Ginecomastia (crescimento da mama em homens)

Ginecomastia é o aumento do tecido mamário em homens devido a desequilíbrios hormonais entre estrogênio e testosterona. Pode causar desconforto físico e emocional. O tratamento da ginecomastia varia de acordo com a causa, podendo incluir medicamentos ou cirurgia.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Ginecomastia

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O que é ginecomastia?

O termo ginecomastia, do grego “mama feminina”, refere-se ao aumento benigno, temporário ou permanente da mama masculina em decorrência do desenvolvimento da glândula mamária.

Tanto a mama feminina quanto a mama masculina são formadas pela glândula mamária e por tecido adiposo (gordura). Entretanto, nos homens não há o estímulo hormonal para o crescimento da glândula mamária que ocorre nas mulheres durante a adolescência. Desta forma, a mama masculina normal é formada de tecido gorduroso e uma incipiente glândula mamária.

Entretanto, em uma considerável parcela da população masculina pode ocorrer o desenvolvimento da glândula mamária. Estima-se uma incidência da ginecomastia entre 32 e 36%, com picos na adolescência (64%) e nos idosos (40 a 60%).

A ginecomastia pode decorrer do aumento da glândula mamária isoladamente ou associado ao aumento do tecido adiposo, dita ginecomastia mista. O aumento do volume mamário consequente exclusivamente ao acúmulo de tecido adiposo é classificado como pseudoginecomastia (ginecomastia falsa).

Causas

A ginecomastia está relacionada a causas fisiológicas, patológicas (associada a outras doenças), farmacológicas (medicamentos ou drogas ilícitas) ou idiopática (sem causa aparente).

Entretanto, em todos os casos, há um aumento dos hormônios femininos e/ou diminuição dos hormônios masculinos na corrente sanguínea.

As principais causas de ginecomastia são:

Medicamentos comuns que podem causar ginecomastia:

  • Estrogênios.
  • Androgênios, como testosterona.
  • Quimioterápicos.
  • Antidepressivos tricíclicos.
  • Anti-hipertensivos, como captopril, nifedipina, reserpina, metildopa, verapamil.
  • Digoxina.
  • Cetoconazol.
  • Medicamentos para o tratamento da tuberculose.
  • Espironolactona.
  • Metoclopramida.
  • Amiodarona.
  • Omeprazol.
  • Metronidazol.
  • Finasterida ou dutasterida.
  • Uso abusivo de álcool.
  • Metadona.
  • Drogas ilícitas, com heroína ou maconha.

A ginecomastia de causa fisiológica é subdividida em neonatal, puberal e da andropausa (espécie de menopausa do homem).

Na ginecomastia neonatal hormônios femininos maternos são transferidos, através da placenta, para o feto. O aumento do volume mamário é transitório, permanecendo por semanas a poucos meses. Desta forma, o tratamento é raramente indicado.

Sintomas

Ao exame físico apresenta-se como um aumento do volume da mama devido ao crescimento da glândula mamária, que à palpação é frequentemente de forma discoide, localiza-se atrás da aréola, é móvel e de consistência firme e elástica.

A ginecomastia pode ocorrer nas duas mamas ou em apenas uma. Cerca de 10 a 20% das pessoas relatam dor à palpação.

Pessoas com ginecomastia não apresentam risco aumentado de desenvolvimento de câncer de mama. Desta forma, o tratamento só costuma estar indicado quando gera desconforto do ponto de vista estético ao paciente.

Diagnóstico

Devido à enorme gama de causas, a consulta médica de um paciente com ginecomastia deve ser abrangente, no intuito de direcionar a investigação e de propor o melhor tratamento.

A mamografia ou ultrassonografia da mama deve ser realizada no paciente com aumento unilateral da mama, se houver incerteza quanto ao fato do tecido palpável representar ginecomastia ou outra lesão mamária, tais como câncer de mama, neurofibroma, cisto dermoide ou hematoma.

O doseamento sanguíneo de hormônios, como hCG, LH, FSH e estradiol servem para avaliar a presença de tumores de testículo ou da glândula supre-renal.

Tratamento

Nas ginecomastias patológicas e medicamentosas, o simples tratamento da doença de base ou a interrupção do medicamento podem ser suficientes para a regressão do tamanho da mama. Porém, a chance de regressão diminui consideravelmente nos casos em que a ginecomastia possui mais de um ano de evolução, pois é comum já existir fibrose do tecido após esse período.

Adolescentes, em 65% dos casos, apresentam algum grau de ginecomastia, que normalmente regride espontaneamente em um intervalo de 6 meses a 2 anos. Apenas 7,7% dos pacientes apresentam aumento do volume mamário após os 17 anos. Desta forma, a cirurgia só é indicada nesta faixa etária após anos de observação ou quando afeta emocionalmente o paciente.

Homens na andropausa apresentam incidência de 40 a 60% de ginecomastia, fruto da redução dos níveis sanguíneos de testosterona e do aumento de hormônios femininos. Neste grupo, o tratamento com testosterona pode ser eficaz.

O tratamento medicamentoso da ginecomastia com medicamentos, como o tamoxifeno, é defendido por alguns autores, especialmente quando ela é de surgimento recente e sintomática, ou seja, quando provoca dor e tem menos de 1 ano de evolução. Entretanto, nenhum medicamento possui eficácia de 100%.

Homens com ginecomastia moderada (6 a 11 cm de diâmetro) a grave (> 11 cm) dificilmente sofrerão regressão espontânea, sendo a cirurgia a única opção disponível.

Cirurgia para ginecomastia

A cirurgia permanece sendo o tratamento de escolha para ginecomastia. A técnica cirúrgica dependerá do tamanho do volume mamário e da presença, ou não, de excesso de pele. Quanto maiores forem o volume da mama e o excesso de pele, maiores serão as cicatrizes deixadas pela cirurgia.

A terapia cirúrgica deve ser considerada em homens cuja ginecomastia não regride espontaneamente, está causando considerável desconforto ou sofrimento psicológico, ou é duradoura (superior a 12 meses) e o estágio de fibrose já foi atingido.

Para os adolescentes, a cirurgia geralmente não é recomendada até que o tamanho testicular do adulto seja atingido, pois pode haver novo crescimento do tecido mamário se a cirurgia for realizada antes da conclusão da puberdade.

Os resultados cirúrgicos geralmente são melhores para aqueles com aumento mamário mínimo ou moderado sem que a pele esteja muito esticada.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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