Antidepressivos Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)

Dr. Pedro Pinheiro
Dr. Pedro Pinheiro

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Antidepressivos

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O que é um antidepressivo?

O antidepressivo é um medicamento de origem psiquiátrica indicada no tratamento dos transtornos do estado do ânimo e do humor.

Ao contrário do que o seu nome sugere, os antidepressivos não servem apenas para tratar a depressão; eles também podem ser usados em outros distúrbios psiquiátricos, tais como transtorno bipolar, transtornos de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático, e até em doenças orgânicas, como a fibromialgia e tensão pré-menstrual.

Existem 6 grandes classes de antidepressivos:

  • Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
  • Inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina (ISRSN ou SNRI).
  • Antidepressivos tricíclicos.
  • Antidepressivos tetracíclicos.
  • Inibidores da MAO.
  • Antidepressivos atípicos.

Os primeiros antidepressivos foram descobertos na metade do século XX. Com o passar do tempo, novas classes de antidepressivos foram sendo desenvolvidas, e com a diminuição dos efeitos colaterais, o seu uso se popularizou. Em países da Europa, cerca de 3 a 7% da população usam corriqueiramente algum tipo de antidepressivo entre as dezenas de drogas diferentes que se encaixam neste grupo.

Não se sabe exatamente as causas da depressão, mas a concentração cerebral de algumas substâncias químicas, chamadas de neurotransmissores, estão envolvidas neste processo. As principais são a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. A ação dos diferentes antidepressivos passam pela regulação dessas substâncias.

O que são os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)?

Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são uma classe de medicamentos antidepressivos presentes no mercado desde o final da década de 1980.

Os principais fármacos que fazem parte desta classe são:

  • Fluoxetina (Prozac®, Daforin®, Prozen®, Psipax®).
  • Sertralina (Zoloft®, Assert®, Serpax®).
  • Paroxetina (Seroxat®, Dropax®, Paxil®, Benepax®, Pondera®, Parox®).
  • Citalopram (Celexa®, Cipramil®, Cipram® Città®, Procimax®).
  • Escitalopram (Cipralex®, Lexapro®).

Os ISRS são a classe de antidepressivos mais prescrita no mundo. São drogas relativamente novas, seguras mesmo em doses elevadas, bem toleradas e com perfil de efeitos colaterais leves.

O primeiro medicamento desta classe a ser comercializado foi a fluoxetina, o famoso Prozac®, em 1987.

Como agem os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)?

A serotonina é um neurotransmissor, uma substância envolvida na comunicação dos neurônios, associada a regulação do humor, emoções, sono e apetite.

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina agem impedindo a retirada da serotonina da fenda sináptica, local onde esse neurotransmissor exerce suas ações. Deste modo, a serotonina permanece disponível por mais tempo, causando melhora no humor dos pacientes.

Como qualquer droga antidepressiva, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina demoram pelo menos 2 semanas para começar a fazer efeito e até 8 semanas para atingir seu potencial máximo.

O principal efeito adverso da classe são as disfunções sexuais, nomeadamente diminuição da libido e dificuldades em se atingir o orgasmo, motivo pelo qual esses fármacos também podem ser usadas no tratamento da ejaculação precoce. Outros efeitos colaterais comuns incluem náuseas e insônia.

O uso dessa classe de antidepressivos deve ser feito com cuidado em jovens abaixo dos 24 anos devido a uma maior incidência de pensamentos suicidas nas primeiras semanas de tratamento.

Também existe um maior risco de pequenos sangramentos, o que torna a associação com anticoagulantes, como varfarina, e com anti-agregantes plaquetários, como aspirina e clopidogrel, indesejável.

Nunca se deve usar nenhum antidepressivo ISRS junto com os antidepressivos inibidores da MAO. É preciso sempre haver um espaço de no mínimo 14 dias entre o uso de um e outro. Esta associação pode ser fatal.

Fluoxetina

A fluoxetina foi o primeiro ISRS lançado no mercado. A sua fácil posologia de um comprimido por dia e o seu perfil de efeitos adversos leves, principalmente quando comparado às drogas existente na época, tornaram-na rapidamente a segunda droga mais vendida nos EUA durante o início da década de 90 e o principal antidepressivo no mundo.

A dose efetiva da fluoxetina é 20 mg por dia, quantidade capaz de manter até 80% da serotonina cerebral atuando por mais tempo.

É importante lembrar que seu efeito clínico só começa a ser relevante a partir da 3º semana de uso. Pacientes que não respondem até 6 semanas podem ter sua dose elevada progressivamente até o máximo de 80 mg/dia.

Quando suspensa, a fluoxetina ainda permanece viável na circulação por mais 4 a 6 dias, sendo a droga desta classe com maior meia-vida.

Os efeitos colaterais mais frequentes da fluoxetina são náuseas, insônia, redução da libido, retardo na ejaculação, tremores, redução do apetite, astenia e ansiedade. Em geral, são efeitos que surgem no início do tratamento e desaparecem com o tempo. Se as alterações sexuais não melhorarem, a associação com bupropiona ou buspirona costuma resolver o problema.

Medicamentos que não devem ser usados junto com fluoxetina (e outros ISRS) sem autorização médica explícita:

  • Álcool.
  • Analgésicos opioides
  • Varfarina.
  • Carbamazepina.
  • Anti-inflamatórios.
  • Sibutramina.
  • Tamoxifeno.
  • Tramadol.
  • Fenitoína.
  • Outros antidepressivos.

Temos um artigo específico sobre a fluoxetina que pode ser acessado através do seguinte link: Cloridrato de fluoxetina | Indicações e efeitos

Sertralina

A sertralina é um antidepressivo presente no mercado desde 1992.

Sua dose efetiva é de 50 mg/dia, podendo ser aumentada até 200 mg/dia.

O perfil da sertralina é muito semelhante ao da fluoxetina, por isso vou me ater somente as diferenças significativas.

Os efeitos colaterais são semelhantes, porém, as queixas de náuseas costumam ser mais frequentes com a sertralina do que com outros antidepressivos ISRS.

A sertralina parece ter uma taxa de sucesso no tratamento da depressão até 40% maior que a fluoxetina.

Paroxetina

A paroxetina foi lançada logo após a sertralina, em 1993.

Sua dosagem varia entre 20 mg/dia a 50 mg/dia.

Ao contrário da fluoxetina e da sertralina que podem causar ansiedade e agitação, a paroxetina mais frequentemente causa sonolência.

A disfunção sexual parece ser mais frequente com a paroxetina quando comparado com os outros ISRS. Sintomas de boca seca e ganho de peso também são mais comuns com esta droga.

Apesar do pior perfil de efeitos adversos, a paroxetina parece ser o antidepressivo mais eficaz desta classe.

Citalopram

O citalopram apresenta como principal característica o fato de ser o ISRS com menos efeitos colaterais de ordem sexual. Também parece ser o melhor antidepressivo desta classe para pacientes com quadros de ansiedade associado.

A dose indicada de citalopram é 20 mg/dia, podendo chegar até 60 mg/dia.

Escitalopram

Lançado em 2001, o escitalopram é um derivado do citalopram com maior poder de ação. 10 mg de escitalopram apresentam a mesma eficácia de 40 mg de citalopram. A sua dose indicada varia entre 10 mg/dia e 20 mg/dia.

Porém, quando tomados em doses equivalentes, o escitalopram apresenta a mesma eficácia e perfil de efeitos colaterais do citalopram.


Referências


Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

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