Sintomas da meningite (bacteriana e viral)

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

18 Comentários

Meningite

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é meningite?

A meninge é uma fina membrana que recobre o cérebro e a medula espinhal. No seu interior circula um líquido, chamado líquido cefalorraquidiano ou líquor.

Quando a meninge encontra-se inflamada, dizemos que o paciente tem meningite. Na imensa maioria dos casos, a inflamação da meninge é provocada por um agente infeccioso, como vírus, bactérias ou fungos.

Entre as bactérias, as mais comuns são: Haemophilus influenzaeNeisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae.

Entre os vírus, os mais comuns são os Enterovírus, incluindo poliovírus, coxsackievírus e echovírus, e os herpesvírus.

Neste artigo abordaremos os sinais e sintomas da meningite, dividindo as explicações de acordo com a faixa etária e com o agente causador da infecção da meninge.

Se você quiser mais informações sobre o que é meningite, incluindo suas causas, diagnóstico e opções de tratamento, acesse o seguinte link: Meningite – Sintomas, Causas e Tratamento.

Meningite bacteriana em adultos

A meningite bacteriana nos adultos costuma ser um quadro de evolução rápida, com acelerada piora do estado clínico em poucas horas. Em geral, o paciente acaba dando entrada em algum hospital apenas 24 ou 48 horas após o aparecimento dos primeiros sinais da doença.

O tempo de incubação da meningite bacteriana, ou seja, o intervalo entre o contágio e o aparecimento dos primeiros sintomas, costuma ser de 3 a 4 dias.

O sinal mais comum de meningite é febre alta, presente em mais de 95% dos pacientes. Nos pacientes idosos, pode não haver febre, mas sim hipotermia, com temperatura axilar abaixo dos 36ºC.

Outro sinal frequentemente presente é a rigidez de nuca, que ocorre em cerca de 90% dos casos. A rigidez pode ser notada ao exame físico através da dor e da incapacidade do paciente de abaixar a cabeça e encostar o queixo no seu peito, mesmo com a ajuda do examinador.

Além da dificuldade em abaixar a cabeça, movimentar o pescoço também é difícil e doloroso quando a meninge está inflamada.

A dor de cabeça é outro sintoma comum de meningite. Ela costuma ser uma dor intensa e difusa por todo o crânio. Mesmo os pacientes que costumam ter dor de cabeça frequentemente são capazes de afirmar que a dor da meningite é pior e diferente.

Alterações do nível de consciência ocorrem em até 80% dos pacientes e é, geralmente, o sinal que faz com que a família procure um hospital. Letargia e confusão mental são as apresentações mais comuns, mas até 20% dos pacientes podem chegar ao hospital já comatosos.

Sintomas da meningite meningocócica

Nos pacientes que apresentam meningite meningocócica, que é aquela provocada pela bactéria Neisseria meningitidis, também conhecida como meningococo, podem surgir pequenas manchas puntiformes, vermelhas ou violáceas, pelo corpo, chamadas de petéquias.

Sintomas meningite
Teste de Tumbler

Uma forma de distinguir o rash da meningite meningocócica das erupções cutâneas de outras causas, como alergias ou picadas de mosquito, é comprimir as lesões com um copo transparente e ver se elas somem (teste de Tumbler). Na meningite meningocócica, as petéquias não desaparecem.

É importante destacar que petéquias podem surgir por outros motivos, não sendo uma lesão exclusiva da meningite.

De qualquer forma, havendo ou não suspeita de meningite meningocócica, todo paciente que desenvolve rash súbito e extenso deve procurar um médico.

Rash da meningite meningocócica
Rash da meningite meningocócica

Sintomas clássicos da meningite bacteriana em adultos

  • Febre alta.
  • Rigidez de nuca.
  • Dor de cabeça.
  • Alteração do estado mental.
  • Petéquias (em caso de meningite meningocócica).

Praticamente todos os pacientes com meningite apresentam pelo menos um ou dois dos sintomas citados acima.

Fora os sintomas clássicos, os adultos com meningite bacteriana também podem apresentar:

  • Náuseas e vômitos.
  • Crise convulsiva.
  • Dor muscular.
  • Dor nas articulações.
  • Tonturas.
  • Fotofobia.

Meningite bacteriana em crianças

Nas crianças, a meningite bacteriana costuma ter duas apresentações distintas. Em alguns casos, a meningite é um quadro mais arrastado, com a criança apresentando febre sem causa aparente durante alguns dias antes dos sintomas mais específicos surgirem. A outra forma é uma meningite fulminante, com rápido agravamento do estado clínico do paciente em poucas horas e elevada mortalidade.

Sintomas da meningite bacteriana em crianças com menos de 2 anos

Nos bebês e crianças com menos de 2 anos, o quadro de meningite é bem diferente do das crianças mais velhas. Os sinais e sintomas mais comuns são:

  • Febre*
  • Rigidez de nuca*
  • Dificuldade de mamar.
  • Irritabilidade ou apatia extrema.
  • Choro incontrolável.
  • Rigidez do corpo ou hipotonia generalizada (corpo mole, sem tônus).
  • Contrações musculares.
  • Mãos e pés frios.
  • Palidez cutânea.
  • Pele fria e úmida.
  • Abaulamento da fontanela (moleira inchada).
  • Crise convulsiva.
  • Dificuldade respiratória.

* Nas crianças muito pequenas, rigidez de nuca e febre podem não ocorrer, apesar da hipotermia ser comum.

Sintomas da meningite bacteriana em crianças com mais de 2 anos

Quanto mais velha for a criança, mais parecido com a meningite do adulto é o quadro. São sintomas comuns:

  • Rigidez de nuca.
  • Dor de cabeça.
  • Febre.
  • Alteração do estado mental.
  • Irritabilidade ou apatia extrema.
  • Recusa alimentar.
  • Vômitos.
  • Manchas vermelhas pelo corpo (meningite meningocócica).

Meningite viral nos adultos

A meningite provocada por vírus pode causar sintomas parecidos com a meningite bacteriana. A diferença é que a forma viral é menos grave e a mortalidade é bem mais baixa.

Isso não significa, porém, que o quadro clínico não possa ser bem rico, com dor muscular difusa, vômitos e fraqueza.

Muitos pacientes não apresentam a clássica rigidez de nuca e o seu estado neurológico mantém-se mais ou menos estável. Em geral, febre e dor de cabeça são os sintomas mais evidentes.

A meningite viral costuma surgir como complicação de uma virose. O paciente pode ter também sintomas comuns de virose respiratória, como espirros, tosse, dor de gargante e conjuntivite.

Meningite viral em crianças

Assim como nos adultos, a meningite viral nas crianças costuma ser menos grave que a forma bacteriana.

A maioria dos casos é provocada por enterovírus, curam-se sozinhos com o tempo e não deixam sequelas.

Sintomas da meningite bacteriana em crianças com mais de 2 anos

Nas crianças mais velhas, os sintomas são parecidos com os dos adultos, mas a rigidez de nuca é mais frequente e a febre costuma ser bem elevada.

Sintomas da meningite bacteriana em crianças com menos de 2 anos

Nas crianças pequenas e nos bebês, a história é um pouco diferente. Nesse grupo, a meningite viral pode ser grave, provocando mortes ou deixando sequelas.

Os sintomas mais comuns de meningite viral em bebês e crianças com menos de 2 anos são:

  • Choro fácil.
  • Irritabilidade ou apatia.
  • Crise convulsiva.
  • Diarreia.
  • Dificuldade de mamar.
  • Abaulamento da fontanela (moleira inchada).

Complicações, como pneumonia, hepatite, miocardite, edema cerebral e isquemia intestinal podem surgir, aumentando o risco de morte.

Clinicamente, somente pelos sintomas, pode ser difícil distinguir uma meningite viral da bacteriana. A distinção, na verdade, está na menor taxa de mortalidade e no número de complicações, mas isso só se torna claro ao final do quadro, quando o paciente se recupera totalmente sem maiores sequelas.

Durante o curso da doença, a única forma de fazer a distinção é através dos exames laboratoriais, principalmente a análise do liquor, obtida através da punção lombar.

A distinção entre meningite viral e bacteriana é importante, porque a primeira precisa ser tratada com antibióticos, enquanto a segunda só necessita de cuidados simples.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Saiba mais

Artigos semelhantes

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas

Leave a Comment