Buscopan (escopolamina): Bula simplificada

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Buscopan

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é a escopolamina (Buscopan)?

Buscopan é o nome comercial mais conhecido do fármaco butilbrometo de escopolamina, também conhecido como butilbrometo de escopolamina, brometo de butilescopolamina ou butilbrometo de hioscina.

Existe também o Buscopan Composto, que é a composição da escopolamina com a dipirona (leia: Dipirona – Indicações, Efeitos Colaterais e Perigos). Em Portugal, existe o Buscopan Compositum, que é a composição da escopolamina com o paracetamol (leia: Paracetamol: indicações, doses e apresentações).

A escopolamina é uma substância antiespasmódica, isto é, que inibe a contração dos músculos lisos, geralmente de órgãos tubulares. A ação da escopolamina é especialmente eficaz no trato gastrointestinal, motivo pelo qual esse fármaco é muito útil no tratamento das cólicas intestinais. A associação da dipirona com a escopolamina aumenta sua eficácia no alívio das cólicas.

Atenção: este texto não aspira ser uma bula completa do butilbrometo de escopolamina. Nosso objetivo é ser menos técnico que uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações objetivas e em linguagem adequada ao público leigo.

As informações que seguem servem tanto para o Buscopan simples como para o Buscopan Composto ou Buscopan Compositum. A presença da dipirona ou do paracetamol na fórmula serve apenas para adicionar efeito analgésico e antipirético à ação antiespasmódica da escopolamina.

Para que serve

O butilbrometo de escopolamina é um fármaco anticolinérgico que age inibindo a ação do sistema nervoso central sob músculos lisos, que é um tipo de músculo de contração involuntária presente em diversos órgãos, entre eles os tratos gastrointestinal, urinário e no útero.

Esse bloqueio colinérgico é responsável por inibir a contração de diversos músculos lisos, que, quando ocorre de forma intensa, é responsável por diversos quadros de dor, tais como as cólicas intestinais, uterinas, renal e biliar.

Portanto, o Buscopan é um medicamento que pode ser utilizado para aliviar as dores nas seguintes condições:

Nota1: a escopolamina age inibindo as cólicas, a sua ação é exclusiva no controle da dor. Ela não age na origem do problema. O Buscopan, portanto, não trata a causa da infecção urinária, não cura a úlcera péptica nem ajuda a eliminar um cálculo renal ou biliar.

Nota2: em muitas das situações citadas acima, o Buscopan não é a melhor opção para alívio da dor. Por isso, ele costuma ser usado em conjunto com anti-inflamatórios ou opioides.

Devido à sua ação anticolinérgica, a escopolamina também age inibindo as secreções das glândulas salivares, sudoríparas e nasais. Geralmente, essa ação é responsável por parte dos efeitos adversos da escopolamina, porém, em determinadas situações, esse efeito pode ser benéfico, como são os casos da rinite aguda e dos pacientes com Doença de Parkinson, que têm produção excessiva de suor ou saliva (a escopolamina também ajuda a aliviar um pouco os tremores).

Nomes comerciais

O butilbrometo de escopolamina pode ser encontrado nas farmácias sob a sua forma genérica ou através dos seus vários nomes comerciais.

Como já referido, o nome comercial mais famoso da escopolamina é o Buscopan, medicamento produzido pelo laboratório Boehringer, considerado o medicamento de referência para a substância butilescopolamina.

Os outros nomes comerciais da escopolamina são:

  • Algexin.
  • Atrocolic.
  • Belscopan.
  • Buscoveran Composto.
  • Hiospan.
  • Neocopan Composto.
  • Uni Hioscin.

Como tomar

O Buscopan pode ser encontrada nas farmácias em drágeas de 10 mg ou em solução oral (gotas) 10 mg/ml.

O início do seu efeito costuma ser perceptível com cerca de 20 minutos.

1) Posologia em gotas:

20 gotas de Buscopan equivale a 1 ml de solução e a 10 mg de escopolamina. As doses habitualmente recomendadas são:

  • Adultos e crianças acima de 6 anos: 20 a 40 gotas (10 a 20 mg), 3 a 5 vezes ao dia.
  • Crianças entre 1 e 6 anos: 10 a 20 gotas (5 a 10 mg), 3 vezes ao dia.
  • Lactentes: 10 gotas (5 mg), 3 vezes ao dia.

2) Posologia em drágeas:

As doses habitualmente recomendadas são:

  • Adultos e crianças acima de 6 anos: 1 a 2 drágeas (10 a 20 mg), 3 a 5 vezes ao dia.

Efeitos colaterais

A maioria dos possíveis efeitos adversos do Buscopan são incomuns, leves e desaparecem espontaneamente.

Menos de 1% dos pacientes apresenta os seguintes efeitos colaterais:

  • Urticária.
  • Boca seca.
  • Coceira.
  • Taquicardia (coração acelerado).
  • Disidrose (pequenas bolhas nas palmas das mãos e plantas dos pés que coçam).

Menos de 0,1% dos pacientes apresenta retenção urinária.

Contraindicações

O Buscopan deve ser evitado nos pacientes com as seguintes condições:

Não há informações suficientes sobre a presença da escopolamina no leite materno, portanto, como medida de precaução, esse medicamento deve ser evitado durante a amamentação.

Interações medicamentosas

A associação do Buscopan com outros medicamentos que também apresentam ação anticolinérgica pode aumentar o risco de efeitos colaterais. Alguns exemplos estão listados abaixo:

  • Antidepressivos (amitriptilina, imipramina, nortriptilina, mirtazapina, mianserina).
  • Antialérgicos (prometazina, dexclorfeniramina, hidroxizina).
  • Antipsicóticos (clorpromazina, flufenazina, haloperidol).
  • Quinidina.
  • Amantadina.
  • Disopiramida.
  • Ipatrópio.
  • Anticolinérgicos (tiotrópio e ipratrópio e compostos similares à atropina).

Não há evidências de que a escopolamina interfira com a eficácia das pílulas anticoncepcionais.

Dúvidas comuns

Buscopan serve para dor de cabeça?

Resposta: Não, a escopolamina é um fármaco geralmente usado para tratar cólicas e dores abdominais, pois atua como um antiespasmódico, e não como analgésico ou anti-inflamatório. No caso da associação da escopolamina com dipirona (Buscopan composto), a dipirona pode ter efeito contra a dor de cabeça, mas a presença da escopolamina é desnecessária.

Buscopan faz a menstruação descer?

Resposta: Não há evidências científicas que sugiram que o Buscopan possa induzir ou acelerar a chegada da menstruação. Seu efeito é focado no alívio das cólicas, que são um sintoma comum durante o período menstrual.

Buscopan serve para gases?

Resposta: Sim, a escopolamina pode ser usada para aliviar os desconfortos causados por gases, como a distensão abdominal e as dores espasmódicas. Sua ação antiespasmódica ajuda a relaxar os músculos lisos do trato gastrointestinal, o que pode aliviar as dores e desconfortos causados por gases. No entanto, é importante lembrar que o Buscopan não trata a causa subjacente da formação excessiva de gases, mas sim alivia os sintomas associados a eles (leia: Excesso de Gases Intestinais – Causas e Tratamento).

Buscopan serve para diarreia?

Resposta: Embora possa ajudar a aliviar as cólicas abdominais que às vezes acompanham a diarreia, a escopolamina não trata a diarreia em si (leia: Tratamento caseiro da diarreia).

Buscopan é anti-inflamatório?

Resposta: Não, Buscopan não é um anti-inflamatório. É um medicamento antiespasmódico, o que significa que ele age relaxando os músculos lisos do trato gastrointestinal, bexiga e outros órgãos. Isso o torna eficaz no alívio de cólicas e dores associadas a espasmos musculares, como cólicas menstruais, gastrointestinais e das vias urinárias.

Mulheres grávidas podem tomar Buscopan?

Resposta: Existem poucos dados disponíveis sobre o uso de butilbrometo de escopolamina em mulheres grávidas. Em geral, o medicamento costuma ser evitado no primeiro e no terceiro trimestre de gestação.

Buscopan® está classificado na categoria B de risco na gravidez (i.e.: medicamentos sem estudos adequados em humanos, mas que a experiência em animais não demonstrou riscos ou medicamentos com efeitos adversos em animais, mas que, quando estudados em humanos, não demonstram riscos.)

De quantas em quantas horas pode tomar Buscopan?

Resposta: O Buscopan simples pode ser tomado até 5 vezes por dia. Já o Buscopan composto deve ser tomado de 8/8h ou de 6/6h.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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