Andropausa (menopausa masculina)

A andropausa é uma fase de declínio hormonal nos homens, semelhante à menopausa feminina, marcada pela redução de testosterona. Pode causar sintomas como fadiga, diminuição da libido e mudanças de humor.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Andropausa

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O que é andropausa?

À medida que os homens envelhecem, seus níveis de testosterona começam a diminuir. Esta queda costuma ser chamada de andropausa, em analogia à menopausa das mulheres.

As consequências negativas da baixa de testosterona na andropausa, todavia, são menos evidentes que as da redução do estrogênio na menopausa.

Ao contrário da menopausa, na qual a deficiência de estrogênio é completa e provoca alterações clínicas conhecidas, como osteoporose, secura vaginal, perda da elasticidade da pele, etc., o declínio da testosterona nos homens idosos é modesto e as possíveis consequências ainda não foram bem estabelecidas.

Atualmente, o nome mais aceito para a andropausa é hipogonadismo masculino tardio.

O que é hipogonadismo?

O hipogonadismo masculino é uma condição na qual o testículo não produz níveis suficientes de testosterona, o hormônio que desempenha um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento masculino durante a puberdade.

O hipogonadismo pode ser causado por doenças genéticas, por malformações dos testículos ou da hipófise (glândula dentro do sistema nervoso central que controla a produção de hormônios no corpo), infecções, como caxumba, trauma nos testículos, uso de drogas ou medicamentos, entre outros.

O hipogonadismo é chamado primário quando o problema ocorre nos testículos, e secundário quando a origem encontra-se na hipófise.

Quando o hipogonadismo surge no feto, há malformações da genitália. Quando surge em pré-adolescentes, o paciente não desenvolve os típicos sinais da puberdade masculina, como pelos no corpo, mudança da voz, ganho de massa muscular, aumento dos testículos e do pênis, etc.

No adulto jovem, o hipogonadismo causa infertilidade, diminuição da libido, queda de pelos, perda de massa muscular e outros sintomas de deficiência de testosterona.

Neste texto, vamos nos ater ao hipogonadismo que surge com o envelhecimento, chamado de hipogonadismo masculino tardio ou andropausa. O hipogonadismo do idoso é completamente diferente do que ocorre nos homens mais jovens.

Fatores de risco

Alguns fatores de risco que aumentam a chance de hipogonadismo em homens mais velhos são:

Sintomas

A função dos testículos e a produção de testosterona declinam progressivamente com a idade, este último em cerca de 1,3% por ano após os 40 anos. Uma proporção substancial de homens acima dos 50 anos têm níveis de testosterona baixos o suficiente para o diagnóstico de hipogonadismo.

É bom salientar que uma leve deficiência de testosterona em homens de meia-idade pode ser considerada um fenômeno natural do envelhecimento. A questão é saber quando essa deficiência torna-se relevante clinicamente.

Ao contrário do hipogonadismo em bebês, crianças e adultos jovens, o declínio da testosterona em homens mais velhos não produz nenhuma consequência realmente clara.

Entretanto, apesar de não haver provas inequívocas, atualmente se atribui à andropausa algumas consequências do envelhecimento no sexo masculino, entre elas:

  • Redução da libido.
  • Disfunção erétil.
  • Perda da massa óssea e osteoporose.
  • Redução da massa e da força muscular.
  • Aumento do percentual de gordura corporal.
  • Alterações do humor.
  • Alterações da memória.
  • Queda do desempenho no trabalho.
  • Perda da vitalidade.
  • Diminuição de pelos pelo corpo.
  • Anemia.

O problema é que nem todas as alterações descritas acima melhoram com a suplementação de testosterona e muitas delas podem também surgir em idosos sem critérios para andropausa.

Diagnóstico

Homens com mais de 50 anos que apresentem sintomas sugestivos de andropausa citados acima devem ser investigados para uma possível andropausa.

A dosagem dos níveis de testosterona sanguínea deve ser feita de manhã e em jejum. Se o resultado vier baixo, ou seja, abaixo de 230 ng/dl*, o teste deve ser repetido uma ou duas vezes para confirmar que o valor baixo é persistente.

*O valor de referências pode ser um pouco diferente dependendo do laboratório. Os valores normais costumam estar entre 300 e 800 ng/dl.

Confirmados os valores baixos de testosterona, o segundo passo é definir se o hipogonadismo é primário (testículos) ou secundário (hipófise). A dosagem dos hormônios LH e FSH faz essa distinção.

  • Hipogonadismo primário: testosterona baixa, FSH e LH elevados.
  • Hipogonadismo secundário: testosterona baixa, FSH e LH também baixos.

Tratamento

Embora existam trabalhos científicos sugerindo que o declínio da testosterona com a idade possa ter várias consequências negativas, o impacto da reposição de testosterona em homens idosos permanece desconhecido.

O que se aceita atualmente, à luz do atual conhecimento, é que a reposição de testosterona pode ser benéfica em pacientes selecionados.

As sociedades internacionais de Endocrinologia atualmente indicam a terapia com testosterona apenas nos pacientes idosos com níveis baixos de testosterona — menor que 200 ng/dL, medidos em pelo menos duas ou três oportunidades diferentes durante o período da manhã — e sintomas importantes de deficiência de testosterona. Não se indica testosterona para idosos com sintomas vagos e inespecíficos.

A reposição pode ser feita por via oral, via injetável, adesivos ou cremes para a pele.

Efeitos adversos da reposição de testosterona

Como há poucas evidências de que a reposição de testosterona no hipogonadismo masculino tardio traga reais benefícios e há riscos de efeitos adversos importantes, o tratamento só deve ser feito por especialistas e sob cerrada supervisão.

Entre os riscos da reposição de testosterona, o mais temido é o aumento da incidência do câncer de próstata. Não existem estudos científicos que comprovem a segurança da reposição de testosterona em relação ao câncer de próstata, por isso, não se indica reposição a longo prazo. A avaliação da próstata com toque retal e medição do PSA sanguíneo são importantes antes de planejar o tratamento hormonal.

Para saber mais sobre a testosterona, leia: Testosterona – O que é, para que serve e efeitos colaterais.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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