Tricomoníase: o que é, sintomas e tratamento

Tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Ela é a doença sexualmente transmissível não-viral mais comum em todo o mundo, acometendo cerca de 170 milhões de pessoas.
Dr. Pedro Pinheiro
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Tricomoníase

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O que é tricomoníase?

Tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Ela é a doença sexualmente transmissível não-viral mais comum em todo o mundo, acometendo cerca de 170 milhões de pessoas.

Nas mulheres, a tricomoníase é uma das principais causas de vaginite (infecção da vagina), levando frequentemente a queixas como corrimento vaginal com mau cheiro, coceira genital e dor ao urinar. Por outro lado, nos homens, a infecção é, na maioria dos casos, assintomática.

Neste texto abordaremos os modos de transmissão, os sintomas, diagnóstico e tratamento do Trichomonas vaginalis.

Transmissão do Trichomonas vaginalis

A via sexual é virtualmente a única forma de transmissão do Trichomonas vaginalis, sendo incomum a contaminação através de roupas, toalhas ou outros fômites.

Curiosamente, a transmissão só se dá através do sexo entre mulher e homem ou entre mulher e mulher. A transmissão do T. vaginalis entre homens é pouco comum. Isso ocorre porque o parasito só infecta o pênis ou a vagina, sendo rara a contaminação de outras partes do corpo, tais como as mãos, a boca e o ânus.

O Trichomonas vaginalis é um parasito que só infecta o ser humano; costuma viver na vagina ou na uretra, mas pode também ser encontrado em outras partes do sistema geniturinário. O protozoário causa lesão do epitélio vaginal, levando à formação de úlceras microscópicas que aumentam o risco de contaminação por outras DST, nomeadamente o HIV, HPV, herpes genital, gonorreia e clamídia.

O período de incubação, isto é, o tempo entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas, varia geralmente entre 4 a 28 dias. Todavia, muitas pessoas são carreadoras assintomáticas do parasito por longos períodos. Algumas mulheres possuem o T. vaginalis, por meses antes de surgirem sintomas, tornando muito difícil definir a data em que ocorreu a contaminação.

Mesmo quando não apresentam sintomas, as pessoas contaminadas podem transmitir o parasito.

Sintomas da tricomoníase

Tricomoníase no homem

No sexo masculino, a infecção pelo Trichomonas vaginalis costuma ser assintomática e transitória, melhorando espontaneamente em muitos casos. Porém, há casos de homens que permanecem sendo portadores assintomáticos do protozoário por vários meses, servido como fonte de contágio.

Quando há sintomas, o quadro mais comum é de uretrite (inflamação da uretra), com dor para urinar e corrimento uretral purulento. Uma complicação pouco comum, mas possível, é a infecção da próstata pelo T. vaginalis, levando à prostatite.

Tricomoníase na mulher

No sexo feminino a infecção pelo Trichomonas vaginalis também pode ser assintomática, mas pelo menos 2/3 das mulheres infectadas apresentam sintomas. O quadro mais comum é a vaginite, inflamação da vagina que cursa com corrimento amarelo-esverdeado de odor desagradável associado à disúria (dor para urinar), dispareunia (dor durante o ato sexual) e prurido (coceira) vaginal.

Sem tratamento, a infecção pode durar meses ou mesmo anos, tornando-se um fator de risco para infertilidade e câncer do colo do útero.

Grávidas

A infecção por T. vaginalis durante a gravidez está associada a complicações, incluindo ruptura prematura das membranas, parto prematuro e recém-nascido de baixo peso.

Diagnóstico

O quadro clínico das vaginites apenas sugerem a causa mais provável, não sendo possível estabelecer o diagnóstico sem exames complementares. Para se confirmar a presença do Trichomonas vaginalis o ginecologista realiza um exame ginecológico, que normalmente detecta uma vagina inflamada e com pequenas úlceras. Durante o exame colhe-se uma amostra de secreção vaginal para ser estudada no microscópio. Em até 70% dos casos é possível identificar o protozoário se movendo nas secreções.

Se o quadro clínico e o exame ginecológico forem muito sugestivos, mas o exame microscópico for negativo, é possível fazer uma cultura da secreção, que costuma dar o resultado entre 3 a 7 dias. O exame de PCR (pesquisa de DNA do protozoário) também pode ser usado. Esse exame é mais caro, porém apresenta resultados mais rapidamente e com mais segurança.

O exame de papanicolau pode também detectar o Trichomonas vaginalis, mas sua sensibilidade é baixa, deixando passar cerca de 50% dos casos, além de ter uma alta taxa de falso positivo.

Tratamento da tricomoníase

O Metronidazol e o Tinidazol são as duas opções de tratamento para a tricomoníase. A taxa de cura com esses antibióticos é superior a 90% e nenhuma outra droga apresenta tamanha eficácia. O esquema indicado consiste em 2 gramas de Metronidazol ou Tinidazol por via oral (4 comprimidos de 500 mg) em dose única.

Atenção, é estritamente proibido o consumo de álcool em quem está sendo tratado com uma das duas drogas. É preciso esperar no mínimo 3 dias devido ao risco grave reação (leia: Interação do álcool com remédios e energéticos).

É importante tratar evitar relações sexuais durante uma semana e o(a) parceiro(a) também deve ser tratado(a), mesmo que esteja assintomático(a) para evitar a reinfecção. Cerca de 70% dos parceiros de um paciente infectado também estão infectados pelo parasito.

Como a taxa de sucesso é muito alta, se os sintomas desaparecerem não é preciso repetir exames para se confirmar a cura.

O metronidazol não trata as outras causas de vaginite, como gonorreia e candidíase. Portanto, se você tem um corrimento, evite a automedicação e procure seu ginecologista.

Prevenção

Para se reduzir o risco de contaminação pelo Trichomonas:

  • Use sempre camisinha durante as relações sexuais.
  • Evite ter múltiplos parceiros(as).
  • Evite relações com pessoas sabiamente contaminadas e ainda não tratadas.
  • Se você tem corrimento, evite relações sexuais até ser vista pelo seu ginecologista.

Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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