Coqueluche: Transmissão, Sintomas e Tratamento

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

9 Comentários

coqueluche

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é coqueluche?

A coqueluche, também conhecida como pertússis ou tosse convulsa, é uma infecção altamente contagiosa do trato respiratório causada pela bactéria Bordetella pertussis.

Até a primeira metade do século XX a coqueluche era uma das principais causas de morte em crianças. Após o advento da vacina na década de 1940, a incidência despencou, principalmente nos países desenvolvidos, tornando-se uma doença pouco comum.

No Brasil são registrados cerca de 1000 novos casos de coqueluche por ano. Apesar de incomum em boa parte do planeta, a coqueluche ainda atinge anualmente cerca de 40 milhões de pessoas no mundo, principalmente na África e no Sudeste Asiático.

Nas últimas duas décadas, a incidência de coqueluche tem aumentado em todo mundo, inclusive na Europa e EUA. As causas ainda não são conhecidas, mas acredita-se que seja por uma conjunção de fatores, como perda da eficácia da vacina em adultos vacinados há muito tempo, falhas na vacinação da população infantil por campanhas de desinformação (são necessárias pelo menos 3 doses da vacina para uma imunização efetiva) e uma maior capacidade da medicina em diagnosticar a doença.

A despeito da vacinação, a cada 2 a 5 anos ocorrem surtos localizados de coqueluche em praticamente todos os países (não necessariamente ao mesmo tempo). Este dado nos indica que a vacinação é eficaz em prevenir a doença, mas não elimina a circulação da bactéria no meio.

Sempre que há acúmulo de indivíduos susceptíveis, seja por falta de vacinação ou por perda de eficácia da mesma com o tempo, a coqueluche reaparece pontualmente.

Transmissão

O ser humano é o único animal que abriga a bactéria Bordetella pertussis.

A coqueluche é uma doença altamente contagiosa, sendo a transmissão feita através de aerossóis e gotículas das vias aéreas lançadas ao ambiente, principalmente durante a tosse. Após um episódio de tosse, a bactéria é lançada ao ar e pode infectar pessoas em um raio maior do que 1,5 metro de distância. A transmissão pelas mãos é uma importante via de propagação da doença.

Assim como em qualquer caso de infecção contagiosa das vias respiratórias, a transmissão de vírus e bactérias é feita por aerossóis expelidos durante a fala, espirros e tosse. Entretanto, a transmissão pelas mãos também é importante, já que elas são frequentemente levadas à boca e ao nariz do indivíduo enfermo, entrando em contato com secreções contaminadas, tornando-se, assim, um importante reservatório de germes.

Para diminuir o risco de contaminação, evite contato próximo e prolongado com pessoas infectadas com infecções respiratórias e lave as mãos com frequência, pois mesmos objetos manuseados por indivíduos doentes podem transmitir germes. Uma vez que haja bactérias ou vírus na sua mão, basta coçar o nariz ou encostá-la na boca para se contaminar.

Sintomas

Após a exposição à bactéria Bordetella pertussis, o tempo médio de incubação é de 7 a 10 dias. Quando surgem os sintomas, a doença pode ser dividida em 3 estágios:

Estágio catarral

O estágio catarral é a primeira fase da coqueluche e dura de 1 a 2 semanas. Os sintomas são semelhantes ao de uma virose respiratória comum, com febre baixa, rinite, mal-estar, conjuntivite, espirros e tosse. Esta é a fase onde a doença encontra-se mais contagiosa.

Estágio paroxístico

Ao final do estágio catarral, a tosse que era fraca vai se tornado frequente e cada vez mais forte. Os ataques de tosses tornam-se violentos e podem durar mais de um minuto. O paciente durante as crises tem dificuldade para respirar e costuma fazer um som agudo, tipo um silvo ou “guincho”, quando inspira contra as vias aéreas comprimidas pela tosse. Os ataques de tosse podem ser tão intensos que causam vômitos e exaustão. As crises são mais comuns à noite e o paciente pode ter mais de 20 episódios ao longo das 24 horas. As crises de tosse duram até 6 semanas, sendo mais intensas nas duas primeiras.

Estágio de convalescença

Após 6 semanas de estágio paroxístico, a tosse começa a aliviar, permanecendo por ainda quase 1 mês, mas já sem os paroxismos. Todavia, as crises podem voltar caso o paciente nesta fase tenha o azar de apresentar outra infecção das vias aéreas, como uma gripe, por exemplo.

Adultos podem ter coqueluche se não tiverem sido vacinados corretamente ou se a vacina tiver perdido eficácia ao longo dos anos. Neste grupo a coqueluche pode não apresentar os sintomas e estágios típicos descritos acima, principalmente se o paciente já tiver sido vacinado. O sintoma mais comuns de coqueluche no adulto são as intensas crises de tosse, que podem levar a vômitos e duram até 3 meses.

Complicações

As principais complicações da coqueluche ocorrem em crianças, principalmente nas menores de 6 meses. Os problemas são geralmente secundários às violentas crises de tosses e incluem:

A maioria dos casos de mortes por coqueluche ocorrem em crianças menores que 6 meses, exatamente o grupo que ainda não completou a série de 5 vacinas. A taxa de mortalidade encontra-se em 1% dos casos. Quanto mais nova a criança, maior o risco.

Tratamento

Quando a coqueluche ocorre em crianças com até 1 ano de idade, geralmente é necessário internamento hospitalar para ajudar na hidratação e alimentação. Antitussígenos não funcionam e atualmente seu uso é desencorajado.

Antibióticos contra Bordetella pertussis, se iniciados precocemente, diminuem o tempo de doença e a taxa de transmissão. Após 5 dias de antibióticos, o paciente deixa de ser transmissor da bactéria.

A profilaxia com antibióticos é indicada para todos os familiares ou pessoas que tiveram contato próximo com o paciente nos 21 dias que antecederam o início dos sintomas, não importando a idade ou o estado vacinal dos mesmos.

Vacina

O atual esquema de vacinação do ministério da Saúde no Brasil indica um total de 5 doses da vacina tríplice DTP contra difteria, tétano e pertússis (coqueluche) a serem dadas nos 2º, 4º e 6º meses, com doses de reforço no 15º mês e aos 4 anos de idade. Com o aumento da incidência de coqueluche entre adolescentes e adultos, alguns médicos estão indicando uma nova dose de reforço aos 11 anos.

A vacina reduz muito a chance de contaminação, mas como qualquer vacina, não é 100% efetiva, principalmente se a última dose foi administrada há muitos anos.

Para saber mais sobre vacinas e o calendário de vacinação brasileiro, leia: Vacinas | Calendário, efeitos colaterais e contra-indicações.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Saiba mais

Artigos semelhantes

Ficou com alguma dúvida?

Comentários e perguntas

Leave a Comment