Cetoprofeno (bula simplificada): doses e indicações

Cetoprofeno é um anti-inflamatório não esteroide (AINE) usado para aliviar dores, inflamações e febre em condições como artrite, dor muscular e cólicas. Atua reduzindo substâncias que causam dor e inflamação no corpo.
Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Cetoprofeno

Tempo de leitura estimado do artigo: 3 minutos

O que é o cetoprofeno?

O cetoprofeno, também conhecido pelo nome comercial Profenid, é um medicamento da classe dos anti-inflamatórios não esteroides (AINE), que apresenta propriedades analgésicas, antitérmicas e anti-inflamatórias.

Assim como todos os anti-inflamatórios, o cetoprofeno é indicado para uma série de condições de origem inflamatória, tais como artrites, traumatismos, inflamações dentárias, pós-operatórios e quadros de dor em geral.

Atenção: esse texto não tem como objetivo reproduzir a bula completa do cetoprofeno. O que faremos é uma revisão crítica do fármaco em linguagem mais acessível ao público leigo, eliminando as partes da bula que contêm linguagem mais técnica e ressaltando as informações que são realmente relevantes para os pacientes que desejam tomar o medicamento.

Se você deseja informações gerais sobre todos os fármacos da classe dos anti-inflamatórios não esteroides (AINE), leia: Anti-inflamatórios – Ação e Efeitos Colaterais.

Para que serve

O cetoprofeno é um fármaco anti-inflamatório indicado para o tratamento das dores de leve a moderada intensidade.

Entre as condições mais indicadas podemos citar:

O cetoprofeno em gel é indicado para o tratamento das dores de leve intensidade de origem muscular ou articular, tais como lombalgia, torcicolo, entorses, tendinites, distensões musculares e lesões de leve gravidade decorrentes da prática esportiva.

Nomes comerciais

O cetoprofeno pode ser encontrado na sua forma genérica ou através dos diversos nomes comerciais disponíveis no mercado, entre os quais destacamos:

  • Artrinid.
  • Artoprofen.
  • Artrosil.
  • Bi-Profenid.
  • Ceprofen.
  • Dou Cetofen.
  • Flamador.
  • Profenid.

O cetoprofeno pode ser encontrado nas formas de comprimidos de 50 mg, 100 mg, 150 mg ou 200 mg, gotas, xarope, supositório ou gel.

Existe também a forma injetável para administração intra-hospitalar, utilizada nos casos de dor mais severa, como nos pós-operatórios ou crises de cólica renal.

Preço

O preço da caixa do cetoprofeno varia de 15 a 45 reais, dependendo da dose, da marca, da farmácia e da formulação do medicamento (xarope costuma ser mais barato).

Posologia – Como tomar

Comprimidos

A dose habitualmente recomendada é de 200 mg por dia (1 comprimido de 100 mg de 12/12 horas ou 1 comprimido de 50 mg de 6/6 horas). Nos casos de dor mais intensa, a dose máxima pode ser de 300 mg por dia (1 comprimido de 100 mg de 8/8h ou 1 comprimido de 150 mg de 12/12h).

Os comprimidos de 200 mg são de liberação prolongada e a sua posologia é de apenas 1 comprimido por dia.

Devido ao maior risco de efeitos adversos, nos pacientes idosos, recomenda-se não ultrapassar a dose de 200 mg por dia.

Os comprimidos não podem ser partidos, abertos ou mastigados e devem ser ingeridos, de preferência, durante ou logo após as refeições.

Gotas

Cada gota contém 1 mg de cetoprofeno (apresentação de 20 mg/ml).

As doses recomendadas são:

  • Crianças acima de 1 ano: 1 gota por kg de peso a cada 6 ou 8 horas.
  • Crianças de 7 a 11 anos: 25 gotas a cada 6 ou 8 horas.
  • Acima de 12 anos: 50 gotas a cada 6 ou 8 horas.

Supositório

Um supositório de 100 mg de 12/12 horas.

Assim como ocorre com todos os anti-inflamatórios, o tempo de uso do cetoprofeno deve ser o mais curto possível.

Efeitos colaterais

Por ser um anti-inflamatório não esteroide (AINE), o cetoprofeno compartilha de todos os efeitos adversos desta classe de fármacos, sendo os mais comuns:

  • Dispepsia (queimação no estômago): 11%.
  • Dor abdominal: 3 a 9%.
  • Prisão de ventre: 3 a 9%.
  • Diarreia: 3 a 9%.
  • Flatulência: 3 a 9%.
  • Enjoos: 3 a 9%.
  • Insuficiência renal aguda: 3 a 9%.
  • Edemas: 2%.
  • Úlcera péptica: 2%.
  • Hemorragia digestiva: 2%.
  • Tonturas: menos de 1%.
  • Alterações visuais: menos de 1%.
  • Estomatite: menos de 1%.
  • Rash de pele: menos de 1%.

Nota: o cetoprofeno em gel apresenta pouca absorção sistêmica e os efeitos colaterais descritos acima não costumam ocorrer.

Duas complicações graves do cetoprofeno que merecem um pouco mais de atenção são a úlcera péptica e a insuficiência renal, situações que podem surgir com o uso prolongado de qualquer AINE. Pacientes que fazem uso crônico de qualquer anti-inflamatório também apresentam maior risco de complicações cardiovasculares.

Os AINE também são conhecidos por interferir no controle da pressão arterial, podendo provocar hipertensão e resistência aos medicamentos anti-hipertensivos.

Precauções e contra-indicações

O cetoprofeno não deve ser administrado a nenhum paciente que já tenha tido reação alérgica ou crise de broncoespasmo relacionada a qualquer AINE ou ácido acetilsalicílico (aspirina).

Como os anti-inflamatórios inibem a ação das plaquetas, nos pacientes com cirurgia programada, o cetoprofeno deve ser suspenso pelo menos 48 horas antes do procedimento para minimizar o risco de hemorragia no período intra e pós-operatório.

O cetoprofeno também deve ser evitado nos pacientes com as seguintes condições:

O cetoprofeno pode prejudicar a fertilidade feminina, devendo, portanto, ser evitado em mulheres que estão tentando engravidar.

O uso de qualquer anti-inflamatório na população idosa deve ser feito com cuidado, pois o risco de lesão renal e sangramento gastrintestinal nessa população é bastante alto. Deve-se sempre usar a menor dose eficaz pelo menor período possível.

Interações medicamentosas

A associação do cetoprofeno com outros medicamentos pode causar os seguintes efeitos adversos por interação medicamentosa:

  • Qualquer outro AINE: elevado risco de lesão gastrintestinal.
  • Álcool: elevado risco de efeitos adversos gastrintestinais e toxicidade do fígado.
  • Anticoagulantes (heparina e varfarina): aumento do risco de sangramento.
  • Inibidores da agregação plaquetária (ex.ticlopidina e clopidogrel): aumento do risco de sangramento.
  • Lítio: risco de aumento dos níveis de lítio no sangue.
  • Metotrexato em doses maiores do que 15 mg/semana: aumento do risco de toxicidade hematológica.
  • Colchicina: aumenta o risco de ulceração ou hemorragia gastrintestinal.
  • Corticosteroides (ex. prednisona, prednisolona, dexametasona): aumento do risco de ulceração ou sangramento gastrintestinal.
  • Diuréticos (ex. furosemida, hidroclorotiazida, clortalidona): maior risco de desenvolvimento de insuficiência renal aguda.
  • Inibidores da ECA (ex. ramipril, enalapril, lisinopril) ou antagonistas da angiotensina II (ex. irbesartan, losartan, valsartan): aumento o risco de hipercalemia (elevação do potássio no sangue) e lesão renal aguda.
  • Tenofovir: aumenta o risco de lesão renal aguda.
  • Medicamentos anti-hipertensivos: risco de redução do efeito anti-hipertensivo.
  • Ciclosporina: aumenta o risco de lesão renal aguda e hipertensão arterial.
  • Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ex. fluoxetina, paroxetina, sertralina): aumento do risco de sangramento gastrintestinal.

Avise o seu médico se estiver tomando qualquer um dos fármacos citados acima.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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