Aneurisma cerebral: sintomas e tratamento

O aneurisma cerebral é uma dilatação anormal de um vaso sanguíneo no cérebro, que pode se romper e causar hemorragia. É uma condição grave que exige diagnóstico precoce e tratamento para evitar complicações fatais.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Aneurisma cerebral

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O que é um aneurisma cerebral?

As artérias do nosso corpo são vasos sanguíneos com uma parede muscular bem resistente, capazes de suportar a pressão com que sangue passa por dentro elas. As artérias precisam ser fortes o suficiente para não cederem mesmo quando a pressão arterial está muito elevada.

Se por algum motivo uma região ou porção da parede da artéria se tornar mais fraca, ela deixará de ser capaz de suportar a pressão sanguínea, cedendo lentamente, formando uma área dilatada, como se fosse um saco ou um balão, que recebe o nome de aneurisma.

O enfraquecimento da parede da artéria que dá origem ao aneurisma costuma ser provocado por má-formações nos vasos sanguíneos, doenças hereditárias ou por lesões da artéria adquiridas ao longo da vida.

O aneurisma cerebral, também chamado de aneurisma intracraniano, é uma saliência em forma de balão que surge em uma ou mais artérias cerebrais. Como a região do aneurisma tem uma parede muito mais fraca que a artéria saudável, ela apresenta grande risco de rotura, podendo causar hemorragias cerebrais graves.

Aneurisma cerebral sacular
Aneurisma cerebral sacular

Neste artigo falaremos especificamente sobre o aneurisma cerebral. Para informações sobre os aneurismas da aorta abdominal, leia: Aneurisma da aorta abdominal.

Prevalência

Estima-se que até 5% da população tenha pelo menos um aneurisma cerebral. 20% destes possuem dois ou mais aneurismas ao mesmo tempo. Os aneurismas são mais comuns nas mulheres e em pessoas acima dos 50 anos. A taxa de hemorragia intracraniana por rotura de um aneurisma cerebral, porém, é de apenas 10 para cada 100.000 pessoas. Portanto, pode-se concluir que, apesar do aneurisma cerebral não ser uma situação rara, a maioria deles não se rompe. Na verdade, a maioria dos aneurismas não causa sintomas e o paciente nem sequer desconfia que o tem.

O problema é que a rotura de um aneurisma, apesar de incomum, é um evento dramático. 15% dos pacientes falecem antes de conseguirem chegar ao hospital e 50% falecem mesmo após serem socorridos. E mesmo quando o paciente sobrevive a uma hemorragia cerebral, 50% ficam com sequelas neurológicas.

Fatores de risco

Os aneurismas surgem por uma fraqueza na parede das artérias. O paciente não costuma nascer com um aneurisma, ele o desenvolve ao longo da vida. Geralmente são precisos mais de um fator agindo concomitantemente para um aneurisma ser formado. Entre os fatores de risco mais comuns estão:

  • Tabagismo.
  • Hipertensão.
  • Anormalidades congênitas da parede da artéria.
  • Endocardite infecciosa.
  • História familiar de aneurismas cerebrais.
  • Idade acima de 40 anos.
  • Presença de uma malformação arteriovenosa (MAV).
  • Uso de drogas, especialmente cocaína.
  • Excesso de álcool.
  • Tumores cerebrais.
  • Trauma cranioencefálico.

Algumas doenças genéticas estão associadas a um maior risco de formação de aneurismas cerebrais. Os pacientes que possuem qualquer uma das doenças abaixo apresentam uma chance bem maior de terem aneurismas do que a população geral:

  • Rins policísticos.
  • Displasia fibromuscular.
  • Síndrome de Osler-Weber-Rendu.
  • Coarctação da aorta.
  • Síndrome de Moyamoya.
  • Síndrome de Marfan.
  • Síndrome de Ehlers-Danlos.
  • Pseudoxantoma elástico.
  • Deficiência de Alfa1-antitripsina.
  • Lúpus eritematoso sistêmico.
  • Anemia falciforme.
  • Neurofibromatose tipo 1.
  • Esclerose tuberosa.

Algumas das doenças acima são raras, outras são relativamente comuns. Devemos dar atenção especial à doença policística renal, que é uma desordem comum, que acomete 1 a cada 400 pessoas e aumenta o risco de aneurismas cerebrais em até 7 vezes.

Sintomas

A maioria dos aneurismas cerebrais são pequenos e não provoca nenhum sinal ou sintoma. Muitos são descobertos acidentalmente durante exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnéticas do crânio, solicitados por outro motivo qualquer.

Apesar de ser habitualmente assintomático, dependendo da localização e do tamanho, o aneurisma pode comprimir algumas áreas cerebrais importantes, provocando sintomas. Os mais comuns são dores de cabeça, visão borrada, alterações da pupila, formigamento, dormência ou paralisia em um lado da face.

Porém, a situação mais comum é o aneurisma permanecer silencioso, causando sintomas apenas no momento em que ocorre a rotura.

A rotura de um aneurisma cerebral provoca um AVE hemorrágico, que é uma emergência médica gravíssima, com elevada mortalidade (leia: AVC | Acidente vascular cerebral). Quando um aneurisma se rompe, ele geralmente provoca a chamada hemorragia subaracnoide, que é causada pelo sangramento para o espaço subaracnoide, local das meninges onde circula o liquor. Este tipo de hemorragia é tipica de aneurismas rotos.

Quando o sangue escapa para o espaço subaracnoide, o paciente apresenta sintomas súbitos. Ajuda médica deve ser procurada imediatamente se o paciente apresentar subitamente um ou mais dos sintomas abaixo:

  • A pior dor de cabeça da sua vida.
  • Perda da consciência.
  • Crise convulsiva.
  • Rigidez da nuca.
  • Vômitos em jato.
  • Visão turva ou dupla.
  • Dor súbita acima ou atrás do olho, com dificuldade para enxergar.
  • Dificuldade para caminhar ou forte tontura repentina.
  • Fraqueza e dormência em um lado do corpo.

Risco de rotura de um aneurisma

O risco de um aneurisma cerebral se romper está diretamente relacionado com o seu tamanho e à velocidade de crescimento. Aneurismas de baixo risco são aqueles com menos de 5 a 7 milímetros (0,5 a 0,7 centímetros) de diâmetro e sem crescimento ao longo de vários meses. Quanto maior é o aneurisma, mais fraca é sua parede e maior é a chance deste continuar crescendo até se romper.

Além do tamanho e da velocidade de crescimento, outro fator importante no risco de rotura é a localização do aneurisma dentro do cérebro. Aneurismas da circulação posterior, envolvendo as artérias do sistema vértebro-basilar ou comunicantes posteriores, apresentaram as maiores taxas de rotura.

Estudos mostram que aneurismas maiores que 2,5 cm, localizados nas artérias posteriores do cérebro, apresentam um risco de sangramento acima de 50% em um período de 5 anos.

Os dois exames mais usados para se diagnosticar e acompanhar um aneurisma cerebral são a angiorressonância magnética nuclear e a angiotomografia computadorizada do crânio.

Tratamento

A decisão de se tratar um aneurisma cerebral não roto depende do risco de rotura que o mesmo apresenta a curto/médio prazo. Aneurismas pequenos em locais com baixo índice de sangramento podem ser apenas observados.

Estes aneurismas de baixo risco podem ser monitorados anualmente com exames de ressonância magnética ou tomografia computadorizada por três anos seguidos. Se o aneurisma se mantiver estável, pode-se espaçar os exames para a cada 2 ou 5 anos. Se for possível detectar que o aneurisma surgiu recentemente (como no caso do paciente ter uma tomografia recente sem evidências de aneurismas), os primeiros exames devem ser feitos com intervalos de 6 meses, pois aneurismas novos são aqueles com maior risco de crescimento.

Os pacientes em tratamento conservador devem ser instruídos a evitar o tabagismo, consumo excessivo de álcool, medicamentos estimulantes, drogas ilícitas e esforço físico excessivo.

No caso de aneurismas grandes, com elevado risco de rompimento, ou nos aneurismas que já se romperam, o tratamento é cirúrgico, visando a interrupção do fluxo sanguíneo para o local do aneurisma, preservando a passagem do sangue pela artéria. No caso de um aneurisma roto, a cirurgia é obviamente urgente.

A embolização do aneurisma é um método menos invasivo que a cirurgia e tem ganhado popularidade nos últimos anos. O processo é semelhante a um cateterismo. O cirurgião insere um cateter em uma artéria, geralmente na virilha, que é empurrado através de seu corpo até o aneurisma. Ao chegar no aneurisma, um fio de platina maleável é implantado dentro do mesmo, interrompendo o fluxo sanguíneo e provocando uma trombose do aneurisma.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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