Introdução
O câncer (termo utilizado no Brasil) ou cancro (termo usado nos demais países lusófonos) é uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado de células anormais, que têm a capacidade de invadir tecidos vizinhos e se espalhar para outras partes do corpo por meio da corrente sanguínea ou do sistema linfático.
O câncer trata-se, na verdade, de um grupo de mais de 100 doenças diferentes, todas com esse comportamento celular agressivo como característica comum.
Apesar dos avanços significativos na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento nas últimas décadas, o câncer continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo. Milhões de novos casos são diagnosticados anualmente, representando um importante desafio para os sistemas de saúde pública e para a medicina moderna.
Como surge um câncer?
O desenvolvimento do câncer é um processo biológico complexo, mas pode ser explicado de forma simplificada para facilitar a compreensão do público em geral. Este texto, portanto, não tem o objetivo de apresentar uma descrição técnica voltada a profissionais da saúde.
De maneira geral, o ciclo de vida de uma célula envolve dois eventos fundamentais: multiplicar-se quando necessário e entrar em morte programada (apoptose) quando envelhece ou sofre danos irreversíveis em sua estrutura.
As células do organismo humano são programadas para se autodestruir quando detectam alterações significativas em sua conformação original, especialmente quando há lesões no DNA — o material genético responsável por regular suas funções e características. Esse mecanismo, chamado apoptose, impede que células anormais se multipliquem, reduzindo assim o risco de formação de tumores.
Lesões no DNA ocorrem continuamente no organismo e podem ser causadas ou agravadas por agentes carcinogênicos, como o tabaco, a radiação e substâncias químicas industriais. O cigarro, por exemplo, contém mais de 70 compostos reconhecidamente carcinogênicos* entre os mais de 7000 produtos químicos presentes em sua fumaça (leitura sugerida: Doenças do cigarro e como parar de fumar).
* Entre eles, destacam-se o benzeno, associado a leucemias; o formaldeído, relacionado a tumores nas vias aéreas superiores; o polônio-210, um elemento radioativo que emite radiação alfa diretamente nos tecidos pulmonares; e as nitrosaminas específicas do tabaco, que têm forte ligação com câncer de pulmão, esôfago e pâncreas. Além disso, metais pesados como cádmio e arsênio contribuem para danos genéticos cumulativos.
Graças à apoptose e a outros mecanismos de controle celular, a maioria das células danificadas é eliminada antes que possa causar maiores problemas. No entanto, quando esses mecanismos falham, o risco de surgimento do câncer aumenta.
Protooncogenes
O equilíbrio entre proliferação celular e apoptose é regulado por genes específicos, como os protooncogenes e os genes supressores tumorais. Mutações nesses genes podem comprometer suas funções de controle. Quando um protooncogene sofre mutações ativadoras, passa a ser chamado de oncogene. Nesse estado, em vez de inibir a formação de tumores, ele passa a estimulá-la.
A partir desse momento, as células com DNA alterado não apenas continuam a se multiplicar, como se tornam resistentes à apoptose. São essas as células cancerígenas: células anormais, com crescimento acelerado e capazes de escapar dos controles naturais do organismo.
Existem diversos tipos de protooncogenes, que são genes responsáveis por controlar o crescimento e a multiplicação das células. Quando esses genes sofrem mutações, podem se transformar em oncogenes, que passam a estimular o desenvolvimento de tumores.
Cada tipo de câncer está geralmente associado a alterações específicas em um ou mais desses genes, o que ajuda a explicar por que algumas pessoas têm maior risco que outras.
Por exemplo, mutações hereditárias no gene RET aumentam a chance de câncer na tireoide em algumas famílias, enquanto alterações no gene KRAS são comuns em câncer de pulmão, intestino e pâncreas, especialmente em pessoas expostas ao cigarro. Já o gene FGFR3 está frequentemente envolvido nos casos de câncer de bexiga, um tipo também relacionado ao tabagismo.
Leitura sugerida: Introdução à genética: conceitos básicos.
Esses exemplos mostram por que o cigarro pode causar câncer de pulmão em algumas pessoas, mas afetar a boca, os rins ou a bexiga em outras. Também explicam por que há fumantes que, mesmo após décadas de exposição, nunca desenvolvem a doença: isso pode ocorrer porque não apresentam mutações nos genes mais vulneráveis ou porque seus mecanismos naturais de reparo do DNA são mais eficientes. Em outras palavras, o risco de câncer depende de uma combinação entre fatores genéticos e ambientais — como predisposição familiar, tipo de exposição e tempo de contato com os agentes cancerígenos.
No caso do câncer de mama hereditário, a principal causa não está em um protooncogene, mas sim na inativação de dois importantes genes supressores tumorais: BRCA1 e BRCA2.
Esses genes têm a função de reparar danos no DNA e impedir o crescimento descontrolado de células com mutações. Quando sofrem alterações genéticas, perdem essa função protetora, o que aumenta significativamente o risco de câncer de mama e de ovário, especialmente em mulheres com histórico familiar da doença. (leia: Genes BRCA1 e BRCA2: risco de câncer de mama, ovário, próstata e outros).
Por que o câncer mata?
As células cancerígenas, além de se multiplicarem de forma acelerada e descontrolada, são capazes de produzir seus próprios vasos sanguíneos, por meio de um processo chamado angiogênese. Isso permite que recebam oxigênio e nutrientes em abundância, favorecendo o crescimento de grandes massas celulares — os tumores. Outro fator importante é a capacidade dessas células de invadir tecidos vizinhos e alcançar a circulação sanguínea e linfática, o que possibilita sua disseminação para outras partes do corpo.
À medida que o DNA das células sofre mais danos e mutações, as células resultantes tornam-se progressivamente diferentes daquelas que lhes deram origem. E, sendo diferentes, perdem a capacidade de exercer as funções normais do tecido onde se encontram. Assim, temos um cenário em que células anormais, que não cumprem nenhuma função útil, se multiplicam rapidamente e competem por espaço e nutrientes com as células saudáveis.
Com o tempo, esse desequilíbrio leva à falência funcional dos órgãos afetados. Um pulmão repleto de células tumorais deixa de captar oxigênio adequadamente; um intestino invadido por um tumor perde a capacidade de absorver nutrientes; um rim tomado por células cancerosas pode parar de produzir urina.
Além disso, os próprios tumores podem crescer tanto a ponto de comprimir estruturas vitais. Um tumor no pescoço, por exemplo, pode pressionar a traqueia e causar asfixia; um tumor intestinal pode obstruir a passagem das fezes; um tumor cerebral pode causar hipertensão intracraniana ao comprimir o cérebro contra os ossos do crânio.
As células malignas também têm a capacidade de se desprender do tumor original, invadir vasos sanguíneos ou linfáticos e se espalhar para órgãos distantes, como pulmões, fígado, ossos ou cérebro. Esse processo é chamado de metástase, e está associado a formas mais graves e difíceis de tratar da doença.

Tumores benignos, ao contrário, não possuem essa capacidade de disseminação e, em geral, não colocam a vida em risco — a menos que estejam localizados em áreas críticas e provoquem compressão de estruturas importantes.
Sintomas do câncer
Como já mencionado, existem diversos tipos de câncer, e cada um apresenta manifestações clínicas específicas, que dependem do órgão ou sistema afetado. Por exemplo, um tumor cerebral costuma causar sintomas neurológicos, enquanto um câncer de próstata tende a provocar alterações urinárias.
No entanto, apesar das diferenças, há um conjunto de sinais e sintomas que são relativamente comuns a muitos tipos de câncer, especialmente em fases mais avançadas da doença. A seguir, destacam-se alguns dos principais sintomas gerais do câncer:
Dor
É amplamente conhecido que muitos pacientes com câncer sofrem de dores crônicas. Mas por que isso acontece?
Grande parte dessas dores tem origem óssea, especialmente em casos de metástases para os ossos, que são frequentes em cânceres avançados, como os de mama, próstata e pulmão. Essas metástases podem enfraquecer os ossos, levando a fraturas espontâneas e dor persistente. A dor também pode resultar da compressão de nervos periféricos pela massa tumoral, podendo surgir em qualquer parte do corpo, dependendo da localização do tumor.
Além disso, dores de cabeça podem ocorrer por metástases para o crânio, compressão cerebral, hemorragias intracranianas ou comprometimento dos nervos cranianos. A dor também pode ser um efeito colateral importante da quimioterapia, da radioterapia ou de cirurgias oncológicas.
Caquexia
A caquexia é uma síndrome caracterizada por perda de apetite (anorexia), emagrecimento intenso, perda de massa muscular e fadiga extrema.
Diferentemente da desnutrição comum, a caquexia não é completamente reversível com a ingestão calórica adequada. Isso ocorre porque o próprio tumor libera substâncias inflamatórias que promovem a degradação do tecido adiposo e muscular, mesmo quando o paciente tenta se alimentar.
Essa condição é comum em cânceres avançados e está associada a pior prognóstico. A perda de peso significativa, sem causa aparente, é frequentemente um dos primeiros sinais clínicos que levam à investigação diagnóstica.
Fadiga
A fadiga oncológica é um cansaço persistente, profundo e desproporcional ao esforço físico, que não melhora com o repouso. Pode ser causada por múltiplos fatores, como a própria caquexia, a anemia, a dor crônica, distúrbios do sono, além da ação direta de substâncias liberadas pelas células tumorais. Também é um sintoma muito frequente durante ou após os tratamentos oncológicos, como quimioterapia e radioterapia.
Anemia
A anemia é uma manifestação comum em pacientes com câncer. Pode ter diversas causas: sangramentos crônicos provocados por tumores (especialmente os do trato gastrointestinal ou ginecológico), deficiência de ferro, inibição da produção de hemácias pela medula óssea, infiltração tumoral da medula ou toxicidade causada por medicamentos utilizados no tratamento oncológico.
A presença de anemia agrava a fadiga e reduz a qualidade de vida do paciente, sendo frequentemente necessária a correção com suplementos, medicamentos ou transfusões sanguíneas (leia: Anemia: o que é, tipos, causas e sintomas).
Trombose
Pacientes com câncer apresentam maior risco de desenvolver eventos tromboembólicos, como trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. Isso ocorre porque os tumores malignos podem estimular a coagulação sanguínea de forma anormal, criando um estado chamado de hipercoagulabilidade.
Em casos mais graves, pode ocorrer a chamada coagulação intravascular disseminada (CIVD), um distúrbio raro e potencialmente fatal, no qual a ativação generalizada da coagulação leva simultaneamente à formação de coágulos e a sangramentos por consumo de fatores de coagulação.
A trombose, inclusive, pode ser o primeiro sinal clínico de um câncer oculto. Há casos em que o evento trombótico ocorre meses antes do diagnóstico definitivo da neoplasia.
Para ler um artigo mais detalhado sobre os sintomas do câncer, acesse o link: 14 Sintomas do câncer.
Sintomas específicos dos principais tipos de câncer
Além dos sintomas gerais e inespecíficos descritos anteriormente — como dor, fadiga, perda de peso e anemia —, cada tipo de câncer apresenta um conjunto de sinais clínicos particulares, conforme o órgão ou sistema afetado.
A seguir, destacam-se os principais sintomas relacionados aos cânceres mais prevalentes na população.
Câncer de pele
O câncer de pele é o tipo mais comum no Brasil. Afeta principalmente pessoas com mais de 40 anos e é raro em crianças e em indivíduos de pele negra, devido à maior quantidade de melanina, que oferece certa proteção contra os efeitos da radiação ultravioleta.
Os tipos mais frequentes são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular (ou epidermoide) e o melanoma. Este último, embora menos comum, é o mais agressivo.
Os sintomas incluem:
- Surgimento de manchas ou lesões na pele que mudam de forma, tamanho ou cor;
- Pintas assimétricas, com bordas irregulares e coloração variada;
- Feridas que não cicatrizam após 4 semanas;
- Nódulos ou lesões que sangram facilmente.
Para mais informações, leia: Melanoma – Causas, Sintomas e Tratamento.
Câncer de próstata
É o câncer mais comum entre os homens, principalmente após os 50 anos de idade. Apresenta, em geral, crescimento lento e pode permanecer assintomático por muitos anos, sendo frequentemente detectado por meio de exames de rastreamento, como o PSA e o toque retal.
Quando há sintomas, os mais frequentes são:
- Dificuldade para urinar;
- Jato urinário fraco ou interrompido;
- Necessidade de urinar com maior frequência, especialmente à noite;
- Presença de sangue na urina (hematúria);
- Dores ósseas, em casos mais avançados com metástases.
Para mais informações, leia: Câncer de próstata – Sintomas e tratamento.
Câncer de mama
É o tipo de câncer mais comum entre as mulheres. É raro antes dos 35 anos e tem maior incidência após os 50, sobretudo em mulheres com histórico familiar da doença ou mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2.
Os principais sintomas incluem:
- Presença de nódulo endurecido na mama ou na axila;
- Alterações na textura ou na coloração da pele da mama (aspecto de “casca de laranja”);
- Retração ou inversão do mamilo;
- Secreção mamilar, especialmente se com sangue;
- Dor mamária, embora nem sempre esteja presente.
Para mais informações, leia: Câncer de mama – Sintomas e diagnóstico.
Câncer de pulmão
É um dos tipos mais letais de câncer, tanto em homens quanto em mulheres. Está fortemente associado ao tabagismo, sendo que mais de 90% dos casos ocorrem em fumantes ou ex-fumantes. Existem quatro tipos principais: carcinoma de pequenas células, carcinoma espinocelular, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células.
Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são:
- Tosse persistente ou agravamento de uma tosse antiga;
- Escarro com sangue (hemoptise);
- Dor torácica;
- Falta de ar (dispneia);
- Infecções pulmonares de repetição;
- Rouquidão e perda de peso.
Para mais informações, leia: Fatores de risco para o câncer de pulmão.
Câncer de cólon
Inclui os tumores que acometem o intestino grosso e o reto. É um dos cânceres mais frequentes em homens e mulheres acima dos 50 anos, embora também possa ocorrer em adultos mais jovens, especialmente em casos hereditários.
Os sintomas mais comuns são:
- Sangramento nas fezes, visível ou oculto;
- Anemia por perda crônica de sangue;
- Dor abdominal ou desconforto persistente;
- Alterações do hábito intestinal (constipação ou diarreia prolongada);
- Sensação de evacuação incompleta;
- Perda de peso inexplicada.
Para mais informações, leia: Câncer do cólon – Sintomas e tratamento.
Câncer de colo do útero
Está fortemente relacionado à infecção persistente pelo vírus HPV (papilomavírus humano), transmitido por via sexual. É uma doença evitável por meio da vacinação contra o HPV e rastreável por exames periódicos, como o Papanicolau.
Os sintomas geralmente só aparecem em fases mais avançadas e incluem:
- Sangramentos vaginais anormais, especialmente após a relação sexual ou fora do período menstrual;
- Corrimento vaginal persistente, às vezes com odor forte;
- Dor pélvica;
- Dor durante as relações sexuais.
Leia também: Relação entre HPV e câncer do colo do útero.
Glossário do câncer
Câncer
É o termo utilizado para descrever um grupo de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e descontrolado de células que adquiriram a capacidade de invadir tecidos ao redor, se espalhar para outras partes do corpo (metástase) e causar destruição das estruturas afetadas. O câncer é sempre maligno, ou seja, tem potencial para se comportar de forma agressiva e ameaçar a vida do paciente. Os cânceres podem surgir em praticamente qualquer tecido do corpo humano.
Tumor
Tumor é um termo mais genérico e significa simplesmente o aumento de volume de um tecido, seja por crescimento celular anormal, inflamação ou acúmulo de substâncias. Quando o tumor é causado por células cancerígenas, é considerado maligno. No entanto, tumores também podem ser benignos, quando formados por células que se multiplicam lentamente, mantêm características semelhantes às células normais e não invadem outros tecidos. Tumores benignos raramente oferecem risco à vida, mas podem causar problemas dependendo de sua localização.
Neoplasia
A palavra “neoplasia” significa literalmente “novo crescimento”. É um sinônimo técnico para tumor, mas com ênfase na origem por proliferação celular anormal. Assim como os tumores, as neoplasias podem ser benignas ou malignas. Toda neoplasia maligna é um câncer, mas nem toda neoplasia é cancerosa.
Carcinoma
É um tipo de câncer que se origina nas células epiteliais, que são aquelas que revestem a superfície externa da pele, o interior dos órgãos e as glândulas. Os carcinomas são os tipos mais comuns de câncer em adultos e incluem, por exemplo, o câncer de pulmão, mama, cólon, próstata e pele (como o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular). Por se originarem em locais de revestimento, têm grande potencial de invasão local (leia: O que são carcinoma e adenocarcinoma?).
Adenocarcinoma
É um tipo de carcinoma que se origina em células epiteliais glandulares, ou seja, células especializadas na produção e secreção de substâncias como muco, hormônios ou enzimas. Os adenocarcinomas são muito comuns e podem se desenvolver em diversos órgãos, como pulmão, mama, próstata, estômago, cólon e pâncreas.
Sarcoma
Refere-se a um grupo menos comum de cânceres que se originam nos tecidos conjuntivos, como músculos, ossos, cartilagens, gordura e vasos sanguíneos. Os sarcomas podem ocorrer em qualquer parte do corpo e tendem a crescer rapidamente, com maior risco de metástase precoce. Exemplos incluem o osteossarcoma (osso), lipossarcoma (tecido adiposo) e leiomiossarcoma (músculo liso).
Mesotelioma
É um câncer raro que se desenvolve nas células do mesotélio, uma fina camada de tecido que reveste a superfície de órgãos como os pulmões (pleura), o coração (pericárdio) e a cavidade abdominal (peritônio). O mesotelioma pleural é o tipo mais comum e está fortemente associado à exposição ao amianto (asbesto). Trata-se de um tumor agressivo, de difícil tratamento (leia: Mesotelioma e asbestose: doenças causadas pelo amianto).
Leucemia
Diferentemente dos tumores sólidos, a leucemia é um tipo de câncer que afeta os tecidos formadores de sangue, principalmente a medula óssea. Nas leucemias, há uma produção descontrolada de células sanguíneas imaturas (geralmente glóbulos brancos), que se acumulam no sangue e impedem o funcionamento normal da medula óssea. As leucemias podem ser agudas (de evolução rápida) ou crônicas (mais lentas), e acometer crianças ou adultos, dependendo do subtipo (leia: Leucemia: tipos, sintomas e tratamento).
Linfoma
É um câncer que tem origem nas células do sistema linfático, especialmente nos linfócitos, que são células de defesa do organismo. Os linfomas geralmente se apresentam como aumento dos linfonodos (gânglios linfáticos), mas podem acometer outros órgãos. Existem dois grandes grupos: linfoma de Hodgkin e linfomas não Hodgkin, que variam em comportamento, prognóstico e tratamento (leia: Linfoma: o que é, tipos, sintomas e tratamento).
Metástase
É o processo pelo qual células cancerígenas se desprendem do tumor primário, entram na corrente sanguínea ou no sistema linfático e se instalam em outros órgãos ou tecidos do corpo, formando novos focos de câncer. A presença de metástases geralmente indica doença em estágio avançado e influencia diretamente no tratamento e no prognóstico.
Estadiamento
Refere-se à avaliação da extensão do câncer no organismo. Inclui o tamanho do tumor, o grau de invasão nos tecidos vizinhos e a presença ou não de metástases. O estadiamento é essencial para definir o tratamento e o prognóstico. Um dos sistemas mais utilizados é o TNM (tumor, linfonodo, metástase).
Gradação tumoral (ou grau histológico)
É uma medida da agressividade do câncer com base na aparência das células ao microscópio. Tumores de baixo grau se assemelham mais às células normais e tendem a crescer mais lentamente. Tumores de alto grau são mais anômalos e, geralmente, mais agressivos.
Remissão
É o termo usado quando os sinais e sintomas do câncer desaparecem total ou parcialmente após o tratamento. A remissão pode ser completa (sem evidência de doença) ou parcial (com melhora significativa, mas sem eliminação total das células tumorais).
Recidiva
É o retorno do câncer após um período de remissão. A recidiva pode ocorrer no mesmo local do tumor original (recidiva local), em tecidos próximos (recidiva regional) ou em órgãos distantes (recidiva à distância, ou metástase).
Quimioterapia
Tratamento do câncer por meio de medicamentos que agem destruindo as células tumorais ou impedindo sua multiplicação. Pode ser administrada por via oral, intravenosa ou por outras rotas. Também afeta células saudáveis, o que explica seus efeitos colaterais.
Radioterapia
É o uso de radiação ionizante para destruir células cancerígenas ou impedir seu crescimento. Pode ser usada isoladamente ou em associação com a quimioterapia ou cirurgia.
Imunoterapia
É um tratamento moderno que estimula o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerosas. Vem sendo cada vez mais utilizado para tipos específicos de câncer, como melanoma e câncer de pulmão.
Biópsia
É a retirada de uma pequena amostra de tecido para análise laboratorial, com o objetivo de confirmar o diagnóstico de câncer e, em muitos casos, identificar o tipo e o grau da doença.
Marcadores tumorais
São substâncias produzidas por células cancerígenas ou pelo corpo em resposta ao tumor. Alguns são utilizados para auxiliar no diagnóstico, acompanhar a resposta ao tratamento ou detectar recidivas. Exemplos: PSA (próstata), CA 125 (ovário), CEA (intestino).
Referências
- Causas e prevenção do câncer – INCA.
- Hallmarks of cancer: the next generation – Cell.
- What Is Cancer? – NIH.
- The Biology of Cancer. 2ª ed. New York: Garland Science, 2013.
- DeVita, Hellman, and Rosenberg’s Cancer: Principles & Practice of Oncology. 11ª ed. Philadelphia: Wolters Kluwer, 2019.
Autor(es)
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.