O que é a domperidona?
A domperidona, também conhecida pelos nome comercial Motilium, é um medicamento que tem a propriedade de acelerar o esvaziamento do estômago, sendo, assim, útil para o tratamento das náuseas, dor de estômago, distensão gástrica e refluxo gastroesofágico.
Apesar de ser um medicamento seguro e com baixo potencial de provocar de efeitos adversos, a domperidona pode estar associada a um risco aumentado de arritmias cardíacas graves, particularmente quando são usadas doses diárias acima de 30 mg ou quando o fármaco é utilizado em pacientes com mais de 60 anos.
Atenção: este texto não pretende ser uma bula completa da domperidona. Nosso objetivo é ser menos técnico que uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações objetivas e em linguagem adequada ao público leigo.
Ações e Indicações
A domperidona é uma droga com ação antidopaminérgica, pois ela age impedindo a ligação do neurotransmissor dopamina aos seus receptores D2.
Essa inibição da ligação da dopamina aos receptores D2 provoca os seguintes efeitos:
- Aumento da peristalse do esôfago, o que acelera a passagem dos alimentos em direção ao estômago.
- Aumento da pressão do esfíncter inferior do esôfago, o que diminui o risco de refluxo gastroesofágico.
- Aumento da motilidade gástrica e do duodeno, o que acelera o esvaziamento do estômago.
- Ação antiemética (inibição de náuseas e vômitos).
- Aumento da secreção de prolactina, que é o hormônio responsável pela produção de leite.
- Bloqueia os efeitos adversos dos medicamentos à base de dopamina, como a levodopa (L-dopa) e bromocriptina.
Portanto, dados os efeitos descritos acima, a domperidona costuma ser indicada nas seguintes situações clínicas:
- Tratamento das náuseas e vômitos.
- Refluxo gastroesofágico.
- Azia.
- Gastroparesia – esvaziamento gástrico lentificado (comum em pacientes diabéticos).
- Distensão abdominal.
- Excesso de gases.
- Dispepsia (queimação estomacal).
- Indução da lactação em mulheres com problemas para produzir leite.
- Controle dos sintomas adversos do tratamento da doença de Parkinson.
Nomes comerciais
A domperidona pode ser encontrada nas farmácias sob a sua forma genérica ou através dos seus vários nomes comerciais.
Como já referido, o nome comercial mais famoso da domperidona é o Motilium, medicamento produzido pelo laboratório Janssen-Cilag e que é considerado a marca de referência para essa substância.
Os outros nomes comerciais da domperidona são:
- Domperix.
- Dompliv.
- Dompgran.
- Molidon.
- Motiridona.
- Peridal.
- Peridona.
Como tomar
A domperidona pode ser encontrada sob as formas de comprimidos de 10 mg ou xaropes (suspensão oral) de 1 mg/ml.
Adultos
A dose recomendada para pessoas com mais de 12 anos e mais de 35 quilos é 10 mg (ou 10 ml do xarope), 3 vezes por dia. As doses devem ser administradas, de preferência, 15 minutos antes das refeições ou logo ao deitar (para quem sofre de refluxo à noite).
A dose máxima recomendada pelo fabricante é de 40 mg a 80 mg por dia (4 a 8 comprimidos por dia). Porém, a incidência de efeitos colaterais aumenta muito com doses acima de 30 mg por dia (3 comprimidos por dia).
Para minimizar os riscos de efeitos colaterais, o uso da domperidona deve ser limitado a 7 dias.
Crianças
Apesar de não ser contraindicada, a domperidona deve ter seu uso limitado, principalmente nos casos de automedicação, nas crianças com menos de 35 kg.
Quando o seu uso é indicado pelo pediatra, a dose preconizada é de 2,5 ml do xarope para cada 10 quilos de peso corporal (0,25 ml/kg), 3 vezes ao dia (a dose diária máxima é de 35 mg ou 35 ml).
Exemplo: uma criança de 20 quilos deve tomar 5 ml (5 mg), 3 vezes por dia.
Efeitos colaterais
Os efeitos adversos da domperidona costumam surgir quando o paciente faz uso prolongado da medicação ou quando as doses são maiores que 30 mg/dia.
Entre os efeitos colaterais mais comuns podemos citar: dor de cabeça, diarreia, depressão, agitação, ansiedade, menstruação irregular, galactorreia (secreção de leite), dor mamária, aumento do volume das mamas, retenção urinária e boca seca.
A ocorrência de arritmias cardíacas graves é um evento raro, que costuma ocorrer apenas em pacientes que fazem uso prolongado e em doses maiores que 30 mg por dia ou que já tenham alguma doença que predisponha à arritmia cardíaca.
Contraindicações
A domperidona não deve ser administrada em pacientes com as seguintes características:
- História de alergia a qualquer um dos componentes da fórmula.
- Alterações no eletrocardiograma que predisponham a arritmias, como a existência de um intervalo QT alargado.
- Doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca moderada a grave.
- Hemorragia gastrointestinal ativa.
- Insuficiência hepática moderada a grave.
- Existência de prolactinoma (tumor produtor de prolactina).
Apesar de seguros em animais, não há estudos em humanos que atestem a segurança da domperidona durante a gravidez. Portanto, o seu uso deve ser evitado em gestantes. Pelo mesmo motivo, o uso durante o aleitamento materno também é desaconselhado.
Dado o risco de arritmias cardíacas, este medicamento deve ser utilizado com cuidado por pessoas com mais de 60 anos.
Interações medicamentosas
A administração concomitante de domperidona com fármacos que são inibidores potentes do citocromo P450 3A4 (CYP3A4) aumenta o risco de arritmias cardíacas por causarem prolongamento do intervalo QT.
Entre os medicamentos mais comuns que fazem parte deste grupo estão: claritromicina, eritromicina, itraconazol, cetoconazol, fluconazol, hidroxicloroquina, indapamida, ritonavir, saquinavir, telitromicina e voriconazol.
A domperidona não interfere no efeito da pílula anticoncepcional.
Referências
- Bula Domperidona – EMS.
- Bula Domperidona – Eurofarma.
- Domperidone – UpToDate.
- Domperidone Oral – HealthLink British Columbia.
- Domperidone for improving breast milk supply fact sheet – Pharmacy Department, Queensland Children’s Hospital.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.