Atenolol (Bula simplificada)

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Atenolol

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O que é o atenolol?

O atenolol é um fármaco que pertence à classe dos beta-bloqueadores, habitualmente utilizado no tratamento da hipertensão arterial, da doença isquêmica coronariana e em alguns tipos de arritmias cardíacas.

O atenolol, assim como outros betabloqueadores, são indicados no tratamento das doenças cardiovasculares por terem ação direta sobre a frequência cardíaca e sobre a força de contração do músculo do cardíaco, diminuindo, assim, a demanda de energia por parte do coração.

Atenção: este texto não aspira ser uma bula completa do atenolol. Nosso objetivo é ser menos técnico que uma bula e mais útil aos pacientes que procuram informações objetivas e em linguagem acessível ao público leigo.

Mecanismo de ação

O atenolol é um medicamento que faz parte da classe dos betabloqueadores, também chamados de bloqueadores beta-adrenérgicos. Outros fármacos conhecidos desta classe são: propranolol, bisoprolol, metoprolol, nebivolol, carvedilol e timolol.

Os fármacos betabloqueadores agem impedindo a ação da adrenalina e da noradrenalina sobre os receptores beta que estão presente em vários órgãos, tais como coração, pulmões e vasos sanguíneos.

Existem 2 tipos de receptores beta: beta-1 e beta-2.

Os receptores beta-1 estão presentes principalmente no coração, rins, intestino, olhos e em menor quantidade nos pulmões. Já os receptores beta-2 existem predominantemente nos pulmões, nos vasos sanguíneos, no pâncreas e em menor quantidade no coração.

O atenolol é um bloqueador beta-1 seletivo, ou seja, ele age predominantemente nos receptores beta-1. O alvo principal da sua ação é o coração.

Como resultado do bloqueio dos receptores beta-1, o atenolol promove:

  • Redução da frequência cardíaca.
  • Redução da força de contração do músculo cardíaco.
  • Redução do volume de sangue bombeado pelo ventrículo esquerdo.
  • Redução da produção de renina pelos rins, o que inibe a retenção de sal e líquidos.
  • Atraso na condução de impulsos elétricos pelo nodo AV do coração.

O atenolol começa a ter efeito com cerca de 60 minutos e o pico ação ocorre com 2 a 4 horas. O seu efeito tem duração de cerca de 24 horas.

Na hipertensão arterial, o efeito máximo do medicamento só é atingido após 1 a 2 semanas de uso contínuo.

A seletividade beta-1 do atenolol reduz-se conforme a sua dose vai sendo elevada, de forma que, em doses altas, o medicamento inibe tanto os receptores beta-1 quanto beta-2.

Para que serve – Indicações

As ações betabloqueadoras sobre os receptores beta-1 fazem com que o atenolol seja útil no tratamento das seguintes situações:

A redução do trabalho cardíaco pela inibição dos receptores beta-1 ajuda a reduzir o gasto de energia e necessidade de sangue do coração, o que é útil nos quadros de isquemia, como na angina e no infarto.

A redução da força de contratilidade do coração e do volume de sangue bombeado pelo ventrículo esquerdo, associado à redução da retenção de líquidos e sódio pelos rins, ajuda no controle da pressão arterial.

Por fim, a redução da velocidade de transmissão dos impulsos elétricos cardíacos ajuda a controlar as arritmias, como o flutter atrial, a fibrilação atrial e a taquicardia supraventricular.

Como tomar

O atenolol pode ser encontrado em comprimidos de 25 mg, 50 mg e 100 mg.

  • Posologia na hipertensão: dose inicial de 25 a 50 mg por dia. A dose pode ser elevada até 100 mg por dia em dose única diária. Doses acima de 100 mg/dia não são benéficas no controle da pressão arterial e ainda aumentam o risco de efeitos colaterais.
  • Posologia na angina de peito: 50 a 100 mg por dia. Alguns cardiologistas utilizam doses de até 200 mg por dia (100 mg 12/12 horas).
  • Posologia no pós-infarto do miocárdio: 100 mg por dia.
  • Posologia na fibrilação atrial: 25 mg a 50 mg por dia. A dose pode ser aumentada até 100 mg, se necessário para controlar a frequência cardíaca.

Nomes comerciais

O atenolol já está presente no mercado há muitos anos e pode ser facilmente encontrado sob a forma de medicação genérica.

Os preços do atenolol variam muito consoante a marca e a dosagem. Pesquise bem as opções, pois os preços das caixas podem variar desde R$ 1,50 (30 comprimidos de 25 mg do medicamento genérico) até R$ 90,00 (30 comprimidos de 100 mg do medicamento de marca).

Entre os nomes comerciais, o mais famoso é o Atenol (Brasil) ou Tenormin (Portugal), ambos do laboratório Astrazeneca, que são considerados o medicamento de referência para a substância atenolol.

Outros nomes comerciais facilmente encontrados nas farmácias são:

  • Ablok.
  • Agiless.
  • Angipress.
  • Atecard.
  • Ateneo.
  • Ateneum.
  • Atenobal.
  • Atenolab.
  • Atenopress.
  • Atenoton.
  • Atensiol.
  • Ateplus.
  • Atepress.
  • Plenacor.
  • Ritcor.
  • Telol.
  • Tenolon.

Efeitos colaterais

Os efeitos adversos do atenolol estão diretamente ligados à sua ação bloqueadora dos receptores beta-1.

A bradicardia, caracterizada por uma frequência cardíaca abaixo de 60 batimentos por minutos (BPM), é o efeito indesejado mais comum. O risco de bradicardia é maior se o paciente já tiver uma frequência cardíaca habitual perto dos 60 BPM ou se estiver usando algum outro fármaco que também tenha efeito bradicárdico, como a digoxina, diltiazem ou verapamil.

Assim como ocorre com qualquer medicamento anti-hipertensivo, a hipotensão arterial também é um efeito adverso comum do atenolol, principalmente se tomado em doses altas.

Outros efeitos colaterais possíveis incluem: extremidades frias, cansaço, tontura, impotência sexual, depressão, broncoespasmo, insônia, diarreia, constipação intestinal e náuseas.

Contraindicações

O atenolol não deve ser utilizado por nenhum paciente que apresente elevado risco de efeitos adversos relacionados ao bloqueio beta-1. Entre eles podemos citar os indivíduos que apresentam:

  • Bradicardia.
  • Bloqueio átrio-ventricular de 2º ou 3º grau.
  • Insuficiência cardíaca descompensada.
  • Hipotensão arterial.
  • Isquemia dos membros inferiores.

A atenolol também é contraindicado na gravidez, pois ele consegue atravessar a barreira placentária, provocando efeitos no feto.

Situações que exigem precaução:

  • Asma: somente doses baixas e com acompanhamento médico são permitidas.
  • Diabetes: pode impedir que o paciente sinta os sintomas de hipoglicemia.
  • Feocromocitoma: só pode ser utilizado se o paciente já estiver medicado com um bloqueador alfa.
  • Psoríase: pode agravar os sintomas.
  • Depressão: pode agravar os sintomas.

Interações medicamentosas

A administração conjunta do atenolol com os seguintes fármacos deve ser feita com cautela e monitorização dos riscos, pois há risco elevado de bradicardia:

  • Verapamil.
  • Diltiazem.
  • Digoxina.
  • Amiodarona.
  • Alfa-2-agonistas.
  • Rivastigmina.

O atenolol não tem influência sobre o efeito das pílulas anticoncepcionais.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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