Sibutramina (remédio para emagrecer): indicações e efeitos colaterais

A sibutramina é um inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina utilizado no tratamento da obesidade. Indicada para pacientes com IMC elevado, promove saciedade e perda de peso, mas exige monitoramento cardiovascular.
Dr. Pedro Pinheiro
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Sibutramina

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O que é a sibutramina?

O cloridrato de sibutramina, também conhecido por nomes comerciais como Reductil® ou Sibutran®, é um medicamento da classe dos inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), com leve ação sobre a dopamina. Lançado em 1997, a sibutramina atua como moderador do apetite e é utilizada no tratamento da obesidade.

Apesar de ter sido proibida em diversos países desde 2010 devido ao aumento do risco de eventos cardiovasculares, a sibutramina continua aprovada no Brasil. Sua manutenção no mercado nacional foi respaldada por um parecer técnico conjunto da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), com apoio da Anvisa, desde que seu uso seja criterioso e restrito a pacientes de baixo risco cardiovascular.

Nota: esse texto não visa reproduzir a bula completa da sibutramina. O que faremos é uma revisão crítica do fármaco em linguagem mais acessível ao público leigo, eliminando as partes da bula que contêm linguagem mais técnica e ressaltando as informações que são realmente relevantes para os pacientes que desejam tomar o medicamento.

Para que serve a sibutramina?

A sibutramina é indicada como coadjuvante no tratamento da obesidade, devendo ser usada em conjunto com dieta hipocalórica e prática regular de exercícios físicos.

Segundo as diretrizes atuais, é indicada para pacientes com:

Sua ação ocorre por meio da inibição da recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina no sistema nervoso central. Com isso, aumenta a sensação de saciedade e reduz a fome, além de atenuar a queda do metabolismo basal que costuma ocorrer durante a perda de peso.

A perda de peso promovida pela sibutramina não é imediata. O efeito costuma começar a ser percebido após 2 a 4 semanas de uso, e os melhores resultados são observados nos primeiros 6 meses, quando pode ocorrer perda média de 10 a 15% do peso corporal inicial.

Também é esperado que a sibutramina leve à redução nos níveis de triglicerídeos, colesterol LDL e melhora moderada da sensibilidade à insulina.

Leitura sugerida: Como calcular IMC e descobrir o seu peso ideal.

Sibutramina no contexto atual

Nos últimos anos, surgiram novos medicamentos para o tratamento da obesidade, como os análogos do GLP-1 (semaglutida — Ozempic®, Wegovy® — e tirzepatida — Mounjaro®). Esses fármacos têm demonstrado eficácia superior em termos de perda de peso e perfil metabólico, além de benefícios cardiovasculares comprovados em estudos clínicos robustos.

Apesar disso, a sibutramina ainda é considerada uma opção válida para pacientes selecionados, especialmente aqueles que não têm acesso aos novos medicamentos (de custo elevado), que não apresentam risco cardiovascular e que toleram bem os efeitos adversos da sibutramina.

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Nomes comercias mais comuns

O cloridrato de sibutramina pode ser encontrado na sua forma genérica ou através dos diversos nomes comerciais disponíveis no mercado, entre os quais destacamos:

  • Biomag.
  • Grece.
  • Sibus.
  • Slenfig.
  • Vazy.
  • Nolipo.
  • Plenty.
  • Reductil.
  • Saciette.
  • Sibuctil.
  • Sibutran.
  • Sigran.

A sibutramina é comercializada em duas apresentações: comprimidos ou cápsulas de 10 mg ou 15 mg.

Preço médio

O preço varia consoante a marca, a dosagem e o número de comprimidos contidos na caixa. A opção mais barata costuma ser a caixa de 30 comprimidos de 10 mg na versão genérica, que custa ao redor de 15 reais. Já a caixa de 60 comprimidos de 15 mg do medicamento de marca custa entre 75 e 100 reais.

Como tomar

A sibutramina é um medicamento controlado, de prescrição médica obrigatória. Jamais deve ser tomada sem avaliação e acompanhamento profissional.

  • A dose inicial habitual é de 10 mg ao dia, podendo ser ajustada para 15 mg após 4 semanas se a resposta for insuficiente e se a pressão arterial e frequência cardíaca estiverem dentro dos parâmetros de segurança.
  • O medicamento deve ser ingerido uma vez por dia, de preferência no mesmo horário, com ou sem alimentos.

Não se deve compensar uma dose esquecida. Se por algum motivo você esquecer de tomar o remédio, não se preocupe. Não tome dois comprimidos no dia seguinte, tentando compensar a dose perdida.

A resposta terapêutica deve ser monitorada. A medicação deve ser suspensa se não houver perda de pelo menos 5% do peso corporal nos primeiros 3 meses, ou se o paciente recuperar mais de 3 kg do peso perdido durante o início do tratamento.

O uso contínuo pode ser mantido por até 2 anos, desde que haja benefício clínico e boa tolerância.

Efeitos colaterais

Os efeitos colaterais mais comuns do tratamento com sibutramina são:

Um efeito colateral, obviamente pouco desejado nos pacientes que querem perder peso, é o aumento paradoxal do apetite. Isto chega a ocorrer em até 9% das pessoas que tomam sibutramina.

A sibutramina pode levar ao aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, razão pela qual exige monitoramento regular durante todo o tratamento.

Recomenda-se:

  • Nos primeiros três meses de tratamento, a pressão arterial e a frequência cardíaca devem ser verificadas a cada duas semanas.
  • Entre 3 e 6 meses estes parâmetros devem ser verificados mensalmente.
  • Se tudo estiver bem, a partir do 6ª mês, os parâmetros podem ser avaliados a cada 3 meses.

Se a pressão arterial aumentar mais de 10 mmHg ou a frequência cardíaca subir mais de 10 bpm em repouso, o tratamento deve ser reavaliado. Em pacientes hipertensos, a sibutramina deve ser interrompida se a PA ultrapassar 145/90 mmHg em duas consultas consecutivas.

Contraindicações

A sibutramina não deve ser tomada por pacientes que apresentem as seguintes condições:

  • Histórico de infarto ou doença coronariana.
  • Insuficiência cardíaca congestiva.
  • Histórico de AVC ou AIT.
  • Arritmias cardíacas.
  • Doença arterial periférica.
  • Hipertensão arterial mal controlada (acima de 145/90 mmHg).
  • Diabetes mellitus tipo 2, com pelo menos mais um fator de risco cardiovascular, tais como hipertensão arterial controlada por medicamentos, dislipidemia, tabagismo ou nefropatia diabética com evidência de microalbuminúria.
  • Histórico de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia.
  • Pacientes em uso de inibidores da monoaminoxidase (IMAO). É recomendado um intervalo de pelo menos duas semanas após a interrupção dos IMAO antes de iniciar o tratamento com sibutramina.
  • Gravidez ou aleitamento materno.

Além das doenças acima, também não devem tomar sibutramina os pacientes com: depressão grave, doença das válvulas cardíacas, hipertensão pulmonar, glaucoma de ângulo fechado e doença hepática grave.

Por que alguns países proibiram a sibutramina, mas o Brasil não?

A sibutramina foi retirada do mercado em países como Reino Unido, EUA, Canadá e toda a União Europeia após a publicação do estudo SCOUT, que acompanhou mais de 11 mil pacientes com alto risco cardiovascular. O estudo encontrou um aumento estatisticamente significativo de eventos cardiovasculares no grupo que usou sibutramina (11,4%) em comparação ao placebo (10%).

No entanto, a diferença absoluta foi de apenas 1,4% e não houve aumento na mortalidade geral. Além disso, os participantes do estudo eram em sua maioria idosos (>55 anos) com histórico de doenças cardiovasculares — perfil para o qual a sibutramina já era contraindicada.

Com base nesses dados, as sociedades médicas brasileiras defenderam que a sibutramina continuasse disponível para uso em pacientes sem risco cardiovascular aumentado, desde que com prescrição e monitoramento adequados.

Interação com outros medicamentos

Os seguintes medicamentos interagem com sibutramina e devem ser relatados ao seu médico antes do início do tratamento:

Não se deve fumar maconha durante o tratamento com sibutramina pelo aumento do risco de hipertensão e arritmias cardíacas.

O uso simultâneo com outras drogas para emagrecimento é desencorajado.

Não há interação entre a sibutramina e os anticoncepcionais hormonais.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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