Nitrofurantoína (Macrodantina): para que serve e doses

A nitrofurantoína é um antibiótico antigo, presente no mercado desde a década de 1950, mas que ainda é muito útil no tratamento e na prevenção da infecção urinária, principalmente da cistite.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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nitrofurantoína

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O que é a nitrofurantoína?

A nitrofurantoína, também conhecida pelos nomes comerciais Macrodantina (Brasil) e Furadantina (Portugal), é um antibiótico antigo, presente no mercado desde a década de 1950, mas que ainda é muito útil no tratamento e na prevenção da infecção urinária, principalmente da cistite, que é a infecção da bexiga.

A nitrofurantoína é um antibiótico muito usado no tratamento da cistite nas mulheres grávidas, principalmente nos 2.º e 3.º trimestres, pois muitos dos outros antibióticos habitualmente utilizados no tratamento da infecção urinária são contraindicados na gravidez.

Atenção: este texto não aspira ser uma típica bula da Macrodantina. Nosso objetivo é ter uma linguagem menos técnica que a de uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações sobre este medicamento.

Para que serve

A nitrofurantoína é um antibiótico indicado exclusivamente para o tratamento e para a prevenção da infecção urinária. Atualmente, não indicamos o uso da Macrodantina para o tratamento de nenhum outro tipo de infecção.

Apesar de a Macrodantina só ser útil contra infecção urinária, ela não deve ser utilizada indiscriminadamente neste tipo de infecção; há situações específicas nas quais a nitrofurantoína está indicada; são as seguintes:

  • Tratamento da cistite quando a bactéria isolada na urocultura é sabidamente sensível à nitrofurantoína.
  • Tratamento da cistite nas grávidas (evitar no primeiro trimestre e após 37 semanas).
  • Tratamento das bacteriúrias assintomáticas nas grávidas (evitar no primeiro trimestre e após 37 semanas).
  • Prevenção da cistite nas mulheres que apresentam infecção urinária recorrente.

A nitrofurantoína não costuma ser a primeira escolha de antibióticos nas seguintes situações de infecção urinária:

  • Tratamento da pielonefrite (infecção dos rins).
  • Tratamento inicial da cistite, antes do resultado da urocultura.

A nitrofurantoína não consegue atingir concentrações elevadas nos rins, não sendo, portanto, eficaz para matar as bactérias que estejam causando uma infecção renal (pielonefrite). Já na bexiga, a macrodantina consegue atingir boas concentrações, motivo pelo qual ela é eficaz para o tratamento das cistites.

Todavia, como em algumas regiões a taxa de resistência das bactérias à nitrofurantoína é alta, ela não costuma ser indicada como primeira opção, exceto se o médico tenha em mãos o resultado de um antibiograma indicando que a bactéria é sensível à macrodantina.

Nomes comerciais

A nitrofurantoína é um antibiótico já presente no mercado há muitos anos. Você pode adquiri-la sob a forma genérica ou pelos vários nomes comerciais disponíveis, incluindo:

  • Biofurin
  • Furadantina.
  • Hantina.
  • Macrodantina.
  • Nitrofen.
  • Trofurim.

Em Portugal, a caixa de furadantina com 50 cápsulas de 100 mg custa cerca de 2,90 Euros. No Brasil, a caixa com 28 cápsulas de 100 mg custa ao redor de 4 Reais. Já a Macrodantina, uma das marcas comerciais da nitrofurantoína, costuma custar cerca de 9 Reais a caixa com 28 cápsulas de 100 mg.

Posologia – Como tomar

Dose da nitrofurantoína indicada para tratar infecção da bexiga – cistite:

  • Adultos ou crianças com mais de 12 anos: uma cápsula de 100 mg de 12/12 horas* (ou 50 mg de 6/6 horas) por 5 a 7 dias.
  • Crianças de 1 mês a 12 anos: 5 a 7 mg por quilo de peso por dia, divididos em 4 tomadas diárias. Dose máxima por cada tomada: 100 mg.

* Algumas fontes sugerem 100 mg de 6/6 horas. Estudos mostram, porém, que a dose de 100 mg a cada 12 horas é tão eficaz quanto.

Dose da nitrofurantoína indicada para a prevenção da cistite:

  • Profilaxia contínua: 1 cápsula diária de 100 mg por um período de 6 a 12 meses.
  • Profilaxia pós-coito: 1 cápsula de 100 mg após cada relação sexual.

Para saber mais sobre o tratamento e a prevenção da cistite, leia os seguintes artigos:

Efeitos colaterais

A macrodantina é um antibiótico com baixa taxa de efeitos colaterais. Entre os afeitos adversos mais comuns podemos citar náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, flatulência e perda do apetite. Esses efeitos ocorrem em cerca de 1 a 8% dos casos.

Em alguns pacientes, a urina pode ficar mais escura, com uma cor acastanhada (leia: Cor da urina (verde, roxa, laranja, azul)).

Alguns efeitos colaterais mais graves podem ocorrer, tais como anemia, icterícia, queda de cabelo e reações alérgicas. Eles, porém, são raros e ficam restritos a menos de 0,1% dos casos.

Uso prolongado

O uso de nitrofurantoína por mais de 6 meses seguidos aumenta o risco de pneumonite intersticial difusa, fibrose pulmonar, hepatite crônica e desenvolvimento de neuropatia.

Entre os efeitos adversos raros e graves da nitrofurantoína, um se destaca: a lesão pulmonar, um quadro que se caracteriza por febre, tosse, falta de ar, dor torácica e cansaço, sendo muito semelhante aos sintomas de uma pneumonia.

Idosos e mulheres são o grupo com maior risco de desenvolver lesão pulmonar pela nitrofurantoína.

Precauções

A macrodantina deve ser evitada nas seguintes situações:

  • Insuficiência renal com taxa de filtração glomerular menor que 40 ml/min.
  • Gravidez no primeiro trimestre (não é contraindicado, mas há outras opções mais seguras, tais como fosfomicina, amoxicilina ou cefalexina).
  • Gravidez após 37 semanas (há um maior risco de icterícia neonatal).
  • Durante o aleitamento materno.
  • História de alergia à nitrofurantoína.
  • Bebês com menos de 1 mês.
  • Pacientes com doença do fígado.

Interações medicamentosas

A nitrofurantoína não costuma provocar interações medicamentosas com frequência. Entre os fármacos que devem ser evitados durante o tratamento com a Macrodantina estão:

  • Vacina para febre tifoide.
  • Norfloxacino.
  • Picossulfato de sódio.
  • Trissilicato de magnésio.
  • Probenecida.
  • Espironolactona.

A nitrofurantoína, assim como a maioria dos antibióticos, não interfere na eficácia da pílula anticoncepcional (leia: Antibióticos Cortam o Efeito dos Anticoncepcionais?).


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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