo prazo.
  • O uso de e-cigarros pode funcionar como uma porta de entrada para o uso de cigarros tradicionais e outros produtos de tabaco. Estudos mostram que jovens que usam vaping têm maior probabilidade de começar a fumar cigarros.
  • A dependência de nicotina pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, especialmente em jovens.

Cigarro eletrônico como tratamento para parar de fumar

Como o cigarro comum é um dos mais nocivos produtos de livre comercialização já criados, é natural que, mesmo com todos os problemas, os cigarros eletrônicos ainda consigam ser menos maléficos à saúde.

Algumas das vantagens dos cigarros eletrônicos em relação ao cigarro tradicional são:

  • Exposição a menos substâncias químicas tóxicas, ainda que haja substâncias tóxicas no vape.
  • Não deixa os dentes amarelados.
  • Não provoca mau cheiro.
  • É menos poluente.
  • É mais barato.
  • O fumo passivo parece ser menos tóxico.
  • Parece haver um menor risco de doenças pulmonares, apesar de haver riscos.

Embora haja evidências que apoiam a eficácia dos cigarros eletrônicos na cessação do tabagismo, eles não são considerados a primeira opção de tratamento devido à falta de evidências sobre os efeitos na saúde a longo prazo. Para a terapia inicial de cessação do tabagismo, recomenda-se o uso de medicamentos com segurança e eficácia comprovadas, como produtos de reposição de nicotina, vareniclina e bupropiona.

O uso de cigarros eletrônicos pode ser discutido em situações específicas, como em pacientes que não tiveram sucesso com terapias convencionais ou que não estão prontos para definir uma data para parar de fumar. Para esses pacientes, o vape pode ser uma alternativa, especialmente como uma intervenção de curto prazo para reduzir o desejo de fumar e os sintomas de abstinência de nicotina. No entanto, uma vez que o paciente consiga parar completamente com os cigarros convencionais, é recomendado que também pare de usar os cigarros eletrônicos devido às incertezas sobre seus efeitos a longo prazo.

Os cigarros eletrônicos podem ser atraentes para quem deseja parar de fumar, pois aliviam os sintomas de abstinência e permitem manter o ritual de levar a mão à boca. No entanto, uma proporção significativa dos que mudam para o vaping continua a usá-los por seis meses ou mais. Embora a exposição a toxinas seja menor em comparação com os cigarros convencionais, os riscos a longo prazo do uso de cigarro eletrônico ainda são incertos, o que justifica a recomendação de interromper o uso eventualmente.

As diretrizes de 2020 da American Thoracic Society recomendam o uso de terapias farmacológicas comprovadas para a cessação do tabagismo, em vez de vape. Além disso, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA concluiu em 2021 que as evidências são insuficientes para determinar os benefícios e os riscos dos cigarros eletrônicos na cessação do tabagismo.

O que sabemos até o momento sobre o vape

  • Usar e-cigarros é provavelmente menos prejudicial à saúde do que fumar cigarros convencionais, mas não sabemos exatamente o quão seguros eles são para os fumantes ativos e passivos.
  • Vaping é muito perigoso para crianças, pois dose tóxica da nicotina nessa faixa etária é bem menor que nos adultos.
  • O cigarro eletrônico mantém a exposição do usuário à nicotina, muitas vezes em níveis semelhantes ao do cigarro comum. A nicotina é uma substância altamente viciante, mas o seu consumo a longo prazo não parece elevar o risco cardiopulmonar nem de câncer.
  • As consequências para a saúde da exposição ao vapor do e-líquido ainda são desconhecidas, mas os estudos iniciais apontam para alterações na função respiratória. Essas alterações, porém, parecem menos graves que aquelas provocadas pelo cigarro comum.
  • O uso de alguns produtos derivados do THC nos e-cigarros parece estar associado a grave complicação pulmonar aguda.
  • O uso de e-cigarros em crianças e adolescentes provoca mais danos que em adultos.

Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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